Turismo

De mochila nas costas, curitibano quer ir de carona da Alemanha à China

Guilherme Grandi
17/06/2018 17:00
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A primeira viagem de carona, no início de 2017, foi com os poloneses que Guilherme conheceu na Tailândia. Foto: acervo pessoal.

Uma mochila nas costas, alguns trocados no bolso e uma vontade imensa de conhecer pessoas e novas culturas. Estes três itens fazer parte do cotidiano de milhares de mochileiros que viajam pelo mundo gastando muito pouco e sem se prender a nada. Mas, adicione a isso, ir de um lugar a outro sem pagar nada, só na base da carona.
É o que o curitibano Guilherme Eisfeld, de 30 anos, vem fazendo desde o ano passado para conseguir viajar pelo mundo sem provocar um rombo no bolso. Hoje ele ‘mora’ em Berlim, na Alemanha, onde está terminando a segunda faculdade. Mas dá para dizer que seu habitat natural é mesmo nas estradas, tanto que já vai embarcar em mais uma jornada logo após terminar o curso, no mês que vem:
Vou daqui até Pequim de carona, passando pela Polônia, Bielorrúsia, Ucrânia, Rússia, Geórgia, Azerbaijão, Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão, Mongólia e, finalmente, China, explica.
Guilherme está concluindo a faculdade de negócios internacionais, mas em Curitiba tinha feito ciências da computação. Ao terminar o curso, ele conseguiu um trabalho na Índia e ficou um ano por lá. “Quando eu voltei para o Brasil, fiquei três semanas e já quis ir embora de novo. Era para ficar na Alemanha por uns seis meses, e lá se foram quatro anos”, conta, ao explicar como surgiu a vontade de não criar raízes em lugar nenhum.
No meio do caminho
No meio da faculdade, na Alemanha, ele reservou um semestre para estudar na Coreia do Sul. Depois voltou para Berlim e conseguiu um estágio no escritório da ONU em Bangcoc. “Lá eu encontrei um francês que tinha estudado comigo na Coreia e, durante a viagem pela Tailândia, conhecemos dois poloneses que estavam viajando de carona da Polônia para a Nova Zelândia por um ano. Como eu ainda tinha dois meses livres, resolvemos seguir com eles”, conta. Foi essa primeira ‘salada’ de países que despertou de vez o desejo de viajar de carona.
A caminho de Lausanne com a irmã, Fernanda Eisfeld, também de carona. Foto: acervo pessoal.
A caminho de Lausanne com a irmã, Fernanda Eisfeld, também de carona. Foto: acervo pessoal.
A partir de então o curitibano não parou mais. Da viagem com os poloneses ele seguiu para os países do sul da Ásia, como Camboja e Mianmar, voltou para Berlim e seguiu pelo sul da Alemanha, Suíça, França e Espanha. Este último foi um pouco mais difícil, já que a legislação do país proíbe a prática da carona. “No final acabei conseguindo cruzar e aproveitei para visitar alguns amigos brasileiros que estavam por lá”.
O mochilão de carona por esta parte da Europa custou ao Guilherme 118 euros, entre uma passagem aérea para voltar à Alemanha e taxas de hospedagem no Couchsurfing – plataforma online que conecta viajantes a pessoas que têm um sofá ou um quarto para oferecer durante uma estadia e aprender como é o dia a dia delas. É uma forma de economizar com hotéis e albergues e, de quebra, ajuda a conhecer habitantes locais com dicas de lugares que passam longe dos roteiros turísticos.
Entre as viagens que ele já fez de carona neste meio tempo estão países como Lituânia e Letônia e parte do sul do Brasil. Ao todo, a ‘quilometragem’ do curitibano já soma 57 países visitados, milhares de sorrisos dados e uma infinidade de caronas que ele já até perdeu a conta, como relata no blog que mantem com a irmã .

Segurança

Visitando os elefantes da Tailândia. Foto: acervo pessoal.
Visitando os elefantes da Tailândia. Foto: acervo pessoal.
Mas viajar de carona não é tão simples como possa parecer. Assim como o curitibano teve problemas para ‘caronar’ na Espanha, a questão da segurança também conta muito. Alguns países e regiões do mundo estão em situação de guerra civil ou de conflitos internacionais, o que pode atrapalhar os planos de quem deseja mochilar por estes lugares.
Na próxima viagem do Guilherme há paradas em regiões de situação bem delicada, como a fronteira entre a Ucrânia e a Rússia e a guerra civil no Tajiquistão – ex-república soviética entre o Uzbequistão e Quirguistão. “Essa questão de segurança eu estou pesquisando agora, tenho postado nos grupos de viajantes e o pessoal tem me dado dicas legais”, completa o viajante.

Como começar

Guilherme também foi até a terra do Dalai Lama, Mcleod Ganj, um subúrbio de Dharamsala, na Índia. Foto: acervo pessoal.
Guilherme também foi até a terra do Dalai Lama, Mcleod Ganj, um subúrbio de Dharamsala, na Índia. Foto: acervo pessoal.
Para quem quer começar a viajar de carona pelo mundo, Guilherme Eisfeld recomenda buscar dicas com alguém que já faça isso. Ele, por exemplo, começou a partir dos poloneses que conheceu na Tailândia, para “aprender onde pode ir, porque tem lugares que não pode ficar na beira da estrada, aí é recomendado tentar conseguir uma carona num posto de combustíveis,  usar só um cartaz ou apontar o dedo, depende muito do lugar e da situação em que está”.
Ele conta que também é preciso ter muito espírito aventureiro e acreditar que no final sempre dá tudo certo. “Não é pra todo mundo, não dá para romantizar, mas é possível, sim, e a gente acaba encontrando muita gente boa nesse meio”, completa.
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