Saúde e Bem-Estar

Guilherme Grandi

Cuidados que pacientes em tratamento contra o câncer devem ter para viajar

Guilherme Grandi
19/08/2018 07:00
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Um diagnóstico de câncer  pode dar um "nó na língua" de amigos e familiares ou levá-los a fazer comentários inapropriados, apesar de bem-intencionados. Saiba o que não dizer. Foto: Bigstock

Pacientes que estão em tratamento contra algum tipo de câncer normalmente imaginam que não podem viajar, seja por conta dos medicamentos ou pela baixa imunidade. Não há uma regra geral, mas, na grande maioria das vezes, a pessoa pode viajar desde que converse com o médico e tome alguns cuidados. É o que afirma o oncologista Felipe Ades, do Grupo Oncoclínicas.  “A primeira coisa é avaliar o tipo de tratamento e os efeitos colaterais provocados pelos remédios”, explica.
Tanto o paciente como o médico precisam levar em consideração o estágio do tratamento, já que há fases em que o paciente pode estar com o sistema imunológico muito fragilizado ou fisicamente indisposto. Felipe Ades explica que, se a viagem for realmente importante, “a pessoa precisa levar um relatório médico que explique o tratamento e já procure previamente se há algum hospital de referência no destino”.
Os pacientes também precisam levar as prescrições médicas com as doses dos medicamentos usados. Foto: Unsplash.
Os pacientes também precisam levar as prescrições médicas com as doses dos medicamentos usados. Foto: Unsplash.

Medicamentos

Os tratamentos com a aplicação de medicamentos venosos, em que a pessoa vai apenas algumas vezes ao hospital, normalmente provocam reações como enjoos e tonturas. Esses medicamentos precisam acompanhar o paciente mesmo durante a viagem, portanto é preciso atenção no controles de alfândega de outros países.
O oncologista Felipe Ades explica que, se o paciente precisar levar comprimidos de tratamento oral,  é preciso acompanhar prescrição do médico explicando as doses.
Também é preciso ficar de olho em medicamentos com substâncias como a capecitabina, que provoca lesões e inflamações nas mãos e nos pés. “Este remédio pode fazer com que as digitais sumam dos dedos, o que prejudica a entrada em algum país que coletem as impressões”, conta o médico, ressaltando que o paciente precisa levar um relatório médico explicando isso.

Sem aventuras

Outra recomendação do especialista é que a pessoa em tratamento contra o câncer evite experimentar comidas muito diferentes durante a viagem,  já que há risco de ter uma intoxicação alimentar. “É melhor evitar comidas gordurosas ou cruas”, alerta ao médico.
Para garantir uma viagem sem imprevistos, o ideal é que o indivíduo esteja acompanhado. Em decorrência do tratamento, muitos pacientes ficam mais propensos à trombose, por exemplo. Por isso, é preciso avaliar com cuidado a quantidade de horas de voo.
Contratar um seguro viagem com uma boa cobertura também é fundamental, principalmente fora do país. “E, acima de tudo, estar em contato com o seu médico o tempo inteiro”, completa o oncologista.

Sem se abater

Tratando e vivendo, a empresária Marcia Martins foi para a Disney com a filha Camila e a neta Bella. Foto: acervo pessoal.
Tratando e vivendo, a empresária Marcia Martins foi para a Disney com a filha Camila e a neta Bella. Foto: acervo pessoal.
No final do ano passado, a empresária Marcia Martins (53) descobriu que estava com câncer no intestino e metástase no fígado. O choque foi tão grande que ela cancelou uma viagem que estava marcada para a Disney e ficou uma semana de cama assustada e com medo.
Mas, sem se deixar abater, ela decidiu viajar mesmo assim. “Passaram-se dois dias, eu voltei atrás e comprei a passagem de novo. Foi a melhor coisa que fiz, fiquei com meus netos curtindo 18 dias na Disney como se nada tivesse acontecido”, conta animada.
Marcia diz que ainda está em tratamento, e já pensando na viagem de setembro: “vivo cada dia mais esperançosa, já me sinto curada. Cada dia é um dia de luta, vamos com muita fé”.
Dona Anesia com o marido Dorival durante o casamento caipira. Foto: acervo pessoal.
Dona Anesia com o marido Dorival durante o casamento caipira. Foto: acervo pessoal.
Superação também é a palavra de ordem da dona Anesia Magalhães Honório, de 58 anos. Ela lutou contra um tumor no reto há pouco mais de um ano, e hoje usa uma bolsa de colostomia.
Ela contou emocionada ao Viver Bem que foi uma luta muito dura pela cura da doença, com muitas sessões de radioterapia e quimioterapia, mas que sempre se manteve firme. “Meu marido [Dorival] e minha família ajudaram muito, e mesmo com a bolsa eu viajo para onde eu quero”, diz.
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