Saúde e Bem-Estar

Da redação

Ginástica atrapalha o crescimento?

Da redação
20/06/2013 03:24
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É uma verdade que a maioria das ginastas de alto nível é baixinha. Mas afirmar que a baixa estatura possa ser causada pelo esporte não passa de um mito. Realizar a atividade de modo recreativo, como fazem as crianças que praticam este exercício em aulas de contraturno escolar, não deve causar preocupação aos pais.
Porém, elas não devem ser expostas aos esportes de alto rendimento quando o esqueleto ainda não estiver formado. Passar da atividade lúdica para um treinamento intenso pode trazer riscos ao sistema ósseo e muscular, pois o esqueleto ainda é imaturo. “Não há pesquisa que mostre com precisão se há uma influência na altura final, mas pode haver interferência na cartilagem de crescimento, lesões na coluna e outras deformidades”, explica o ortopedista pediátrico e especialista em coluna do Hospital Pequeno Príncipe Carlos Aguiar.
Segundo o ortopedista, a questão recai sobre o amadurecimento do esqueleto, que é variável. “Tem crianças que amadurecem aos 12 anos e outras aos 18”, destaca Aguiar. Para ele, caso a família queira que o esporte torne-se uma competição, é preciso individualizar o caso e olhar a situação do esqueleto da criança, para descobrir se a intensidade não irá trazer prejuízos.
A real explicação para essa concentração de baixinhos entre os ginastas artísticos de alto rendimento está nos parâmetros genéticos. Segundo a educadora física Eliane Martins, especialista na área infantil e coordenadora do Centro de Excelência de Ginástica, que integra a Federação Paranaense de Ginástica, é a modalidade que seleciona os atletas, já que os mais baixos têm facilidade de executar os movimentos. “Jogar basquete não faz o atleta crescer, praticar ginástica rítmica ou artística também não o deixa mais baixo”, diz.
No Centro de Excelência de Ginástica, meninas começam a participar da escolinha de ginástica a partir dos cinco anos, po­­rém, elas praticam até duas vezes por semana e por uma hora, segundo Eliane. “Elas brincam, rolam, pulam, desenvolvem a coordenação motora e a agilidade, mas nada de fazerem grandes esforços físicos”, salienta.
12 anos
Para as meninas, o ideal é investir no alongamento até os 12 anos. “Se, ao atingir essa idade, ela não conseguir fazer uma abertura total de pernas, depois ela terá mais dificuldade para isso”, explica Luis Mascarenhas, doutor em saúde da criança e do adolescente e professor na Universidade do Contestado, em Canoinhas (SC). Já as atividades que necessitam de força trarão melhores resultados se forem realizados a partir dessa idade. “Meninas de nove e de 12 anos têm potenciais diferentes. Não dá para treiná-las juntas”, diz.
Mais calorias
Crianças mal nutridas, isso sim, tendem a ser mais baixas. A energia consumida pelo exercício deve ser reposta pela alimentação: o ideal é que a criança que pratica esporte consuma de 200 a 300 calorias a mais que uma criança que não faz esse tipo de exercício, para não ter o desenvolvimento afetado. Esta é a quantidade de energia que o corpo costuma utilizar exclusivamente para o crescimento na fase infantil. Assim ela garante a reserva necessária para não comprometer o seu crescimento, explica o professor Luis Mascarenhas.
3% das atletas apenas ficaram mais baixas que a estatura desejável, definida a partir de um cálculo que utiliza a altura do pai e da mãe, segundo um estudo de 2008, realizado pelo professor Raul Alves Ferreira Filho, da Universidade de São Paulo. Ele analisou a altura de 51 ginastas e seus familiares e constatou que 70% das atletas alcançaram ou até superaram a altura média de seus pais.
Escolha
Veja a diferença entre as modalidades de ginástica:
• Rítmica
Incorpora movimentos do balé e da dança teatral, aliando música a coreografias com aparelhos como a corda, o arco, a bola, as maças (parecidas com balizas ou pinos de boliche) e a fita.
• Artística
Considera a evolução técnica do atleta na execução de diversos exercícios físicos. Mulheres disputam exercícios de solo, salto, barras paralelas assimétricas e trave. Homens disputam em barra fixa, paralelas, cavalo com alças, salto, argolas e solo.