Televisão

Primeiro capítulo de “Liberdade, Liberdade” mostra um Brasil que poucas vezes imaginamos

Camila Rehbein
12/04/2016 18:36
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Antonia (Letícia Sabatella) e Joaquina (Mel Maia) na primeira fase da novela. Foto: Globo/João Cotta

Em um Brasil que parece difícil de imaginar, bem ao estilo medieval. Com escravos algemados e puxados como animais pelas ruas, inúmeras pessoas em ruas estreitas e sujas. Um país abandonado por sua Coroa, em uma época na qual a sociedade vivia sem saneamento básico, com esgoto a céu aberto, hábitos higiênicos precários, pouco acesso ás riquezas naturais da terra e com impostos exorbitantes, que transformavam a vida dos mais pobres muito mais difícil e precária. É aqui que a história da novela Liberdade, Liberdade começa a desdobrar a história de Joaquina, filha de Tiradentes (Thiago Lacerda), às 23 horas na Rede Globo.
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O primeiro capítulo, que estreou nesta segunda-feira (11), começa em 1792 quando o mártir está ativo no movimento de inconfidência e está lutando para que o Brasil se livre dos ditames da Coroa Portuguesa. Em paralelo, Joaquina cresce em uma pequena casa afastada de tudo com a mãe Antônia (Letícia Sabatella), que é amável, porém em alguns momentos chega a ser rígida com Joaquina (Mel Maia), pois quer ensina-la desde cedo que a vida é difícil e que sonhar é um luxo para poucos. Para sustentar a pequena, ela arranca os dentes das pessoas, ofício ensinado por seu amado Tiradentes, com quem não pode contar.
A filha cresce sem saber da luta do pai com os inconfidentes, mas ainda criança aprende que todos os homens e mulheres são livres. Quando o pai está por perto, vai escondido visitar a filha que fica encantada com os ensinamentos que lhe são passados. Mas nem tudo são flores no primeiro capítulo e logo o pai é entregue à Coroa para ser enforcado, como traidor. “Podem passar anos e mais anos, mas ela nunca vai esquecer os momentos finais de seu grande herói. A procura pelo pai, o desespero ao entender que ele não teria escapatória, a forca. A marca dessa vivência permanece com ela”, pontua a emissora em nota à imprensa.
Virginia (Lilia Cabral) e Joaquina (Andreia Horta) logo após sua volta ao Brasil. Foto: Globo/Paulo Belote
Virginia (Lilia Cabral) e Joaquina (Andreia Horta) logo após sua volta ao Brasil. Foto: Globo/Paulo Belote
Uma das surpresas boas já neste primeiro capítulo é o envolvimento direto de algumas mulheres no movimento, em especial de Virginia (Lilia Cabral), dona do cabaré de Vila Riva, que é um dos pilares do movimento. Na trama, é ela quem evita que a menina Joaquina seja levada como filha de um traidor pela Coroa e arranja que Raposo (Dalton Vigh) a adote e siga para Portugal com a família do rico minerador. Ao vê-los partir, a dona do bordel deseja proteção a Joaquina, afinal “ela é um símbolo da liberdade”.
“1808”
Após 16 anos, a família de Joaquina volta de Portugal e se espanta com o que vê. A decadência do local salta aos olhos. O suor dos homens e das mulheres brancas por baixo das vestes que imitam os europeus, as marcas na pele dos escravos, o cheiro de saneamento a céu aberto não são coisas bonitas de se ver.
Bertoleza (a esq.) em contraste com os escravos Luanda (Heloísa Jorge) e Saviano (David Junior). | Foto: Globo
Bertoleza (a esq.) em contraste com os escravos Luanda (Heloísa Jorge) e Saviano (David Junior). | Foto: Globo
Além desses problemas, sua companheira Bertoleza (Sheron Menezes) é confundida com uma escrava. Na nova realidade, ela não encaixa no mundo dos fidalgos e muito menos na realidade vivida pelos escravos. No Brasil, ela está em um limbo social e Joaquina fará de tudo para protege-la.