Televisão

“Liberdade, Liberdade” resgata a história do Brasil com pitadas de ousadia

Estadão Conteúdo
08/04/2016 22:00
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Tiradentes (Thiago Lacerda) com a suposta filha, a pequena Joaquina (Mel Maia). Fotos: divulgação.

Uma parte importante da história do Brasil ganha destaque na teledramaturgia da Globo a partir desta segunda-feira (11). Nova novela das 23 horas da emissora, Liberdade, Liberdade é livremente inspirada no livro Joaquina, Filha do Tiradentes, de Maria José de Queiroz, e parte justamente de uma ficção a respeito da suposta herdeira de um dos principais personagens da Inconfidência Mineira, o mártir Tiradentes, interpretado por Thiago Lacerda na primeira fase.
Berloza (Sheron Menezes) e Joaquina (Andreia Horta) mantém uma grande amizade, mesmo com o preconceito da época.<br>Fotos: Divulgação/Rede Globo
Berloza (Sheron Menezes) e Joaquina (Andreia Horta) mantém uma grande amizade, mesmo com o preconceito da época.<br>Fotos: Divulgação/Rede Globo
Essa etapa inicial dura apenas dois dias e traz Mel Maia na pele da protagonista, ainda menina, antes de passar o posto à atriz Andreia Horta (já adulta). Joaquina tem profunda admiração pelo pai e chega a vê-lo ser executado, uma cena que marca sua infância.
Adotada por Raposo (Dalton Vigh), a menina embarca para Portugal, onde é criada e de onde só sai em 1808, quando a corte portuguesa se transfere para o Brasil. Aqui – e disfarçada sob o falso nome Rosa, adotado por sua nova família –, a filha de Tiradentes descobre que tem muito do senso de justiça e dos ideais revolucionários do pai.
“É lindo ver uma heroína que não faz vista grossa pra nada. Joaquina defende o sentimento de humanidade”, afirma Andreia Horta.
Cenas de ação vão marcar a novela – para o papel, Andreia Horta fez aulas de tiro e esgrima, por exemplo. Mas o diretor Vinicius Coimbra também promete bastante sensualidade e, garante, com bom gosto.
“Queremos aproveitar essa abertura que a faixa das 23 horas nos dá da melhor forma possível, mas nada apelativo. Essa história tem muita paixão”, avisa.
Triângulo amoroso
Na trama central, Joaquina é disputada pelo belo médico Xavier (Bruno Ferrari), com quem compartilha os ideais de liberdade, e pelo traidor Rubião (Mateus Solano), que entregou Tiradentes e matou Antônia (Letícia Sabatella), a mãe biológica da jovem. Porém, o mocinho Xavier é comprometido: está noivo da mimada e calculista Branca (Nathalia Dill), que fará de tudo para consagrar o casamento.
O traidor Rubião (Mateus Solano), que entregou Tiradentes.
O traidor Rubião (Mateus Solano), que entregou Tiradentes.
Tramas
Duas tramas paralelas prometem dar o que falar em Liberdade, Liberdade. E ambas envolvem a família de Raposo e, consequentemente, de Rosa/Joaquina. Dionísia (Maitê Proença), tia da mocinha, é uma mulher com um passado dramático em função da violência que sofria do marido, que julga estar morto. E resolve todas as suas fantasias sexuais com os escravos da família. Em especial com Saviano (David Junior). Quando não fica satisfeita ou sente que sua rotina de prazer pode ser ameaçada, manda os seus “objetos” de desejo para o tronco, sem dó.
André (Caio Blat), o irmão de Rosa/Joaquina, enfrenta um conflito interior intenso. O rapaz percebe que é gay, mas sabe que não deve desapontar a sociedade da época. A vinda para o Brasil já é tumultuada, pois ele é um rapaz culto e instruído que vem parar em uma terra em que a grande maioria da população é analfabeta. Além disso, ele começa a entender melhor sua sexualidade e se encanta por Tolentino (Ricardo Pereira).
“Uma das referências que temos é o filme O Segredo de Brokeback Mountain. Eles vão se aproximando aos poucos e, cada um deles, se libertando de algumas amarras”, entrega Caio.
Ricardo Pereira confirma o envolvimento. “As pessoas vão perceber em gestos sutis esse encantamento acontecer. O Tolentino não sorri, por exemplo. Mas com o André é diferente”, adianta.
Não há qualquer promessa de beijo gay entre os atores ou cenas mais tórridas. Mas o diretor Vinicius Coimbra dá pistas de que, se puder, quer tocar a questão com tintas mais fortes do que as vistas ultimamente na televisão.
“Particularmente, eu gostaria de lidar com esse lance homossexual de maneira mais explícita. Acho que o problema não é o que se mostra, mas como se mostra”, garante Vinicius. No que depender do autor Mário Teixeira, isso não será difícil. “Minha novela vai ter as maiores excentricidades. Até o beijo heterossexual”, brinca.