Saúde e Bem-Estar

Raquel Derevecki, com Gazeta do Povo

Menina de 11 anos morre após usar pasta dental para clareamento e mãe faz alerta

Raquel Derevecki, com Gazeta do Povo
24/04/2019 10:40
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A menina tinha alergia à proteína do leite e a mãe lia todos os rótulos dos produtos que a família consumia, mas não imaginou que a pasta de dentes continha traços do produto. Foto: Reprodução/Facebook

Diagnosticada com alergia à proteína do leite em seu primeiro ano de vida, a norte-americana Denise Saldate cresceu acostumada a ver os pais lerem todos os rótulos dos produtos que ela consumia. No entanto, nenhum deles imaginou que uma pasta de dente poderia conter traços de leite e colocar em risco a saúde da menina. “Não pensei em olhar os ingredientes do produto”, relatou a mãe Monique Altamirano ao periódico norte-americano Living Allergic.
Segundo a moradora da cidade de West Covina, na Califórnia, a pasta dental especial foi receitada à filha de 11 anos após a garota reclamar de algumas manchas nos dentes e procurar um dentista no dia 4 de abril para iniciar o tratamento. Denise estava animada com a nova pasta e experimentou o produto na mesma noite junto à irmã de 15 anos. Só que no momento em que colocou o produto na boca, ela se sentiu mal, começou a chorar e correu para o quarto da mãe.

 “Ela disse: ‘Acho que estou tendo uma reação alérgica à pasta de dente’ e seus lábios já estavam azuis”, relatou Monique, que colocou a filha em sua cama e solicitou o atendimento de emergência pelo telefone 911.  

A mãe também deu à garota um inalador de asma na tentativa de controlar a reação anafilática, mas a alergia foi muito grave e a menina já sentia dificuldade respiratória. “Ela estava dizendo: ‘Mamãe, eu não posso respirar’. E eu dizia: ‘Eu te amo, sim, você pode”, afirmou a mãe que, em desespero, pegou Monique no colo, a levou até a frente da casa para esperar os paramédicos e iniciou a massagem cardiorrespiratória na filha enquanto aguardava a ambulância.
Denise tinha alergia à proteína do leite. Foto: Reprodução/Living allergic
Denise tinha alergia à proteína do leite. Foto: Reprodução/Living allergic
Quando os socorristas chegaram, eles continuaram os procedimentos de primeiros socorros por alguns minutos e encaminharam a menina ao hospital. No entanto, ela não resistiu. Denise era a filha mais nova de quatro irmãs.

Pastas de dente e outros produtos

De acordo com a médica Ana Carolina Rozalem Reali, da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), geralmente as pastas de dente não costumam conter leite. “Ocorre mais no caso de o fabricante colocar um gosto de baunilha ou de chocolate porque isso pode carregar a proteína do leite”, afirmou. No entanto, ela afirma que os pais de crianças alérgicas precisam sempre estar alerta e analisar o rótulo de todos os produtos.

“O Brasil não possui uma regulamentação específica para cosméticos quanto às proteínas presentes na fórmula, então, é necessário sempre verificar  os ingredientes e, na dúvida, ligar para o Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), orienta. 

A mãe de Denise também alerta outros pais a respeito do perigo da anafilaxia e solicita atenção na compra de qualquer produto. “Leia tudo. Não fique confortável, com vergonha ou medo de perguntar e garantir que os ingredientes estejam Ok. Seja aquele defensor do seu filho”.

O perigo das alergias

Não há estatísticas oficiais no Brasil a respeito do número de crianças alérgicas a alimentos como leite, ovos, soja, amendoim e frutos do mar, mas a Asbai acredita que cerca de 8% das crianças com até dois anos de idade e 2% dos adultos sofrem algum tipo de alergia a produtos como esses.
Para a médica Renata Cocco, coordenadora do Departamento Científico de Alergia Alimentar da Associação, a situação é considerada um problema de saúde pública e tem aumentado em todo o mundo. Além disso, geralmente se manifesta na infância, o que exige maiores cuidados porque envolve reações leves ou mais graves que podem comprometer vários órgãos e levar o paciente a óbito, como ocorreu com Denise.
A alergia, segundo a coordenadora, é uma resposta exagerada do organismo a determinadas proteínas presentes nos alimentos. “Envolve um mecanismo imunológico e tem apresentação clínica muito variável, com sintomas que podem surgir na pele, sistema gastrointestinal, respiratório ou cardiovascular”, explica Renata, que orienta o paciente a buscar um médico especializado em Alergia e Imunologia para apresentar um diagnóstico preciso.

Sintomas de alergia alimentar

  • Reações cutâneas (vermelhidão na pele, coceira, urticária com ou sem inchaço de olhos, boca, orelhas etc.)
  • Reações gastrointestinais orais (coceira nos lábios e céu da boca, inchaço de língua ou de lábios,) e gastrointestinais baixas (dor abdominal, diarreia com ou sem presença de sangue nas fezes, vômitos, refluxo exacerbado)
  • Reações nas vias aéreas (congestão nasal, coceira, espirros, tosse, falta de ar, chiado no peito que se iniciam de forma abrupta)
  • Reações cardiovasculares (aumento da frequência cardíaca, queda da pressão arterial, tontura, desmaios ou até mesmo perda de consciência)
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