Turismo

10 programas para aproveitar Trieste, a cidade multicultural da Itália

Bruna Covacci
14/11/2016 20:30
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Imagem do Canal Grande de Trieste à noite. Foto: Divulgação.

A localização privilegiada e a atividade portuária fizeram de Trieste, cidade de 209.520 habitantes no Nordeste da Itália, um local disputado no território europeu. Dominada por diferentes culturas ao longo de sua história, foi colônia do Império Romano, pertenceu à Áustria, Espanha, França e só depois se tornou definitivamente italiana. Tantas ocupações influenciaram a arquitetura e os costumes locais e tornaram a pequena cidade um local encantador capaz de virar até a cabeça do romancista irlandês James Joyce, que viveu 10 anos por lá (a estada do escritor rendeu como homenagem uma estátua no Canal Grande). Foi do porto também que saíram diversos italianos emigrantes em busca de um novo lar no Brasil, Austrália, Nova Zelândia, Chile, Uruguai, Argentina e África do Sul – se você é descendente de italianos, há grandes chances dos seus ancestrais terem passado por lá.
Estátua de James Joyce em frente ao Canal Grande. Foto: Divulgação;
Estátua de James Joyce em frente ao Canal Grande. Foto: Divulgação;
O estilo arquitetônico mistura as cores venezianas e a art nouveau austríaca com destaques para mosaicos, esculturas em pedras e mármores e ouro aplicado em construções grandiosas. Várias das construções da cidade foram feitas pela governanta Maria Teresa da Áustria, chamada carinhosamente pelos triestinos de Sissi. O clima é parecido com o de Curitiba: muda o tempo todo. Por isso o indicado é sempre carregar um casaquinho na bolsa. Problema mesmo é quando chega a “Bora”, um vento repentino que atinge velocidades de até 150 km/h e é tão triestino que se tornou até letra de música composta por Lorenzo Pilat. Para isso a cidade instalou por suas ruas pequenos postes com correntes. O motivo? Proteger da ventania. Mesma motivação que faz muitos moradores colocaram pedras sobre as telhas de casa – para que elas não voem quando chega a Bora.
A seguir, aperte o play para entrar no clima com “Viva la Bora” e confira algumas das atrações turísticas da cidade.
Grotta Gigante
Imagem interna da Grotta Gigante. Foto: Divulgação.
Imagem interna da Grotta Gigante. Foto: Divulgação.
Localizada em Sgonico, distrito de Trieste, é uma das atrações mais inusitadas. A Grotta Gigante entrou para o livro Guinness dos Recordes em 1995 como a maior caverna do mundo, antes de perder o título em 2010 para a francesa La Verna. Com 107 metros de altura, 65 de largura e 130 de comprimento, tem tamanho para conter a basílica de São Pedro, do Vaticano. Entre subidas e descidas o visitante vai encarar mil degraus. A Grotta Gigante está aberta para visitação desde 1908, e funciona ao longo de todo o ano, fechando somente nos dias 1º de janeiro, 25 de dezembro e às segundas-feiras. O preço de visitação varia de € 1 a € 12. Reserve a visita no site da atração: grottagigante.it.
Castelo Miramare
A bela vista do Castelo Miramare. Foto: Divulgação.
A bela vista do Castelo Miramare. Foto: Divulgação.
O castelo de Miramare foi construído sobre um rochedo pelo arquiduque Maximiliano de Habsburgo, entre 1856 e 1860, e durante a 2ª Guerra Mundial serviu para treinamento de oficiais. Lá dentro, entre os destaques está a grande biblioteca, a decoração com estampas de abacaxi e os tons de azul claro que combinam com a vista. À frente e ao lado o castelo ainda conta com dois lagos com plantas exóticas. Quem está hospedado no centro da cidade precisa ir de ônibus, mas o acesso é bastante fácil. Até chegar ao castelo há uma bela subida; o ambiente rende belas fotos. Ainda há lugares para almoçar em frente ao mar. Confira o site do palácio: http://www.castello-miramare.it/ .
Caffè San Marco
Primeiro café de Trieste, foi inaugurado em 1914 e é famoso por ter sido um ponto de encontro de intelectuais da cidade, como os escritores James Joyce, José Ángel González Sainz e o dramaturgo Italo Svevo. O viajante que passar por lá pode tomar o tradicional espresso, que dá direito a batatinhas, ou um spritz, tradicional drinque italiano. Funciona todos os dias entre as 8h e as 23h e tem vista para a Piazza dell’Unità. http://www.caffesanmarcotrieste.eu/
Piazza dell’Unità d’Italia 
A principal praça da cidade com direito a wi-fi público. Foto: Divulgação.
A principal praça da cidade com direito a wi-fi público. Foto: Divulgação.
A principal praça da cidade impressiona pelo tamanho e pela vista: ela é a maior praça à beira mar de toda a Europa. É lá onde ficam os principais prédios políticos da cidade, como a prefeitura, capital da região da Friuli-Veneza Giulia, construídos no século 19 durante a dominação austríaca. Entre as estátuas está a de Carlo VI, criador do porto de Trieste e imperador do Sacro Império Romano. No mesmo local está a Fontana dei Quattro Continenti. Com quatro estátuas alegóricas, representa os continentes conhecidos na época da sua criação, sendo eles Europa, Ásia, África e América.
Arco di Riccardo
Construído no tempo do imperador Augusto para entrar na “Cidade Velha” em 33 a.C, o Arco de Riccardo fica na Piazza del Barbacan, zona mais antiga de Trieste. Agora, ele está integrado a um prédio.
Teatro romano
O teatro romano de Trieste está localizado ao pé da colina de San Giusto.
O teatro romano de Trieste está localizado ao pé da colina de San Giusto.
O teatro romano de Trieste está localizado ao pé da colina de San Giusto, no centro da cidade e próximo ao Arco di Riccardo. Os espetáculos realizados lá chegavam a ser apresentados a até 6 mil espectadores. Ao longo dos séculos, a edificação foi sendo soterrada pela construção de casas e era considerada perdida até ser resgatada pelo arquiteto Pietro Nobile, em 1938, em meio à demolição de parte da cidade velha.
Risieradi San Sabba
Antigo campo de concentração nazista é usado como museu. Foto: Divulgação.
Antigo campo de concentração nazista é usado como museu. Foto: Divulgação.
Um antigo campo de concentração nazista em que foram estimadas mais de 3 mil mortes. O local, também conhecido como “campo da morte”, tinha o maior crematório da Itália, usado para incinerar cadáveres. Hoje é um museu e, em 1965, foi declarado monumento nacional. Caminhando por lá, é possível conhecer os diferentes tipos de cárceres e também o alojamento em que os trabalhadores e prisioneiros dormiam.
Magazzino 18
Entrada do Magazzino 18. Foto: Divulgação.
Entrada do Magazzino 18. Foto: Divulgação.
Istrianos ou dálmatas, muitos giulianos tiveram de sair das suas casas em decorrência das guerras. Nos êxodos, os italianos partiam rumo ao porto de Trieste com tudo o que tinham: seu livro preferido, a cadeira da mesa em que jantavam todos os dias e outros móveis. Carregavam tudo o que podiam. Num processo sofrido, deixavam suas casas em pequenos barcos (um deles está exposto na entrada do Magazzino 18) e ficavam dentro do galpão fazendo exames médicos e buscando descobrir o destino da sua nova vida. O problema é que ao sair de lá precisavam deixar tudo para trás. O local é mantido preservado e só abre para visitação pública uma vez por ano. Descendentes ainda podem encontrar móveis da família, já que eles eram marcados pelo sobrenome.
Castello e a Cattedraledi San Giusto
Castello di San Giusto. O local foi construído como fortaleza. Á frente, ruínas romanas. Foto: Divulgação.
Castello di San Giusto. O local foi construído como fortaleza. Á frente, ruínas romanas. Foto: Divulgação.
Uma das melhores vistas de Trieste é a do topo do Castelo de San Giusto. Sua fortaleza foi construída pelos imperadores da Áustria para proteger e controlar a cidade para fornecer alojamento para o capital Imperial. No ano de 1936 o local se transformou em museu aberto ao público e tornou-se mais um símbolo da cidade. O ingresso para o castelo custa € 1. Para visitar o museu o preço é de € 4 ou € 6. Ao lado do castelo está a Cattedrale di San Giusto, um monumento religioso com arquitetura impressionante, decorado com afrescos, mosaicos e esculturas. Dedicado a San Giusto, padroeiro da cidade, é rodeado por monumentos e ruínas da era romana. Lá dentro, ainda há uma imagem de San Giusto guardada na água do mar, da forma como foi encontrada.
Civico Museo del Mare
Civico Museo del Mare conta a história marítima. Foto: Divulgação.
Civico Museo del Mare conta a história marítima. Foto: Divulgação.
À beira-mar funcionam um aquário e o Museo del Mare, cujo acervo se refere à história da navegação. O ingresso e a visita guiada são gratuitos.