Saúde e Bem-Estar

Agência RBS

Produtos e serviços dão mais autonomia e qualidade de vida aos idosos

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16/12/2016 20:00
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Foto: Bigstock

O Brasil está ficando cada vez mais grisalho – e em uma velocidade que supera a média internacional. Mas viver mais não significa viver bem. Pesquisa divulgada neste ano pela Fundação Oswaldo Cruz, por exemplo, mostra que um em cada três idosos brasileiros tem alguma limitação funcional. Desse grupo, 80% contam com ajuda de familiares para realizar alguma atividade da rotina, como vestir-se ou fazer compras. Mas as áreas de desenvolvimento de produtos e de serviços têm evoluído para ajudar as pessoas nessa hora com boas iniciativas.
Aperte o botão
Comum na Europa, uma das tendências no cuidado com os idosos no Brasil tem sido a teleassistência, tecnologia que funciona graças à conexão de um botão de emergência, um aparelho de comunicação e uma central de atendimento. Quando o idoso aperta o botão, um integrante da central, que funciona 24 horas, entra em contato com ele por meio do aparelho.
A tecnologia possibilita que as pessoas com mais de 60 anos peçam ajuda mesmo quando não têm condições de falar. Os botões são entregues aos idosos em dois modelos de acessórios: uma pulseira ou um colar. Já o aparelho de comunicação, uma espécie de modem com um alto falante, é instalado na linha telefônica fixa da residência. É por meio dele que o idoso escuta a central de atendimento, sem ter de se deslocar para atender um telefone, por exemplo.
Interação
Se manter a autonomia é importante para quem está na terceira idade, a socialização também não deve ser esquecida. Um negócio que tem se espalhado no país são as casas de convivência, em que se oferecem diversas atividades.
Em Porto Alegre, uma dessas casas foi criada neste ano pela policial civil aposentada Délcia Krutzmann. “Percebi que havia uma lacuna entre o serviço das casas de repouso e dos cuidadores e criei um espaço para os idosos poderem se mexer, não ficarem apenas olhando a tevê”, diz. O espaço oferece atividades lúdicas em grupos, com objetivo de exercitar a convivência, a coordenação motora e a memória. Há oficinas de culinária, jogos pedagógicos, terapia ocupacional e espaço para confecção de artesanato.
Bem acompanhados
Inspirado nos profissionais que os hotéis disponibilizam para auxiliar os hóspedes em suas necessidades, outro serviço para idosos tem motivado investimentos no país: o de concierges para a terceira idade. São pessoas que acompanham os idosos nas mais diversas situações: ir às compras, jogar cartas, ler ou cozinhar, por exemplo. Os concierges também prestam assessoria ou consultoria jurídica e financeira.
Foi a partir de uma necessidade própria, a falta de tempo para levar a mãe idosa às constantes consultas médicas, que a empresária Karen Garcia de Farias criou um serviço que oferece concierges para os mais velhos em Porto Alegre (ohanaconciergerie.com.br). Embora a maior demanda seja justamente por pessoas que levem os idosos ao médico, ela e a sócia Gisele Varani também oferecem profissionais para acompanhar os vovôs em programações culturais ou de entretenimento. “A ideia é oferecer acompanhantes para onde a família dele, ou ele, necessitar”, afirma Karen. Por isso, selecionaram concierges com formações diferenciadas, como enfermeiros, professores e artesãos, que exercem a atividade na condição de freelancers.
7,2 doenças
O geriatra diretor do Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG) da PUCRS, Newton Luiz Terra reforça a importância da autonomia para o envelhecimento saudável. “Todos querem envelhecer com saúde, mas uma pessoa a partir dos 60 anos tem, em média, 7,2 doenças. Então, é muito difícil encontrar um idoso completamente saudável. A grande questão é envelhecer com autonomia e independência. É o sonho de todo mundo, envelhecer funcionalmente bem”, conta.
Autonomia
Serviços com o objetivo de garantir ou resgatar a autonomia dos idosos podem ajudar a evitar a depressão, conforme a neuropsicóloga Neusa Chardosim, mestranda em Gerontologia Biomédica pela PUCRS. Segundo a OMS, a enfermidade, em estágio que precisa de intervenção, é encontrada em 10% das pessoas acima dos 60 anos. Em idosos que moram em casas geriátricas, o índice salta para 40%.
Ocasionada por doenças, menor capacidade de visão e audição, dificuldade para locomoção e diminuição de memória, a perda da autonomia é um dos aspectos que contribuem para que os idosos tenham baixa autoestima, conforme Neusa. Isso é intensificado, ainda, se o idoso é desrespeitado ou excluído. Esses fatores podem levar à introspecção, ao isolamento e, até, à depressão. “O idoso não pode ser tratado como descartável, ele tem uma história e uma experiência que precisam ser respeitadas. A família precisa dar espaço, fazer com que ele continue ativo. Ele nunca pode se sentir excluído”, explica a neuropsicóloga.
Locomoção
Idosos com dificuldade de locomoção, mas com transporte adaptado, têm capacidade para deslocarem-se, por exemplo. “A capacidade intrínseca é apenas um dos fatores que irão determinar o que uma pessoa mais velha pode fazer. O outro são os ambientes nos quais vivem e suas interações neles. Esses ambientes fornecem uma gama de recursos ou barreiras que decidirão se pessoas com um determinado nível de capacidade pode fazer as coisas que consideram importantes”, afirma a OMS.

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