Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Hormônio promete regular as noites de sono

Amanda Milléo
17/04/2014 03:30
Aproveitar a viagem ao exterior para comprar substâncias não comercializadas no Brasil tem se tornado rotina. Sem registro pela Anvisa, o hormônio sintético da melatonina é vendido como suplemento, e sem receita, nos Estados Unidos e Paraguai. A promessa: um sono relaxante em comprimidos com doses de até 10mg, cem vezes o produzido naturalmente pelo corpo.
Fabricado pela glândula pineal, o hormônio auxilia os ritmos biológicos, em especial o ciclo do sono e vigília. Em ambientes escuros e calmos, os níveis aumentam, melhorando o sono. Na maioria dos casos, a reposição não é necessária. “A melatonina não é um suplemento. É um hormônio natural cuja ausência, redução ou hiperprodução pode provocar alterações no sono – e essas sim precisam ser corrigidas”, diz o pesquisador em neurofisiologia e neuroendocrinologia da USP, José Cipolla Neto. “A reposição é indicada a idosos com Alzheimer, autistas, pacientes com distúrbios metabólicos ou crônicos de sono”, fala.
O atraso na produção da melatonina ocorre toda noite quando deixamos alguma luz acesa e pela luz noturna ambiente, quando mexemos com aparelhos eletrônicos de LED antes de dormir ou tomamos medicamento beta bloqueador. A redução na produção pode provocar distúrbios de crescimento e até deficiência insulínica. “Além do sono, a melatonina se relaciona a todos os ritmos biológicos”, diz a endocrinologista do laboratório Frischmann Aisengart, Myrna Campagnoli. Quanto pior for o sono, menor será a taxa de metabolismo basal e maior a predisposição para o ganho de peso. “A melatonina não dá sono, mas prepara o corpo para isso, o que deve ser respeitado.”
Efeitos indesejados