Televisão

Alexandre Nero está de volta em A Regra do Jogo

Willian Bressan
29/08/2015 15:07
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O curitibano Alexandre Nero volta ao horário nobre apenas cinco meses depois do fim de Império com o personagem Romero Rômulo, um herói do povo. (Foto: Tatá Barreto/Globo)
Ele não está mais com os cabelos volumosos e nem com a barriguinha saliente. O ator curitibano Alexandre Nero deixou definitivamente para trás a imagem do Comendador José Alfredo da novela Império, que terminou em março no horário nobre. Agora, Nero exibe cabelos curtos, muitos quilos a menos e uma imagem dez anos mais jovem. Tudo para dar vida ao protagonista Romero Rômulo, um herói do povo, mas de caráter tortuoso, de A Regra do Jogo, que estreia na segunda (31) na RPC.
Volta rápida
E ele volta quebrando uma regra do padrão Globo: vai ser o “dono do horário nobre” novamente apenas cinco meses do fim de seu último trabalho. “Eu não planejava estar de volta em uma novela tão cedo, ainda mais como protagonista das 21h. Me chamaram duas vezes para fazer o teste do personagem (que seria interpretado por Murilo Benício), e eu disse “não”, porque estava exausto, esgotado mesmo. Mas aí entra a Amora (Mautner, diretora de núcleo): ela me ligou com todo carinho e atenção e me convenceu a simplesmente fazer o teste, até pra eles ‘desencanarem de mim’, como ela mesma disse”, contou ao Viver Bem. Mas a ideia de “dizer não” deu errado. Nero, que fez o teste ainda durante as gravações de Império foi o escolhido para dar vida a Romero Rômulo.
Reencontro em cena
O novo trabalho irá marcar o reencontro com João Emanuel Carneiro, responsável pela sua estreia na Globo, em A Favorita (2008), quando interpretou o simples verdureiro Vanderlei e atuou ao lado de Lilia Cabral.
Novela das nove traz reencontro duplo: Nero já contracenou com Vanessa Giácomo e Giovanna Antonelli em outras novelas. (Foto: Globo/João Miguel Júnior)
Novela das nove traz reencontro duplo: Nero já contracenou com Vanessa Giácomo e Giovanna Antonelli em outras novelas. (Foto: Globo/João Miguel Júnior)
Na nova novela, ele também irá reencontrar uma antiga parceira de cena: a atriz Giovanna Antonelli, que irá interpretar a mau caráter Atena. Sobre a reedição da parceira, Nero conta que há mais um cuidado do que uma expectativa e ele lembra que também fez par romântico com Vanessa Giácomo, a mocinha Tóia, em Paraíso (2009). “Ou seja, é um reencontro duplo. O personagem da Giovanna marcou mais por ser de uma novela das 21h e também porque caiu no gosto do público, por isso mesmo existiu um cuidado muito grande para que a gente não repita a mesma fórmula. Pode até ser que os fãs mais saudosos de Stenio e Heloisa se decepcionem, porque a relação entre e o Romero e a Atena é muito diferente”, despista.
A regra é duvidar
O autor João Emanuel Carneiro, que volta ao horário nobre depois do fenômeno Avenida Brasil (2012), conta que os telespectadores terão muitas surpresas na nova novela– a exemplo da história de Flora e Donatela, em A Favorita (2008). “Esta é a história de um homem, Romero Rômulo, que finge ser um herói do povo. Mas ele é o contrário do que aparenta ser. A novela é o percurso deste homem. A trajetória e a jornada deste personagem. E as mudanças na novela estão muito relacionadas às mudanças internas deste indivíduo. É uma história sobre índole e ética e questiona qual é o limite do perdoável. A novela faz essas perguntas: existe livre arbítrio? Podemos mudar o destino que está reservado para a gente? O que não é tolerável?”, questiona João Emanuel.
Verdades e mentiras
Alexandre Nero elogia a diretora Amora Mautner: “ela deixa o jogador jogar”. Fotos: Divulgação TV Globo.
Alexandre Nero elogia a diretora Amora Mautner: “ela deixa o jogador jogar”. Fotos: Divulgação TV Globo.
Para Nero, o público deve duvidar para não ser enganado. “O João realmente é um cara especial. Os diálogos têm um humor muito sagaz, nada óbvio ou raso. Ele trabalha muito com a situação cômica e o meu personagem vive em meio a muitas dessas situações. O mais brilhante no João Emanuel é o enlace entre as histórias. Depois de ler muito, eu fui perceber que não há no texto sinais claros de quando o personagem estará mentindo ou falando a verdade. O público será enganado, também – essa é a grande brincadeira”, adianta Nero.
A regra é inovar
Alex Carvalho/Divulgação
Alex Carvalho/Divulgação
Depois de assinar os sucessos Avenida Brasil (2012) e Joia Rara (2014) como diretora geral, Amora Mautner assina pela primeira vez uma novela como diretora de núcleo. E, para marcar a estreia, ela trará inovações no processo de produção da teledramaturgia. Se em Avenida Brasil a renovação foi no áudio, em que todos os atores do núcleo Tufão (Murilo Benício) falavam juntos, em A Regra do Jogo a novidade é chamada de caixa cênica e não há boca de cena. Atores e equipe circulam por todos os ambientes dos cenários.
Drama ou reality show?
A nova técnica permitirá que os atores circulem mais livremente pelo cenário, uma vez que serão acompanhados por oito câmeras, algumas delas escondidas em espelhos e outros lugares do cenário – a exemplo do Big Brother Brasil – e duas delas câmeras robôs. Normalmente, uma novela é gravada com quatro equipamentos e os atores ficam presos às marcações de acordo com a posição de cada câmera. No novo processo, isso não acontece. Os intérpretes podem, inclusive, virar as costas para o telespectador durante a interpretação. Os cenários especiais não tem a chamada “boca de cena” – espaço vazado onde ficam os equipamentos.
Amora contou ao Viver Bem sobre o desafio de trazer técnicas novas para um produto como a telenovela diária que está no ar desde 1963. “São muitos os desafios. O primeiro deles era técnico, e foi superado, a criação da caixa cênica. Depois de dois anos de estudos, pesquisas e testes, criamos um projeto de cenografia e engenharia que permite que façamos um híbrido entre dramaturgia e reality show”, diz Amora.
Interpretação natural
João Emanuel Carneiro e Amora Mautner repetem a parceria bem sucedida de Avenida Brasil (2012) em A Regra do Jogo. (Foto: Globo / Ramon Vasconcelos)
João Emanuel Carneiro e Amora Mautner repetem a parceria bem sucedida de Avenida Brasil (2012) em A Regra do Jogo. (Foto: Globo / Ramon Vasconcelos)
A inovação faz parte de uma busca por uma dramaturgia mais naturalista, característica também do texto de João Emanuel Carneiro. Convidada a definir seu estilo de trabalho, Amora disse que gosta da “não interpretação. “Do que é orgânico, do erro. Gosto que o ator traga verdade para o set. Não acredito que seja mais possível recorrer a formatos engessados e formalistas”, conclui.
Sobre o trabalho com a diretora de núcleo, Nero é contundente: “A Amora é insana! (risos). A insanidade, digo isso aqui como elogio, é típica de gente muito criativa. Ela chega sempre levantando tudo, no mais alto astral. Ela tem muito diálogo, de uma cultura infinita, ouve bastante e o que mais me tranquiliza: ela deixa o jogador jogar”, explica Nero.
De olho
Nero e Amora prometem ficar ligados nos comentários dos telespectadores nas redes sociais durante a exibição dos capítulos de A Regra do Jogo. Na exibição de Avenida Brasil (2012), a hashtag #oioioi chegava aos termos mais comentados do Twitter todas as noites. Ambos concordam que as redes acabam agindo como termômetro imediato do trabalho. “A segunda tela é uma realidade e ela reflete o que é exibido na tevê. Um trabalho de qualidade movimenta as redes sociais e a minha expectativa é que a novela bombe”, analisa Amora.