Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Família Lula autoriza doação de órgãos de Dona Marisa. Veja quais órgãos podem ser doados

Amanda Milléo
02/02/2017 11:20
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Tão logo a notícia da ausência de fluxo cerebral de Dona Marisa Letícia, esposa do ex-presidente Lula, foi confirmada pelo Hospital Sírio Libanês, onde estava internada desde 24 de janeiro, a página oficial do ex-presidente no Facebook publicou um post afirmando que a “família autorizou os procedimentos preparativos para a doação de órgãos“.
A ex-primeira dama tinha 66 anos e sofreu o rompimento de um aneurisma, causando um Acidente Vascular Cerebral (AVC). A condição, porém, não impede a doação de órgãos, de acordo com informações do médico Eduardo Ramos, cirurgião de transplanta do Hospital Nossa Senhora das Graças e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). “O AVC e a idade não influenciam a doação. Os critérios para a doação é de morte encefálica diagnosticada, sem fluxo sanguíneo cerebral. Mesmo se a pessoa tiver uma infecção, desde que leve e controlada por medicamentos, como antibióticos, pode acontecer a doação de órgãos”, explica.
No caso da ex-primeira-dama, o médico estima que sejam doados o fígado, os rins, as córneas e possivelmente os ossos.  “Com 66 anos, é pouco provável que seja doado o coração, porque geralmente se tenta fazer a doação com pacientes com menos de 50 anos. O mesmo acontece com o pulmão, que geralmente é até 50 ou 55 anos. Isso não significa que eles não sejam viáveis, eles são e não existe um limite de idade. Mas o funcionamento desses órgãos, se comparados a órgãos mais jovens, é diferente. A aceitação do órgão vai depender do serviço de transplante do paciente que receberá”, afirma Ramos.
O pulmão também sofre com a entubação da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o que pode prejudicar a sua doação. “O paciente que passa muitos dias entubado na UTI pode ter a parte pulmonar afetada. Por isso, dá-se preferência a pacientes jovens, com tempo curto de UTI”, diz o médico. No caso da pele, como existem muitos bancos de pele, e é um órgão que não é tão difícil de conseguir doações, Ramos acredita que a Dona Marisa Letícia não doe.
Critérios expandidos, o que são?
Quando os doadores são mais velhos, acima de 60 anos, os órgãos entram em um critério chamado de “expandido”. Ou seja, existe a possibilidade de que ele exerça uma função menor, em comparação ao órgão de uma pessoa mais jovem.
“Ás vezes é uma função menor temporária e que, depois de um tempo, volta ao normal. Como temos falta de órgãos, o médico opta por usar o critério expandido, com o consentimento do paciente. Por exemplo, um paciente com câncer de fígado e que está na lista de transplante. É oferecido a ele um fígado de 72 anos. Se não aceitar, ele pode falecer, então aceita”, explica o médico Eduardo Ramos.

Critérios de exclusão

Segundo o Ministério da Saúde, não podem doar órgãos apenas pacientes portadores de doenças que comprometam o funcionamento dos órgãos e tecidos doados, como insuficiência renal, hepática, cardíaca, pulmonar, pancreática e medular; portadores de doenças contagiosas transmissíveis por transplante, como soropositivos para HIV, doença de Chagas, hepatite B e C, além de todas as demais contra-indicações utilizadas para a doação de sangue e hemoderivados; pacientes com infecção generalizada ou insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas; e pessoas com tumores malignos – com exceção daqueles restritos ao sistema nervoso central, carcinoma basocelular e câncer de útero – e doenças degenerativas crônicas.
Órgãos e tecidos possíveis de serem doados

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