Saúde e Bem-Estar

O que Ana Maria Braga terá de enfrentar neste terceiro câncer?

Amanda Milléo e Bruna Covacci
15/12/2015 08:00
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Apresentadora Ana Maria Braga anunciou o terceiro tumor, aos 66 anos, no pulmão (Foto: Globo/Atá Barreto)

Na última segunda-feira (14), a apresentadora do programa Mais Você da Rede Globo/RPC Ana Maria Braga anunciou o terceiro câncer que tem de enfrentar, aos 66 anos. Depois de um câncer de pele e um tumor do canal anal, desta vez o alvo foi o pulmão, vítima dos muitos anos em que a apresentadora foi tabagista.
Ana Maria disse ter detectado a doença precocemente, o que a levou a uma cirurgia de remoção do tumor de aproximadamente seis milímetros, sem precisar passar por quimio ou radioterapia para completar o tratamento. Segundo os médicos anunciaram durante o programa, a chance de cura da apresentadora é próxima de 100%.
Esse cenário, infelizmente, não é o mais comum. A cada nova doença, aumentam os riscos de complicações para os tratamentos seguintes, de acordo com o médico Stephen Stefani, oncologista do Instituto Mãe de Deus, em Porto Alegre. “Pacientes politratados têm mais risco de acumular complicações, porque a doença nunca vem sozinha. Enfisema pulmonar, cardiopatias e bronquite podem vir associados ao uso cigarro”, afirma Stefani. Da mesma forma, câncer de boca, laringe e de faringe são também mais comuns entre os fumantes.
Detecção precoce
Sobreviver a diferentes tumores, no entanto, é uma situação mais frequente hoje devido à eficácia dos novos tratamentos oncológicos e à idade avançada que as pessoas estão atingindo. “É o preço que se paga pela longevidade. A pessoa se cura de um câncer de próstata e pode ter ainda um de intestino. Não é uma situação tão frequente ainda, mas também não é mais uma raridade”, diz Stefani.
Para aumentar as chances de cura, porém, é preciso detectar precocemente a doença – o que no caso do câncer de pulmão é mais complicado. As tomografias de baixa radiação, principais formas de identificação precoce da doença, podem dar resultados falsos positivos ou falsos negativos, de acordo com Nils Skare, oncologista chefe do departamento de Oncologia Clínica do Hospital Erasto Gaertner. Além disso, os sintomas são silenciosos e, quando dão às caras, como falta de ar e cansaço, a doença está em uma fase avançada.
A recomendação de diagnóstico precoce para fumantes, de acordo com Mauro Gomes, pneumologista do Hospital Samaritano de São Paulo, é fazer uma tomografia nova todos os anos, a partir dos 50 anos. “Mesmo com o risco de avaliar nódulos que não são câncer e passar pelo estresse, em termos estatísticos o diagnóstico é mais precoce quando se faz a tomografia e evita em até 20% a taxa de mortalidade“, explica Gomes.
“O câncer de pulmão é um tipo de tumor que, quando é para voltar, recidiva logo, antes de cinco anos. Então, passado um período inicial de dois, três anos, as chances de que o tumor volte caem bastante e é possível determinar a cura. O câncer de mama, por outro lado, pode recidivar muitos anos depois e exige um acompanhamento mais longo”, explica Skare.
Tratamentos contra o câncer de pulmão
A cirurgia é o tratamento mais usado contra o câncer de pulmão, embora tenha riscos de complicações na capacidade respiratória do paciente. Depois, muitos pacientes se beneficiam de sessões de quimioterapia ou radioterapia.
Se não for mais o caso de uma cirurgia, quando a doença está em fase avançada, há tratamentos de terapia alvo, onde o medicamento é direcionado às mutações específicas da doença.
De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil teve mais de 24 mil mortes apenas em 2013 para a doença, que é a mais comum de todos os tumores malignos, com aumento de 2% ao ano na incidência mundial.