Turismo

“Largue o guia de viagem”, pede Zeca Camargo

Folhapress Web
03/07/2016 14:23
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(Foto: Valterci Santos / Agências de Noticias Gazeta do Povo) | GAZETA

“Deixem esse tipo de literatura em casa.” O pedido é do jornalista Zeca Camargo que, ironicamente, lançará em agosto um guia de viagens. “Não tem nada mais triste do que você subir na Torre Eiffel, por exemplo, chegar lá em cima e falar, ‘puxa aqui tem cinco toneladas de ferro, 1.600 degraus‘. Você tem que viver sua experiência”, explica.
O jornalista contou suas experiências como jornalista de turismo na manhã deste domingo (3), na Casa Folha, em Paraty, durante a Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip.
O livro que publicará em agosto, o e-book “Eu Ando pelo Mundo: Paris” (e-galáxia), é um pouco mais do que um guia: mistura relatos pessoais do jornalista na cidade com dicas e referências, e será o primeiro de uma coleção.
Caminhar a esmo
Durante a conversa na Flip, Camargo disse que vê a caminhada a esmo como uma experiência essencial para um turista. “Esse exercício de andar pelas cidades, de se perder, especialmente se você não tem intimidade com o lugar, é muito gostoso”.
Para ele, é inegável que as capitais europeias estão cada vez mais homogêneas como resultado do monopólio de cadeias de cafés, lojas, livrarias. “Isso só reforça a ideia de que é importante você fazer o seu roteiro, para fugir dessa mesmice. Às vezes, os guias indicam coisas de patrocinadores. Se perder, fazer seu próprio roteiro, é o antídoto para deixar as cidades menos parecidas”, sugere.
11 de setembro
Os acontecimentos desde o 11 de setembro mudaram a experiência de viajar, segundo o jornalista, principalmente nas capitais europeias. “Paris, hoje, é uma cidade em que você vê seguranças armados na rua como não se via há três anos. O que virou o jogo foi o episódio do Charlie Hebdo. Esse é o plano dos terroristas, querem assustar e tirar o nosso direito de andar.”
Uma pessoa da plateia perguntou a ele que lugares ele não recomenda que uma mulher visite sozinha, e Camargo citou o Norte da África. “Você pode se sentir incomodada com o assédio, mas isso vai até a página 15. Não conheço relatos de moléstia, quando se viaja à luz do dia, firme, respeitando as pessoas, tudo sai bem.”
E no Brasil?
Turista profissional, Camargo diz que o Brasil ainda tem muito a aprender nessa área. “Fico impressionado com como o país é subaproveitado. Tem que haver uma mobilização do poder público, que precisa reconhecer o turismo como uma indústria importante, dos empresários e dos turistas também, que devem ser mais exigentes.”
Ser brasileiro fora do Brasil já foi melhor, disse. “Ultimamente você fala que é brasileiro e as pessoas riem. Não entendem como vivemos em um país tão bagunçado. Não temos nada para nos orgulhar, nem o futebol! As pessoas perguntam sobre a Olimpíada e acham que vai ser um mico“, contou.