Saúde e Bem-Estar

O táxi é o melhor amigo dos idosos

Amanda Milléo
25/03/2016 22:00
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Quando não há familiares ou amigos disponíveis para uma carona e o ônibus não é uma opção viável, os idosos recorrem aos táxis para suas tarefas diárias. Embora as companhias de táxi tenham noção de que parte importante dos clientes é idosa, faltam planos mais amigáveis e carros adaptados às suas condições de mobilidade. Mesmo assim, é comum que taxistas se tornem amigos da família e até motoristas particulares dos mais velhos quando eles precisam ir ao supermercado, consultório médico, ao banco, ou mesmo para passeios pela cidade.
A chegada de novas opções de transporte, como a ideia da carona solidária, o aluguel informal de carros (car sharing) e o Uber, tendem a melhorar o serviço de deslocamento. Para facilitar o acesso do idoso a elas, algumas mudanças precisam ser implementadas o quanto antes, como aplicativos de chamada de carro mais simples e diretos, parecidos às técnicas antigas de telefonar, e aumentar o número de carros adaptados. Em Curitiba, de acordo com informações de 2015 da URBS, há apenas quatro carros adaptados aos passageiros com alguma deficiência ou idosos, de um total de três mil da frota atual.
Isso não significa que o veículo deve ser mais baixo que o normal, visto que a altura muito baixa na porta também pode dificultar a entrada e saída do idoso, tanto quanto em carros muito altos. Por isso que muitas pessoas mais velhas preferem sentar no banco da frente, que tem uma abertura maior da porta e uma altura boa para qualquer nível de agilidade.
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Deixar a bandeira mais barata para os idosos, mesmo fora do horário de pico, também pode ajudar no acesso. Os especialistas em urbanização acreditam, porém, que essa medida é mais difícil de acontecer, visto que o passageiro idoso exige mais do taxista. Fazer trajetos muito curtos, auxiliar no embarque e desembarque, e a carregar as compras ou caminhar com o idoso até a porta de casa são atitudes positivas dos taxistas, mas que não recebem nada além por isso.
Pede carona!
Idosos que têm maior mobilidade para dirigir podem oferecer caronas aos colegas que tem uma dependência maior, e depois dividir o gasto com a gasolina. Outra opção, não muito bem vista pelos especialistas, é o uso das vans. Embora o embarque e desembarque seja mais complicado, as vans são outras opções de transporte para os idosos.
Itinerário
Os taxistas contaram os caminhos mais frequentes da terceira idade
– Supermercado
– Postinho de saúde
– Consultório médico
– Salão de beleza
– Shopping center
– Banco
– Clubes de recreação
– Casa de amigos
– Casa de familiares
– Hospital
5 dicas de como o motorista pode ser gentil com o idoso
Atenção à música. Se estiver dando carona a um idoso, abaixe o rádio. Muitos idosos têm dificuldades para ouvir, e são poucos os que usam os aparelhos auditivos. Uma música muito alta se torna um ruído, que impede a comunicação entre o motorista e o idoso.
Abra a porta. Facilite a entrada e saída do idoso do veículo. Abra a porta para ele, dê o braço para que ele tenha firmeza na hora de se sentar ou levantar.
Estacione certo. Na tentativa de serem gentis, muitos taxistas são multados por estacionarem em locais proibidos, ou em faixa dupla, na hora de embarcar ou desembarcar. Pergunte ao idoso se o local onde tiver de buscá-lo ou deixá-lo tem um estacionamento ou garagem, que facilitaria essa parada.
Não reclame. Andar duas quadras a pé pode ser um caminho longo demais para o idoso, portanto não reclame de trajetos curtos demais. A taxa determinada pela bandeira serve, justamente, para compensar pequenos trajetos. Além disso, são raros os casos em que os idosos não recompensam o motorista com gorjetas nestas situações.
Respeite. Há os idosos que gostam de falar, e outros que são mais quietos. Se o passageiro resolver contar uma história engraçada da família, escute, seja educado. Da mesma forma, se ele quiser permanecer em silêncio, deixe-o ficar assim.
Fontes: Françoise Dominique Valéry, professora doutora de Arquitetura e Urbanismo da UFRN e pesquisadora sobre hábitos de moradia e deslocamento do idoso; Adriana Romeiro de Almeida Prado, arquiteta gerontóloga e coordenadora da comissão sobre acessibilidade e edificações da ABNT; Carlos Hardt, arquiteto urbanista, coordenador do mestrado e doutorado em gestão urbana da PUCPR; Abimael Mardegan, presidente do Sindicato dos Taxistas de Curitiba.
“O custo do passageiro, idoso ou não, é o mesmo efetivamente, pois ocupa o mesmo espaço. Uma política de proteção ao idoso fez com que a massa de pagantes subvencionasse a gratuidade do idoso, e se algo assim for feita para o táxi, as tarifas para a sociedade teriam de ser aumentadas proporcionalmente. Essa é uma equação bastante difícil” – Carlos Hardt, arquiteto urbanista, coordenador do mestrado e doutorado em gestão urbana da PUCPR
Mulheres passageiras – A maior parte do público da terceira idade que usa o táxi é de mulheres. Os idosos de hoje são do Baby Boom e de gerações anteriores, quando a participação das mulheres no mercado de trabalho ainda não era tão expressiva e muitas não aprenderam a dirigir. Como são elas que vão mais ao mercado, comandam a casa financeiramente e, por vezes, não querem incomodar os familiares, acabam buscando mais o táxi.
4 é o número de carros adaptados para o transporte de táxi em Curitiba, de acordo com informações de 2015 da URBS, de um total de três mil da frota atual.