Saúde e Bem-Estar

Érika Busani

Pausa masculina

Érika Busani
13/05/2007 20:35
erikab@gazetadopovo.com.br
Quando ouvimos falar em andropausa, imediatamente fazemos o paralelo com a menopausa. O distúrbio masculino, no entanto, difere do feminino principalmente porque não acomete todos os homens, mas apenas 20% deles, a partir dos 45 anos.
Conforme o urologista e andrologista Fernando Lorenzini, o Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (Daem), como a andropausa é chamada pelos médicos, é caracterizado quando a produção de testosterona cai abaixo de níveis fisiológicos. A partir dos 45, 50 anos, uma queda nos níveis do hormônio é normal, explica o médico, mas um decréscimo acentuado pode trazer sinais e sintomas como cansaço, fadiga, irritabilidade, insônia, diminuição da massa muscular; aumento da gordura visceral (barriga); diminuição da massa óssea e osteoporose, diminuição da libido e da qualidade das ereções.
Mas nem sempre o Daem se manifesta com problemas sexuais. “Há pacientes com andropausa que têm atividade sexual normal”, garante o urologista Luiz Carlos de Almeida Rocha, chefe do Serviço de Urologia do Hospital de Clínicas do Paraná.
Diagnosticar o problema não é tão simples quanto parece. Uma baixa nos níveis de testosterona é facilmente detectada por um exame de sangue, mas nem sempre significa andropausa. “Os sinais e sintomas são muito difusos, não são específicos da doença. Há outras causas que têm os mesmos sintomas, como baixa auto-estima, depressão, outros distúrbios hormonais – como hipotireoidismo – insuficiência renal e diabete”, enumera Lorenzini.
Por isso, o mais difícil é estabelecer um diagnóstico correto. “Mesmo quando existem os sintomas e há uma baixa na testosterona, é necessário investigar para excluir outras causas”, alerta o andrologista.
O diagnóstico correto é importantíssimo, pois o tratamento, feito à base de reposição hormonal, traz riscos ao paciente. O principal deles é a possibilidade de acelerar um câncer de próstata já instalado. “Mesmo que seja pequeno, a testosterona vai favorecê-lo de forma muito importante, já que o câncer é hormônio-dependente. Ainda não se sabe se ela causa a doença, mas com certeza acelera”, diz Lorenzini.
Rocha lembra que antes de iniciar a reposição, é preciso que a dosagem do PSA (Antígeno Prostático Específico) e o exame do toque retal sejam negativos. Outros efeitos colaterais são o desequilíbrio da relação entre o bom e o mau colesterol e sobrecarga do fígado.
Quando bem indicada, no entanto, a reposição pode devolver a qualidade de vida ao paciente, revertendo os sintomas. A forma mais usada hoje é a injetável, com aplicações que duram de 15 dias a três meses. O custo médio é de R$ 100 mensais.
Serviço: Fernando Lorenzini (urologista e andrologista), fone (41) 3244-1111 / Luiz Carlos de Almeida Rocha (urologista), fone (41) 3566-6007.