O consumo, seja de qual quantidade for, de bebidas alcoólicas durante a gestação pode levar ao desenvolvimento de sintomas físicos e mentais no bebê e à formação da Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), doença incurável.
Quando consumida no primeiro trimestre, a bebida alcoólica aumenta o risco de malformações e alterações faciais, já que esta é a fase de formação dos órgãos do bebê. No segundo trimestre, aumenta-se a possibilidade de abortos espontâneos e, no terceiro trimestre, há risco de lesões nos tecidos do sistema nervoso central — o que compromete características importantes, como a coordenação motora da criança.
Na literatura médica, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, estão associados ao consumo de bebida os seguintes sintomas: malformações congênitas, como alterações faciais, atraso no crescimento, alterações em diferentes órgãos, sistemas e aparelhos, principalmente no sistema nervoso central e desordens de comportamento.
Incurável, a Síndrome Alcoólica Fetal está diretamente relacionada ao consumo de álcool na gestação e compromete o desenvolvimento cognitivo e comportamental do bebê. A SAF também aumenta em até sete vezes a probabilidade de que a criança ter a Síndrome de Morte Súbita, ou a morte durante o sono em bebês aparentemente saudáveis.
Diferenças entre fermentados e destilados?
Embora o teor alcoólico seja diferente entre bebidas fermentadas e destiladas, o risco que ambas trazem ao desenvolvimento do bebê é o mesmo — e devem ser evitadas ao máximo durante a gravidez.
“O teor alcoólico do destilado é maior, portanto o risco é maior, mas não existe nenhuma dose, tanto do destilado ou fermentado, que seja realmente segura”, explica Wallace Viana e Silva, médico ginecologista e obstetra da Paraná Clínicas.
O consenso existente hoje na literatura médica, de acordo com o especialista, é exatamente esse: não existe nenhuma quantidade segura de bebida alcoólica que possa ser ingerida durante a gestação.
“A indicação é realmente pelo ‘não’, porque o álcool, quando é absorvido pelo corpo da mãe, leva um tempo até ser processado pelo fígado e, durante esse período, passa pela placenta ao bebê. É o mesmo que dar uma bebida alcoólica para a criança, que não tem o fígado maduro e capaz de metabolizar esse álcool”, explica Viana e Silva.
Embora a entidade médica entenda que a novela seja uma obra de ficção, “ao mostrar cenas como da embriaguez de Rosa (exibida em 12 de outubro), pode ‘confundir e influenciar a população, estimulando posturas impróprias, com graves consequências para a saúde e o bem-estar dos fetos e recém-nascidos'”, de acordo com a nota de crítica da SBP que também foi encaminhada à imprensa.
“A SBP recomenda ainda à emissora que, de forma geral, ao tratar de temas que tenham relação com a infância e a adolescência, em todas as suas fases, orientem seus autores à responsabilidade de abordá-los em acordo com práticas saudáveis ou, então, apontando caminhos para superação de eventuais problemas.”
Posicionamento da Rede Globo
Questionada sobre o episódio, a Comunicação da Rede Globo enviou o seguinte posicionamento:
“Como a própria carta menciona e também registramos ao final de cada capítulo, a novela é um obra de ficção, sem compromisso com a realidade. Ao recriar livremente situações que podem ocorrer na vida real, a dramaturgia busca apenas tecer o pano de fundo para suas histórias. Não obstante isso, importante ressaltar que no próprio capítulo, em diversas cenas, a conduta da personagem Rosa é criticada por vários personagens e a própria Rosa assume que não é um exemplo a ser seguido. A personagem, ao longo da novela, mostrou um desvio de caráter, fazendo, em diversos momentos, escolhas reprováveis”.