Turismo

Linda e sem estrutura, Lagoa Azul na região de Curitiba pode virar parque

Flávia Schiochet, com a colaboração de Maria Isabel Miqueletto
16/11/2017 11:41
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A lagoa tem um espelho d'água de 6.500 m² e uma profundidade de 76 metros. O acesso é por estrada de terra. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo | Leticia Akemi

Apesar de ponto turístico popular, a Lagoa Azul, que fica a cerca de 35 Km do centro de Curitiba, não consta nas rotas de turismo rural de Campo Magro. O espaço é de propriedade privada, mas não há cercas ou qualquer infraestrutura no local. Isso significa que tampouco há banheiro, algo para fazer sombra, quiosque para comprar água ou salva-vidas a postos.
“O local está abandonado como ponto turístico. Não tem nenhum regulamento. Enquanto a Prefeitura não fechar o contrato com o proprietário, não tem como interferir. A Prefeitura está procurando investidores para transformar o espaço em um parque”, explicou o secretário de turismo do município, Eros Tozetto.
Maicon Calvolare e sua afilhada Isabelle Calvolare Oliveira na Lagoa Azul. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Maicon Calvolare e sua afilhada Isabelle Calvolare Oliveira na Lagoa Azul. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Quem vai ao local sabe que é preciso se precaver. Maicon Calvolare estava sentado na parte rasa da lagoa com a afilhada Isabele Calvorale Oliveira no colo. A menina intercalava o colo com brincadeiras na água sob a vigilância de toda a família.
No outro extremo do espelho d’água, Luiz Henrique de Souza, de 18 anos, convidou amigos do trabalho para passar o feriado preparando churrasco e nadando. Levaram boias, cerveja, uma churrasqueira, caixa de som, protetor solar e uma regra: as crianças não entram na água. Segundo informações da Prefeitura, a profundidade da lagoa pode chegar a 76 metros.
Esportes radicais
O local enche em finais de semana e feriados ensolarados. “Há uns três anos começou a lotar, principalmente à tarde”, conta Gilson Moreira da Silva, empresário. Desde 2009 ele costuma fazer trilhas de motocross pela região e atribui ao boca-a-boca e às redes sociais o crescimento do público na Lagoa Azul. Na manhã do feriado, Gilson estava acompanhado do amigo Danilo Ribeiro, pela primeira vez no local, e dali seguiram para o Morro da Palha.
A atividade aconteceu no último dia 15, em Campo Magro, Região Metropolitana de Curitiba. Mas poderia ser em qualquer dia de sol.  Foi  quando o casal e sócios Luiz e Chaiene Vieira escolheram uma lagoa para praticar rapel. Refúgio da região, a Lagoa Deco Mafra – popularmente conhecida  como Lagoa Azul – é um o olho d’água de 6.500 m² formada a partir de uma pedreira no município, após anos de extração pela Indústria de Cal Bateias.
A estudante Jéssica Ferreira antes de descer pela primeira vez de rapel. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
A estudante Jéssica Ferreira antes de descer pela primeira vez de rapel. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
O casal pegou a ladeira à esquerda que contorna a lagoa. Lá, montaram um pequeno estande da Team Aventura Vertical ao pé de um paredão de 25 metros.
Do carro, tiraram os kits com cintos de segurança, capacetes e mosquetões. Subiram mais uma ladeira à esquerda para chegar ao topo do paredão, onde prenderam duas cordas para a descida em rapel. Logo em seguida, a guia de turismo Lidiane Vieira chegou com um grupo de 28 pessoas. “Foi a primeira vez que organizei uma excursão, antes vinha apenas com amigos. O custo é de R$ 90 para fazer rapel e trilha e de R$ 55 para fazer só trilha até as Cachoeiras Gêmeas”, explica Lidiane, que organizou o grupo com a JCV Turismo e contratou a Team Aventura Radical.
No topo do paredão, os excursionistas se revezavam para descer de rapel. “Quase morri de susto no começo, mas foi muito tranquilo. É difícil controlar a corda e deixar o pé totalmente encostado na pedra”, contou a estreante Jéssica Ferreira, estudante de 29 anos. Fazia cinco minutos que estava em terra e planejava descer pela corda novamente. “Ficamos o quê? Uma meia hora descendo?”, arriscou. O instrutor corrigiu: “Uns sete minutos”. “Pareceu uma eternidade”, brincou a estudante.
Entre os participantes do grupo, havia os que se contentaram em apenas admirar a paisagem. “É lindo aqui, pena que pixam as pedras e colocam som alto”, lamentou uma turista do grupo, à borda da lagoa.
Serviço
No Google Maps, a Lagoa Azul está cadastrada como Lagoa Deco Mafra, fica a cerca de 35 Km do centro de Curitiba. O acesso se dá pela Rua João Jacob Manfron Neto, em Campo Magro (PR), por uma estrada de terra, sentido Pousada Ebezener e Cachoeiras Gêmeas. Não tem infraestrutura (banheiro, quiosque, salva-vida). Acesso gratuito.
Lidiane Vieira, guia de turismo, fone (41) 99539-8261 e Team Aventura Vertical (rapel), (41) 99245-7960.