Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Doenças cardiovasculares, que mais matam no mundo, podem ser prevenidas na infância

Amanda Milléo
04/12/2018 07:00
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Doenças cardíacas estão entre as principais causas de morte no Brasil e no mundo. Prevenção começa na infância. Foto: Bigstock

Doenças cardiovasculares ainda são as causas de morte mais comuns no Brasil e no mundo. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que, no mundo, 17,7 milhões de pessoas morreram, em 2015, devido a essas doenças, sendo que 6,7 milhões deste montante tiveram como causa acidentes vasculares cerebrais (AVCs).
Faz sentido, portanto, o alerta de David Holmes Jr, reconhecido médico cardiologista intervencionista norte-americano, professor e pesquisador da Mayo Clinic (ONG de pesquisas e serviços médicos-hospitalares), quando diz que:

“Nós sabemos que as doenças cardiovasculares não respeitam quem você é. Elas são a principal causa de mortes e de sequelas e isso acontece por vários motivos. A população está envelhecendo e os tratamentos das doenças cardiovasculares estão ficando melhores. Vivendo mais tempo, há mais risco de conviver com essas doenças, e outras, como diabetes e obesidade, que também favorecem o surgimento das doenças cardiovasculares.” 

Para Holmes, não adianta combatermos as doenças cardiovasculares, como hipertensão e AVC’s, somente depois que elas estão instaladas — e nem adianta pensarmos em um futuro onde essas condições não existam mais.
“Se olharmos para o passado, a aterosclerose (acúmulo de gordura nas artérias) tem estado conosco desde o início dos tempos. Temos estudos em múmias egípcias que também tinham aterosclerose, então não é algo que um dia irá embora“, cita o cardiologista, em entrevista ao Viver Bem durante o 18º Simpósio Internacional de Cardiologia Intervencionista, promovido pelo Hospital Cardiológico Constantini, em Curitiba.
Procedimentos que melhoram a qualidade de vida desses pacientes são essenciais, portanto, mas a sociedade como um todo precisa se lembrar da prevenção na infância. “É crucial e cada vez mais importante que instiguemos as crianças, desde a escola, a mudar os hábitos de vida. Os comportamentos para a vida adulta são determinados, normalmente, nos primeiros anos de vida”, explica Holmes.
Cerca de 300 mil pessoas morrem, anualmente, de doenças cardiovasculares no Brasil, segundo o Ministério da Saúde (Foto: arquivo / Gazeta do Povo)
Cerca de 300 mil pessoas morrem, anualmente, de doenças cardiovasculares no Brasil, segundo o Ministério da Saúde (Foto: arquivo / Gazeta do Povo)

Hábitos que devem acabar

Incluir exercícios físicos de intensidade moderada na rotina diária e mudar o cardápio das refeições de forma a ter mais partes coloridas são as orientações mais comuns. No entanto, seguem outras tão essenciais quanto para manter o coração saudável:
Parar de fumar e reduzir o consumo de bebidas alcoólicas;
Visitar o médico cardiologista com frequência;
Controle de outras doenças crônicas, como diabetes, que interferem no surgimento das doenças cardíacas;
Manter o tratamento das doenças cardíacas detectadas, como hipertensão;

“Se uma população de um país adotasse, em massa, a decisão de não fumar, a taxa de mortalidade por doenças cardíacas nos anos seguintes seria reduzida pela metade nesta localidade”, inspira Holmes. 

Estamos chegando lá?

O Brasil é o maior mercado de academias de ginástica da América Latina, de acordo com dados do Sebrae, e o segundo país em números, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Segundo a estimativa do setor, há cerca de 24 mil academias espalhadas pelo Brasil — e a cada semana parece surgir uma nova, para todos os estilos.
Da mesma forma, não é incomum encontrarmos defensores da vida saudável nas redes sociais, e nutricionistas e nutrólogos recebem novos pacientes conforme a notícia de que se alimentar bem e se exercitar é o melhor jeito de se viver.
Será então que o impacto desses novos hábitos já consegue ser visto na saúde do coração? Para David Holmes Jr, médico cardiologista norte-americano, a resposta é sim e não.
“Eu acho que estamos chegando lá, sim. Há obstáculos, por conta dos lobbys de empresas de alimentos fast food, da indústria das bebidas e companhias de tabaco, mas temos que trabalhar, garantir que as pessoas recebam as informações. Mas estamos progredindo”, defende.

“Se pensarmos em estratégias de prevenção no início da vida, conseguimos atrasar o início da aterosclerose por um longo tempo, e todos serão mais saudáveis. As pessoas se beneficiam, a sociedade também.”

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