Saúde e Bem-Estar

Cecília Aimée Brandão, especial para Gazeta do Povo

Estudo compara riscos e benefícios das cirurgias de próstata

Cecília Aimée Brandão, especial para Gazeta do Povo
07/11/2018 12:00
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Homens devem monitorar a próstata partir dos 50 anos de idade ou, se tiverem histórico familiar da doença (pai ou avô), a partir dos 45. (Foto: Bigstock_.

O tratamento para o câncer de próstata varia do acompanhamento da evolução do quadro com exames regulares à cirurgia de prostatectomia radical, quando a próstata é completamente removida. Para a retirada da próstata, existem dois métodos: a cirurgia aberta e, desde o início dos anos 2000, a cirurgia robótica.
Recentemente, um estudo com 24 meses de acompanhamento, o único ensaio clínico randomizado de fase 3 para comparar diretamente os resultados funcionais e oncológicos entre a prostatectomia laparoscópica assistida por robô e a prostatectomia retropúbica radical aberta, não mostra evidências de uma vantagem clara de uma abordagem sobre a outra, dizem os pesquisadores, com resultados publicados no Lancet Oncology e divulgados pelo Medscape.
O estudo internacional foi conduzido por Robert “Frank” Gardiner, do Centro de Pesquisa Clínica da University of Queensland, no Royal Brisbane and Women’s Hospital, na Austrália.
(Foto: Bigstock)
(Foto: Bigstock)
Para o urologista Francisco Pegoretto, membro das sociedades brasileira, americana e europeia de urologia, os dois métodos são abordagens distintas, mas com resultados muito similares.

“A cirurgia e os objetivos são os mesmos, assim como as indicações. Os resultados também: ambas permitem que o procedimento seja realizado com sucesso, com as mesmas possibilidades de cura”, explica. “O que fará total diferença para o paciente é a experiência de quem realiza o procedimento”, diz.

Longo prazo

No que diz respeito ao resultado a longo prazo, o urologista Murilo de Almeida Luz, cirurgião oncológico do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP), afirma que a técnica robótica tem a mesma eficiência da abordagem convencional. “Monitoramos casos há quase 20 anos e podemos afirmar que a cirurgia robótica tem o mesmo nível de segurança para o paciente em termos de recidiva do tumor do que a aberta”, comenta.
No corpo, porém, as cicatrizes são diferentes, “em vez de uma única incisão, na cirurgia robótica são cinco ou seis aberturas de 8mm na altura do umbigo, e uma delas será aumentada para 2cm para a retirada da próstata”, explica o urologista.
Mas o acesso à cirurgia robótica ainda é muito limitado: são apenas 41 robôs em atuação no Brasil. Em termos de comparação, nos Estados Unidos são mais de 3,6 mil disponíveis e cerca de 90% das cirurgias de próstata são feitas com robô.

Comparação

O urologista Francisco Pegoretto explica que a cirurgia robótica tem algumas vantagens para a recuperação do paciente – sangra menos e diminui o tempo de internação em 24 horas. Quanto às sequelas comumente associadas à remoção da próstata, os resultados são os mesmos para as duas técnicas cirúrgicas, tanto para a incontinência urinária quanto para as funcionalidades sexuais. “Os resultados oncológicos e funcionais são os mesmos.
Cabe ao paciente determinar a opção que mais se adequa ao seu perfil”, explica Pegoretto. Para a população, fica o alerta: 80% dos casos de câncer de próstata são esporádicos, ou seja, em pacientes sem histórico familiar da doença – a visita regular ao médico é fundamental.
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