Turismo

Única península do sul do Brasil, Bombinhas é um paraíso também no inverno

*Marina Mori
23/06/2018 17:00
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Praia da Conceição, em Bombinhas, Santa Catarina. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

Passear pela praia no inverno sem entrar no mar pode ser uma experiência incrível. Faça o teste: aventure-se num fim de semana de frio e sol e desça a serra até chegar em Bombinhas, o menor município de Santa Catarina (a região tem apenas 34,5 km² de área). Os 260 quilômetros que separam a única península do sul do Brasil de Curitiba passam rápido.
A energia da cidade é outra na temporada de frio. Ruas vazias, praias desertas, silêncio. Nem sinal da Bombinhas disputada por brasileiros e porteños que competem por um lugar na areia quente durante o verão. Até mesmo a Taxa de Preservação Ambiental (TPA), implementada desde o fim de 2017 para controlar o excesso de carros na região, dá uma trégua aos turistas no inverno. O valor de R$ 26,50 por automóveis de pequeno porte é cobrado apenas no período de 15 de novembro a 15 de abril.

Mar verde esmeralda

Bombinhas é uma península. Isso significa que praticamente toda a sua extensão é rodeada pelo oceano – apenas uma pequena parte de terra é ligada ao continente. O resultado é único: um litoral recortado e repleto de praias, costões, mirantes e ilhas.
É graças a esta singularidade geológica que todas as praias do município catarinense são repletas de águas cristalinas e de tom levemente esverdeado (e conhecidamente geladas, também).
Não só. A península é o local perfeito para quem quer ver de perto animais marinhos como tartarugas, golfinhos e peixes exóticos. Durante o verão, dá até para nadar ao lado deles em praias tranquilas, como a da Sepultura.
Tartarugas visitam a Prainha em um dia de frio e sol. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Tartarugas visitam a Prainha em um dia de frio e sol. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo

Argentino quase brasileiro, ou o porteño que adotou Bombinhas

Suponha que nove em cada 10 estrangeiros pensem automaticamente no Rio de Janeiro quando são questionados sobre um destino obrigatório no Brasil em termos de praia. Bate-pronto, o argentino Orlando Alberto Robles, de 27 anos, é o único a discordar desta resposta.
Em 2016, deixou La Pampa, uma pequena província na Argentina, para conhecer o mundo. Após algumas caronas, foi parar na Bolívia e, na volta, desembarcou em território brasileiro. Mais especificamente, em Santa Catarina. De mar, conhecia pouco – visitara uma vez Mar del Plata, uma espécie de “Balneário Camboriú argentina”; de português, nada. Mas foi só pisar em Bombinhas para saber que ali era seu lugar.
Após muitas aulas de português no app “Duolingo“, hoje o porteño já se considera praticamente fluente no “portunhol”. “Mas no posso dicer que soy fluente porque seria muita… cara di pau”, arrisca ele, sorrindo.
O argentino gostou tanto da cidade que hoje em dia trabalha como guia turístico de Bombinhas. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
O argentino gostou tanto da cidade que hoje em dia trabalha como guia turístico de Bombinhas. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Ao longo destes dois anos, ele voltou para casa, na Argentina, mas não resistiu. “No tem como vir una só vez”. Desde outubro de 2017, fez de Bombinhas seu lar. E se apaixonou tanto pela península que já concluiu um curso de capacitação, oferecido pela prefeitura, para aprender mais sobre a história da cidade.
Resultado: hoje, trabalha como guia turístico da região. “Este lugar é muito único. Toda la gente deberia vir aqui ao menos una vez na vida”, diz, abrindo os braços como quem tenta abraçar toda a vista que os olhos alcançam.
Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo.
Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo.

5 motivos para ir à praia no inverno

Se você ainda não se convenceu de que precisa visitar um destino turístico litorâneo no frio, o Viver Bem elencou cinco motivos para mostrar que um passeio pela praia durante o inverno pode ser inesquecível:

1 – Você não precisa disputar um lugar na areia para estender a canga e montar o guarda-sol

A praia é toda sua. Embora não seja possível entrar no mar entre o início de maio ao dia 15 de junho por conta da temporada da tainha (qualquer barulho ou movimento brusco pode atrapalhar a pesca), o simples fato de estar pertinho da água é suficiente para relaxar.
Até mesmo as mais badaladas de Bombinhas, como Mariscal e Bombas, ganham um ar de sossego durante o inverno.
Praia de Bombinhas, Santa Catarina. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Praia de Bombinhas, Santa Catarina. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Praia da Tainha. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Praia da Tainha. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo

2 – É muito mais agradável fazer trilhas que levam às praias desertas

Mais de 60% do território de Bombinhas é protegido por leis de proteção ambiental. Ao percorrer a trilha de sete quilômetros que leva às quatro praias desertas da península, o contato com a natureza se mostra evidente.
A caminhada dura cerca de uma hora, mas pode levar mais tempo de acordo com a curiosidade de cada turista por cada praia.
Praia de Zimbros. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Praia de Zimbros. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
A primeira é a de Zimbros, batizada desde a época da colonização espanhola e portuguesa – as árvores de madeira perfumada e frutinhas saborosas quase foram extintas do local. Poucos metros adiante, a vista se abre para a praia do Cardoso.
Após alguns trechos íngremes e quase no fim da trilha, a mata semicerrada termina na praia Triste. “Ela tem este nome porque o mercado de escravos era feito aqui”, explica o guia.
A última é a praia Vermelha, cujo nome carrega um significado mais leve. No por do sol, os raios iluminam a areia e as águas com um tom avermelhado único. Quem topar a aventura pode emendar o passeio até a cachoeira (porém, a dica é ir acompanhado de um guia).
Praia Triste, a terceira na rota das quatro praias desertas de Bombinhas. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Praia Triste, a terceira na rota das quatro praias desertas de Bombinhas. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo

3 – Que tal assistir ao pôr do sol no ponto mais alto de Bombinhas sem precisar dividir a vista com ninguém?

Não é chatice. É que, no verão, o Mirante Eco 360° chega a receber mais de 400 pessoas por dia. No inverno, a única preocupação que você terá é escolher o melhor lugar do morro para apreciar o sol descer tranquilo pelo horizonte.
A trilha para chegar ao mirante é curta. Em apenas dez minutos de uma caminhada considerada moderada é possível percorrer os 200 metros que levam a uma vista exuberante. Lá de cima, o olhar alcança as praias de Zimbros, Mariscal, Campo Grande e as ilhas da Reserva do Arvoredo. Mais além, o Morro do Macaco e até mesmo o norte de Florianópolis – em noites sem lua, dá para avistar as luzes da Ponte Hercílio Luz.
Para entrar, é preciso pagar R$ 10. O ingresso dá direito à visita ao museu local, que conta com dezenas de ossadas de animais marinhos exóticos.
Vista do Mirante Eco 360°, no ponto mais alto de Bombinhas. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Vista do Mirante Eco 360°, no ponto mais alto de Bombinhas. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo

4 – É possível ver a pesca da tainha, que ocorre apenas de maio a julho

Quem anda pelas praias de Bombinhas de maio ao fim de julho sabe que, a qualquer momento, um dia pacato pode se transformar no momento mais esperado da temporada. “É o aviso de que tem cardume chegando”, explica, animado, o chef de cozinha Guilherme Mariante, do restaurante Bombordo.
Os pescadores fazem plantão em pontos estratégicos de quase todas as praias da península durante o período. Quem avista por primeiro o brilho prateado das tainhas se movimentando sob as águas dá o aviso. Em minutos, centenas de pessoas se reúnem para ajudar a puxar as redes. É um evento.
Mulheres, crianças e homens de todas as idades se posicionam em fila para recolher os peixes que serão responsáveis por boa parte do sustento da família ao longo do ano.
Fotos: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Fotos: Letícia Akemi / Gazeta do Povo

5 – Não há nada como passear por praias paradisíacas e relaxar ao som do mar

Existem dezenas de estudos que falam sobre os benefícios de ficar próximo a locais com mar, lagos ou rios. O biólogo marinho Wallace J. Nichols até aproveitou o tema para escrever um livro inteiro sobre o assunto, em 2014.
Segundo ele, todos nós temos uma “mente azul”: um estado meditativo caracterizado pela calma, paz e um senso de felicidade e satisfação com a vida. Quando próximos da água ou dentro dela, estas sensações afloram com intensidade em nosso corpo.
Experimente relaxar a sós com o oceano em um dia de inverno. Ouça o som crispado das ondas, sinta na pele a brisa úmida e salgada que vem do mar. Faz bem.
Praia da Sepultura, em Bombinhas. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Praia da Sepultura, em Bombinhas. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo

Assista e inspire-se:

Serviço

*A reportagem foi a Bombinhas a convite da Casa do Turista.
O pacote de três dias e duas noites conta com hospedagem com café da manhã (dois pernoites em apartamento duplo, em Bombinhas), Safari de Bombinhas, Bombinhas Adventure 4×4 – Praia da Tainha e um dia livre.
Valor: A partir de R$ 450 por pessoa (tarifas válidas de 01/05 a 30/10/18, exceto feriados nacionais).
Contato: (47) 3393-6000 – casa@casadoturista.com.br
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