Saúde e Bem-Estar

New York Times, por Jane E. Brody,

Os benefícios do tai chi, indicado para todas as idades e para quem “odeia exercício”

New York Times, por Jane E. Brody,
26/09/2018 07:00
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O exercício não coloca estresse desnecessário nas articulações e nos músculos e, portanto, é improvável que cause dor ou lesão. Foto: Bigstock

Quando assistimos a um grupo de pessoas fazendo tai chi, um exercício que muitas vezes é chamado de “meditação em movimento“, podemos ter dificuldade de imaginar que seus movimentos lentos, gentis e coreografados são realmente capazes de deixar as pessoas mais fortes não apenas mentalmente, mas fisicamente, e também mais saudáveis.
Eu, com certeza, fiquei surpresa com os efeitos que o exercício tem na força física, mas a boa pesquisa – e existe uma grande quantidade dela por aí – não mente. Se você não está preparado ou não é capaz de enfrentar um treino de força com pesos, faixas de resistência ou máquinas, o tai chi pode ser exatamente a atividade capaz de ajudar a aumentar a resistência e diminuir o risco de lesões decorrentes de músculos e ossos fragilizados.
Aula de tai chi chuan no Parque Barigui. Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo.
Aula de tai chi chuan no Parque Barigui. Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo.
Não se assuste com a descrição do exercício como uma “antiga arte marcial”. O tai chi (e um exercício relacionado chamado qigong) não se assemelha aos extenuantes movimentos de kung fu, que desafiam a gravidade, vistos nos filmes de Jackie Chan. Os movimentos do tai chi podem ser facilmente aprendidos e executados por pessoas de todas as idades e estados de saúde, mesmo aqueles com mais de 90 anos, em cadeiras de rodas ou acamados.
Já se passaram oito anos desde a última vez que resumi os benefícios conhecidos dessa forma de exercício consagrada pelo tempo e, desde então, sua prática ganhou ainda mais popularidade em locais como academias e centros comunitários e de idosos. É bem provável que milhões de pessoas tenham se tornado boas candidatas à ajuda que o tai chi pode proporcionar ao nosso bem-estar.

Os benefícios

Primeiro, vou repetir o que havia escrito sobre por que a maioria de nós deveria considerar inclui o tai chi em nossas rotinas para ter corpos mais fortes e vidas mais saudáveis.

– É uma atividade de baixo impacto, adequada para pessoas de todas as idades e para a maioria dos estados de saúde, incluindo aqueles que há muito tempo são sedentários ou “odeiam” exercícios.

– É uma atividade suave e relaxante que envolve respirações profundas, mas não faz suar nem deixa a pessoa sem fôlego.

– Não coloca estresse desnecessário nas articulações e nos músculos e, portanto, é improvável que cause dor ou lesão.

– Não requer equipamentos ou uniformes especiais, apenas roupas leves e confortáveis.

– Depois que a técnica apropriada é aprendida com um instrutor qualificado, torna-se uma atividade de baixo custo que pode ser praticada em qualquer lugar, a qualquer hora.

Mais um fato: os resultados benéficos do tai chi em geral são percebidos rapidamente. Melhorias significativas envolvendo uma série de condições diferentes podem ser alcançadas com 12 semanas de exercícios feitos em sessões de uma hora duas vezes por semana.

Prevenção de doenças

Grande parte do estudo, que foi revisado em 2015 por pesquisadores da Universidade de Pequim e da Escola de Medicina de Harvard, tem se concentrado em como o tai chi vem ajudando pessoas com uma variedade de problemas de saúde. Ele está resumido em um novo livro “An Introduction to Tai Chi”, da Harvard Health Publications, que inclui os últimos estudos de pessoas saudáveis cuja missão era preservar essa saúde assim como de pessoas com problemas como pressão alta, doenças cardíacas, diabetes, artrite e osteoporose.
O exercício pode ser praticado por pessoas de todas as idades, sem contraindicação. Foto: Edwin Lee / Visual hunt
O exercício pode ser praticado por pessoas de todas as idades, sem contraindicação. Foto: Edwin Lee / Visual hunt
Dos 507 estudos incluídos na revisão de 2015, 94,1 por cento encontraram efeitos positivos na prática do tai chi. Entre eles, estavam 192 envolvendo apenas participantes saudáveis, 142 que procuravam promover ou preservar a saúde e 50 que tinham como objetivo melhorar o equilíbrio ou prevenir quedas. Este último benefício pode ser o mais importante de todos, dado que a cada 11 segundos um idoso dá entrada nas emergências dos hospitais depois de uma queda e uma em cinco quedas resulta em fratura, concussão ou outra lesão grave.
Uma análise de estudos de alta qualidade publicados no ano passado no Journal of American Geriatrics Society, pesquisadores da Universidade de Jaen, na Espanha, relataram que idosos que fizeram uma hora de sessões de tai chi de uma a três vezes por semana, por 12 a 26 semanas, foram 43 % menos propensos a cair e tiveram metade da probabilidade de sofrer uma lesão relacionada à queda.
O tai chi proporcionou benefícios superiores a outras medidas que visam reduzir o número de quedas, como fisioterapia, exercícios de equilíbrio, alongamento, ioga ou treinamento de resistência.

Isso porque o tai chi, na verdade, combina os benefícios da maioria deles: fortalece a parte inferior do corpo, melhora a postura, promove a flexibilidade, aumenta a consciência de onde o corpo está no espaço e melhora a capacidade de desviar dos obstáculos enquanto a pessoa caminha.

Além disso, se você tropeçar, o tai chi pode aumentar sua habilidade de se aprumar antes de cair. Ele também combate o medo de cair, que desencoraja as pessoas de serem ativas fisicamente e aumenta ainda mais a probabilidade de sofrerem quedas ou se machucarem.
Mesmo se você cair, o tai chi, como é um exercício de força, mas pouco estresse, é capaz reduzir a possibilidade de que você quebre um osso. Quatro testes clínicos bem feitos mostraram que o tai chi tem efeitos positivos na saúde óssea. Um estudo de um ano feito em Hong Kong, por exemplo, com 132 mulheres após a menopausa, descobriu que aquelas que praticavam tai chi experimentaram significativamente menos perda óssea e menos fraturas do que aquelas que permaneceram sedentárias.
Perda de peso, medicamentos, injeções e fisioterapia podem ser opções melhores à cirurgia no tratamento da dor crônica dos joelhos (Foto: Bigstock)
Perda de peso, medicamentos, injeções e fisioterapia podem ser opções melhores à cirurgia no tratamento da dor crônica dos joelhos (Foto: Bigstock)
Para pessoas com articulações e músculos doloridos, o tai chi aumenta a capacidade de se exercitar dentro de uma amplitude de movimento sem dor. A dor desencoraja as atividades, o que piora a situação, pois os músculos ficam mais fracos e as articulações mais duras. Os movimentos envolvidos minimizam o estresse em áreas doloridas e, ao melhorar a circulação, podem promover alívio e cura.
Um estudo de 2016 com 204 pessoas com dor no joelho por osteoartrite descobriu que o tai chi feito duas vezes por semana era tão eficaz quanto a fisioterapia no alívio de seu desconforto. Mas isso não era tudo: aqueles que fizeram tai chi por 12 semanas relataram que estavam menos deprimidos e tinham uma qualidade de vida melhor do que os que estavam em tratamento fisioterapêutico.
O tai chi também pode ser um ponto de entrada para pessoas que querem voltar a fazer atividades físicas mais vigorosas e divertidas, como nadar e fazer trilhas, andar de bicicleta e caminhar, em vez de depender de veículos que poluem o ar e entopem as ruas.
As diretrizes da Faculdade Americana de Medicina do Esporte e da Associação Americana do Coração recomendam que os idosos sedentários iniciem exercícios de equilíbrio, flexibilidade e treinamento de força antes de iniciar atividades físicas moderadas e vigorosas. O tai chi é ideal para preparar as pessoas para essas ações mais exigentes.
E, no processo de colocar o corpo em forma com o tai chi, também é provável que você melhore seu estado mental. Um estudo com universitários da Nova Zelândia mostrou que o tai chi pode combater a depressão, a ansiedade e o estresse. Ele também melhora uma qualidade importante chamada autoeficácia – confiança na capacidade de realizar várias atividades e de superar obstáculos para fazê-las.

Onde fazer aulas de graça em Curitiba

Praça do Tai Chi (Jardinete Luiz C. Ribeiro), no Água Verde – Av. Água Verde esquina R. Guilherme Pugsley: aulas aos sábados, das 9h30 às 10h15. Basta chegar e participar.
Parque Barigui – Aula demonstrativa na área do Salão de Atos do Parque Barigui
Aos domingos, das 10h às 11h30. Basta chegar e participar.
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