Saúde e Bem-Estar

Da redação

“Exame de câncer próstata salvou minha vida”, diz Ben Stiller

Da redação
05/10/2016 11:24
Thumbnail

"O exame de câncer de próstata que salvou a minha vida" foi o título escolhido pelo ator para contar sua história (Foto: reprodução Medium)

Ben Stiller tem 50 anos e, até os 46, não tinha se consultado com um médico urologista e nem imaginava que poderia receber o diagnóstico de câncer de próstata. Foi com essa idade, porém, que o conhecido ator norte-americano passou a se preocupar com cirurgias, exame de toque, exame de PSA, biópsias, incontinência urinária, disfunção erétil, entre outras dúvidas que passam pela cabeça de quem recebe o diagnóstico do câncer.
Na última terça-feira (4), o ator divulgou ao mundo como foi o tratamento contra o câncer nos últimos dois anos e como o exame de PSA, ou antígeno prostático específico, ‘salvou a sua vida’. Stiller aproveitou o texto publicado na rede social Medium para questionar as diretrizes de entidades de saúde norte-americanas com relação à idade mais recomendada para o início das investigações contra o câncer.
Hoje, a recomendação dita que homens a partir dos 50 anos busquem seus médicos, mas há casos de risco em que a investigação deve começar mais cedo, aos 45 anos, quando há histórico de câncer de próstata na família, ou tenham origem africana ou escandinava.
Leia mais
“Fazer o exame de PSA salvou a minha vida. Literalmente. É por isso que eu escrevo agora. Há muita controvérsia sobre o exame nos últimos anos. Artigos e editoriais sobre se o exame é seguro, estudos que podem ser interpretados de muitas formas diferentes, e debates sobre se os homens deveriam fazer o exame. Eu não ofereço um ponto de vista científico, apenas um pessoal, baseado na minha experiência. Eu tive sorte suficiente em ter um médico que me deu o que eles chamam de teste de PSA ‘de base’ quando eu tinha 46 anos. Eu não tenho histórico de câncer de próstata na família e eu não estou em nenhum dos grupos de risco, não tenho – até onde eu sei – ancestrais africanos ou escandinavos. Eu não tinha nenhum sintoma“, diz Stiller em sua publicação no Medium.
Começar a investigação contra o câncer de próstata muito cedo, porém, pode levar a outras consequências na saúde do homem. Assim como as entidades norte-americanas, a Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que o exame de sangue PSA e o exame do toque sejam feitos aos 50 anos de idade.
Antes, a recomendação geral era de que os médicos começassem a investigar a partir dos 45 anos, mas isso levava os pacientes não tão graves a cirurgias e tratamentos desnecessários, gerando consequências também desnecessárias, como a incontinência urinária. “Esses pacientes queriam ser tratados de maneira radical, com a retirada da próstata, e poderiam ter disfunção erétil, incontinência urinária e cistite actínica, por causa da radio e quimio”, explica Fábio Kater, oncologista do hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo.
Os chamados super diagnósticos ou super tratamentos não trazem benefícios reais e devem considerar o aspecto familiar, a genética, idade, tamanho e o que indicou a biópsia da próstata, diz o coordenador geral do departamento de Uro-oncologia da SBU, José Carlos de Almeida. “A biópsia é fundamental quando há alteração no exame do antígeno prostático (PSA) ou no toque. Ela mostra o comprometimento em cada fragmento, que revela a agressividade do tumor e os caminhos a seguir”, diz.
"Quando eu aprendi mais sobre a minha doença (e uma das principais é NÃO jogar no Google 'pessoas que morreram de câncer de próstata' depois do diagnóstico) eu percebi como eu fui sortudo", diz o ator na publicação (Foto: Wikipedia)
"Quando eu aprendi mais sobre a minha doença (e uma das principais é NÃO jogar no Google 'pessoas que morreram de câncer de próstata' depois do diagnóstico) eu percebi como eu fui sortudo", diz o ator na publicação (Foto: Wikipedia)

Sequelas

Apesar de raras, sequelas da cirurgia são a estenose de uretra (ligação do canal da urina fica muito apertada), ou incontinência e disfunção erétil. Radio e quimio podem causar cistite actínica, infecções de repetição e sangramento pela urina. Podem alterar as fezes, com sangue, e causar dor ao evacuar, ou estenose do reto, que pode exigir o uso de laxantes.

Quando preciso de cirurgia?

No caso do ator, a cirurgia foi uma etapa necessária no tratamento, mas ele não explica no texto se precisou de radioterapia. A maioria dos pacientes com câncer de próstata passa por um procedimento cirúrgico ou recebem radioterapia como forma de tratamento. A cirurgia é indicada a casos mais agressivos da doença, com o nódulo maior na próstata e tenham uma expectativa de vida maior que 10 anos.
Nos casos em que a doença é diagnosticada precocemente, e não é agressiva, os médicos podem sugerir uma conduta mais conservadora, através da Vigilância Ativa. Isso não significa que o médico não vai oferecer qualquer tipo de tratamento, mas que vai avaliar a evolução da doença a cada consulta.
Hoje temos uma conduta bastante moderna, e cada vez mais utilizada, de que o paciente com um tumor pequeno é acompanhado com exames periódicos. Quando a doença começar a crescer ou se tornar mais agressiva, então é feito o tratamento cirúrgico ou com radioterapia”, afirma André Matos de Oliveira, médico urologista com atuação na área de oncologia do Hospital São Vicente.

Idade certa

50 anos é a idade recomendada pela Sociedade Brasileira de Urologia para que os homens avaliem a saúde da próstata, através do exame de sangue PSA (exame do antígeno prostático específico) e o exame do toque.
No caso de homens com histórico familiar de câncer de próstata e afrodescendentes, a procura pelo médico deve ser feita antes, aos 45 anos.