Saúde e Bem-Estar
Michele Bravos, especial para a Gazeta do Povo - micheleb@gazetadopovo.com.br
Equilibrando as emoções
Vivências emocionais não são os únicos fatores que podem provocar uma doença física, mas elas colaboram. Todos os sentimentos reprimidos ou manifestados de forma negativa são projetados na mente e também no corpo. Sendo assim, alguns órgãos entram na mira das explosões emocionais.
A terapia reichiana, linha teórica da psicoterapia, considera corpo e mente elementos inseparáveis. As emoções vividas ao longo da vida não são apenas armazenadas na psique, mas transferidas para o físico. A tensão gerada sobre o corpo enrijece a musculatura, criando o que os reichianos chamam de couraça.
Essa proteção sólida e resistente impede a manifestação de sentimentos, o que dificulta o encontro da estabilidade energética do ser humano – o equilíbrio entre o emocional e o físico. Alguns especialistas creem que as mulheres, por expressarem mais facilmente o que sentem, são as que melhor lidam com as situações emocionalmente carregadas. A maioria delas chora, grita, briga, sem reprimir as reações.
As manifestações corporais provocadas por
abalos emocionais podem ser várias: refriados, aparecimento de herpes, alergias de modo geral e até tumores. Mas também há pessoas que criam bloqueios bem menos comuns, como a perda da voz e a chamada cegueira histérica. José Henrique Volpi, psicoterapeuta do Centro Reichiano, comenta que nos casos de perda de visão, mesmo por pouco tempo, o medo de vivenciar de novo a cena traumática é tão grande que a pessoa converte o temor em escuridão.
abalos emocionais podem ser várias: refriados, aparecimento de herpes, alergias de modo geral e até tumores. Mas também há pessoas que criam bloqueios bem menos comuns, como a perda da voz e a chamada cegueira histérica. José Henrique Volpi, psicoterapeuta do Centro Reichiano, comenta que nos casos de perda de visão, mesmo por pouco tempo, o medo de vivenciar de novo a cena traumática é tão grande que a pessoa converte o temor em escuridão.
Vitiligo
O operador de máquina Márcio Godoy, 29 anos, descobriu, aos 10, que tinha vitiligo, doença em que ocorre uma despigmentação da pele. Desde então, precisou aprender a lidar com situações desconfortáveis. Os frequentes bombardeios de raiva, estresse e pressão no antigo trabalho fizeram com que sua doença, que esteve controlada por um tempo, se espalhasse por 90% do seu corpo. “Com certeza tem tudo a ver com o emocional. Quando eu era criança e me tratavam mal por causa do vitiligo, eu também percebia que a doença se manifestava mais”, conta. Na infância, foi preciso procurar um psicoterapeuta que o ajudasse a enfrentar esses sentimentos para manter a doença sob controle. Já adulto, a postura assumida foi pedir demissão do emprego para buscar uma vida melhor. “Depois que eu sai da empresa e retomei o tratamento, a doença já diminuiu bastante”, afirma Godoy.
Uma gastrite, uma alergia, uma rotineira
dor de cabeça ou uma doença crônica podem ser apenas a ponta de um iceberg. O psicoterapeuta José Henrique Volpi explica: “De acordo com o caráter, percebemos a facilidade ou não com que o paciente lida com certas situações. A partir daí tentamos auxiliar o indivíduo em um processo de autoconscientização, até que ele aprenda a encontrar um equilíbrio”.
dor de cabeça ou uma doença crônica podem ser apenas a ponta de um iceberg. O psicoterapeuta José Henrique Volpi explica: “De acordo com o caráter, percebemos a facilidade ou não com que o paciente lida com certas situações. A partir daí tentamos auxiliar o indivíduo em um processo de autoconscientização, até que ele aprenda a encontrar um equilíbrio”.
Sentindo na pele
Algo fugiu do controle no trabalho, a raiva tomou conta e logo veio aquela coceira no braço. Segundo Caio Castro, dermatologista da Santa Casa, uma crise de urticária é comum como manifestação física de um rompante emocional. Sintomas de alergia respiratória também podem se manifestar quando o estresse é muito grande.
Doenças crônicas, como vitiligo e psoríase, podem permanecer estáveis por um longo tempo, mas de repente voltam a incomodar. O fator desencadeador pode ser um desequilíbrio emocional que atinge o sistema imune e, assim, desperta a doença. O dermatologista afirma que para o processo de cura ser eficaz é preciso descobrir o que provoca a disfunção emocional. Buscar melhorar isso paralelamente ao tratamento alopático é o ideal.
Câncer: parte da culpa é da emoção
A origem do câncer é multifatorial. Parte dela tem a ver com a forma como recebemos e lidamos com fatores externos. A outra é de responsabilidade de questões hereditárias e genômicas. “A parte emocional pode ter, sim, relação com o desenvolvimento de um câncer, mas nunca de forma isolada”, diz o oncologista Maikol Kurahashi, da Santa Casa.
O médico compara a emoção com o cigarro,
lembrando que convencionou-se dizer que o tabagismo é o causador de câncer de pulmão. No entanto, o fumo é um grande fator de risco e não o culpado soberano. Uma vida desregrada – sem exercícios e cuidados alimentares, sob estresse diário vinculados à propensão genética e ao cigarro – provavelmente renderá um quadro de câncer.
lembrando que convencionou-se dizer que o tabagismo é o causador de câncer de pulmão. No entanto, o fumo é um grande fator de risco e não o culpado soberano. Uma vida desregrada – sem exercícios e cuidados alimentares, sob estresse diário vinculados à propensão genética e ao cigarro – provavelmente renderá um quadro de câncer.
Apesar de não haver comprovação científica sobre a relação entre emoção e câncer, Kurahashi afirma que em um casal, quando um dos parceiros desenvolve a doença, há chance do outro também desenvolver. Essa conexão seria mais perceptível quando o homem é quem adoece. “A mulher coloca sobre si uma pressão muito grande de cuidado, de família. Ela acompanha o marido em tudo. Vai até o fim ao lado dele. Acho que por isso ela se torna mais suscetível a adquirir uma doença”, diz o oncologista.
Ao mesmo tempo, as mulheres são as que respondem melhor aos procedimentos necessários. “Elas sofrem mais, mas também exteriorizam mais. Quando falamos de câncer, expor as emoções facilita o tratamento.”
Frágil coração
O coração, na imagem dos poetas, sente.
Mas o órgão, restrito a músculo, artérias e veias, sofre. Cultivar e remoer mágoas libera substâncias químicas no organismo que podem levar a um problema cardíaco. Segundo o cardiologista do Hospital Vitória (antigo Milton Muricy), Sanderson Cauduro, o estresse constante aumenta a pressão arterial, podendo desencadear uma arritmia. “Quando as emoções afetam a rotina de uma pessoa, isso passa a ser um fator de estresse. Tal fato pode influenciar em uma doença cardíaca”, diz.
Doenças do coração são mais comuns em adultos e idosos, mas o cardiologista afirma que jovens também vêm desenvolvendo quadros de alerta em consequência da pressão diária. “Os mais novos também sofrem com o estresse. Eles não dormem bem, sentem desconforto no peito e dores”, diz. Cauduro destaca os fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardíacas: diabetes, hipertensão, histórico familiar, idade avançada, obesidade, sedentarismo, estresse e tabagismo. Cada um deles influencia o outro.
Serviço:
Hospital Vitória (antigo Hospital Milton Muricy), Av. das Indústrias, 1.974, Cidade Industrial, fone (41) 3028-2627 e site www.hvitoria.com.br
Interatividade
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