Turismo

Bate e volta: o que fazer em uma cidade histórica do litoral em um só dia

*Guilherme Grandi
30/10/2018 17:43
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A Praça 29 de Julho é o ponto de partida para conhecer Paranaguá. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.

Muito além do acesso à Ilha do Mel e do maior porto graneleiro da América Latina, a cidade de Paranaguá abriga atrações turísticas para quem quer conhecer parte da história do Brasil e da formação do Paraná.  Afinal, foi na cidade que os portugueses pisaram pela primeira vez no estado, há 370 anos.
Com organização, esse legado pode ser conhecido em um único dia de viagem — começando pela Praça 29 de Julho, na beira do Rio Itiberê. Num raio de aproximadamente 15 quadras estão o primeiro mercado público do estado, o antigo colégio da missão jesuíta, a primeira igreja e o maior aquário do sul do país.
De acordo com o agente turístico Tiago Choinski, da Inside Cities, Paranaguá tem muito mais a oferecer do que apenas as primeiras docas portuárias abertas em 1934. A cidade une história e ecoturismo em passeios de graça ou que custam muito pouco.
“Tem muita opção o ano todo, como o aquário, o Museu [de Arqueologia e de Etnologia] com os sambaquis retratando os caminhos coloniais, e o acesso às ilhas do Mel, das Peças e Guaraqueçaba pela baía dos golfinhos. Também dá para visitar a reserva indígena da Ilha da Cotinga, com a primeira igreja construída no litoral do Paraná”, conta.

Vida marinha

Na Rua da Praia está a curiosa escultura do caranguejo, entregue no final do ano passado como símbolo da cidade. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
Na Rua da Praia está a curiosa escultura do caranguejo, entregue no final do ano passado como símbolo da cidade. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
A baía de Paranaguá é considerada pelos ambientalistas como um dos maiores complexos de vida marinha do país, com golfinhos, pássaros e manguezais entre o Parque Nacional de Superagüi e o Parque Estadual da Ilha do Cardoso (litoral sul de São Paulo).
Nesta área estão as ilhas que podem ser visitadas pelos turistas, com saídas diárias da Praça 29 de Julho. Os passeios custam a partir de R$ 45 ida e volta e podem ser contratados direto no trapiche ou nas agências próximas (algumas delas oferecem pacotes com refeição inclusa em restaurantes na Ilha das Peças ou na Ilha do Mel).
Há ainda o passeio pela Ilha da Cotinga, considerada o marco zero da chegada dos primeiros portugueses ao estado. Pouco antes de adentrarem no continente, os colonizadores se instalaram ali por receio dos índios Carijós e Mbyá Guarani, que viviam na região.
No topo da ilha está a igreja de Nossa Senhora das Mercês, construída como uma pequena capela de pedras portuguesas em 1677. Os índios da tribo Mbyá Guarani ainda vivem lá, em uma reserva que pode ser visitada de barco com tarifas a partir de R$ 20.

Centro histórico

O Museu de Arqueologia e Etnologia conta parte da história do Brasil através de um acervo com mais de 70 mil peças. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
O Museu de Arqueologia e Etnologia conta parte da história do Brasil através de um acervo com mais de 70 mil peças. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
De volta ao continente, um passeio pelo centro histórico remete ao passado colonial de Paranaguá, com os casarios coloridos na beira da baía tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O mais imponente tem 263 anos e foi erguido como um colégio jesuíta para a catequização dos índios que habitavam a região.
Desde 1963 o prédio abriga o Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR, com um acervo de aproximadamente 70 mil peças divididas em quatro grandes coleções temáticas. “A cada período a gente exibe parte dele, com artefatos de arqueologia, cultura popular, etnologia e documentação sonora, visual e textual”, explica Adriana Alves, da equipe educativa do museu.
Uma das exposições em cartaz conta a história dos festejos populares brasileiros, com referências aos ritmos nativos como a Congada e o Fandango, e as celebrações da Bandeira do Divino e do Boi de Mamão. Este último com diferentes nomes de acordo com a região, como o bumba-meu-boi no Nordeste e o boi-bumbá no Norte.
Outra mostra aberta no meio deste ano faz o resgate das tradições dos índios Guarani Mbya, com a participação de cinco comunidades do litoral do estado. São peças produzidas por eles próprios usadas para venda como em rituais e celebrações das tribos. Há até mesmo um mapa com a localização das aldeias e como os visitantes podem chegar nelas.
Uma das instalações do MAE-UFPR apresenta a ossada de uma índia de mais de 2.800 anos e uma escultura de como ela aparentava ser. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
Uma das instalações do MAE-UFPR apresenta a ossada de uma índia de mais de 2.800 anos e uma escultura de como ela aparentava ser. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
Ainda no MAE-UFPR está a instalação fixa de um trecho de sambaquis, um depósito de conchas com mais de dois metros de altura que era bem comum no litoral do estado na época da colonização. Lá também está a ossada de uma índia do povo sambaqui, descoberta na região de Morretes com mais de 2.800 anos de idade.
A guia Marcela Bettega, também da equipe de ação educativa do museu, explica que eles se assemelhavam muito ao povo aborígene da Austrália. “Mas, ao encontrarem os índios que chegaram anos depois, houve um grande confronto que dizimou aquela população original”, completa.

Igrejas e palácios

O Santuário de Nossa Senhora do Rocio recebe milhares de fiéis todos os anos. Foto: divulgação.
O Santuário de Nossa Senhora do Rocio recebe milhares de fiéis todos os anos. Foto: divulgação.
O centro antigo também abriga outras construções imponentes e históricas, como as igrejas da Ordem de São Francisco das Chagas – construída em 1794 – e a de São Benedito, fundada pelos escravos negros entre 1600 e 1650. Já o Santuário de Nossa Senhora do Rocio, construído em 1813, se tornou ponto de peregrinação de fiéis de todo o país.
Lá estão ainda o Palácio Visconde de Nácar, que foi sede do Governo da Província do Paraná a partir de 1840; a histórica Estação Ferroviária, inaugurada em 1885 pela Princesa Isabel; e o Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá, aberto em 1896 com manuscritos originais de Vieira dos Santos e a imagem de Nossa Senhora das Vitórias.
Na área da Praça 29 de Julho também está o Mercado do Artesanato, primeiro mercado público do estado construído no começo do século 20 em estilo neoclássico. O espaço já abrigou o mercado do peixe e hoje é um misto de espaço cultural com pequenos restaurantes.

Aquário

Cada aquário tem um monitor com informações sobre a espécie em exibição. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
Cada aquário tem um monitor com informações sobre a espécie em exibição. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
Inaugurado no começo de 2014 após um atraso de quase três anos, o Aquário Marinho de Paranaguá é o maior do Sul do país e abriga mais de 200 animais de diversas espécies em 26 tanques. Alguns deles são interativos e os visitantes podem até mesmo tocar nas raias e nos caranguejos.
Entre os animais em exposição estão o tubarão-bambu, as estrelas-do-mar, tartarugas, jacarés, recifes de corais e peixes de diversas espécies. O local ainda oferece visitas guiadas por monitores e passeios de barco pela região, com ingressos a partir de R$ 10.
A construção do Aquário foi inteira bancada pela empresa Catalini como uma compensação financeira pelos estragos provocados pela explosão do navio Vicunã, em 2004. Naquele ano, parte do cais do Porto de Paranaguá foi destruída, e a companhia se comprometeu a melhorar a infraestrutura da região.
O aquário recebe a visita principalmente de grupos escolares. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
O aquário recebe a visita principalmente de grupos escolares. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.

Porto

O grandioso porto de Paranaguá não é mais aberto à visitação, mas é possível chegar perto pelo mar nos barcos que saem do trapiche da Praça 29 de Março. Os passeios custam a partir de R$ 20 e duram em torno de uma hora e meia pela baía.

Parque aquático

O parque aquático foi reaberto em outubro deste ano. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
O parque aquático foi reaberto em outubro deste ano. Foto: Guilherme Grandi/Gazeta do Povo.
Em Paranaguá há ainda o parque aquático do Hotel Camboa, que passou por uma reforma neste ano e foi reinaugurado na última semana. São duas piscinas com dois toboáguas iluminados e bar molhado com serviço de comidas e bebidas durante a temporada (que vai de de 23 de dezembro de 2018 a 17 de fevereiro de 2019).
O acesso para quem não está hospedado custa R$ 70. Já as diárias no hotel custam a partir de R$ 200.
Serviço:
Passeios de barco pela baía de Paranaguá
Rua General Carneiro, 366, Centro Histórico
Operados por:
Associação de Barqueiros de Paranaguá (Barcopar),
(41) 9916-5037 / 3425-6173
Associação dos Barqueiros do Litoral Norte do Paraná,
(41) 3425-6325
Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR
Rua XV de Novembro, 575, Centro Histórico.
Aberto de terça a domingo, das 8h às 20h
(41) 3721-1200
Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá
Rua XV de Novembro, 621, Centro Histórico.
Aberto de segunda a sexta, das 13h às 17h.
(41) 3423-2892
Igreja de São Benedito
Rua Conselheiro Sinimbú, s/n, Centro Histórico
Aberto diariamente das 8h às 18h.
(41) 3423-2205
Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas
Rua XV de Novembro, s/n, Centro Histórico
Aberto diariamente das 9h às 17h30.
(41) 3422-5224
Santuário Nossa Senhora do Rocio
Praça Thomaz Sheehan, 211, Rocio
Aberto de quarta a segunda, das 8h às 20h, e terça, das 8h ás 18h.
(41) 3423-2020
Mercado do Artesanato
Rua General Carneiro, s/n, Centro Histórico
Aberto de segunda a sexta, das 9h as 17h, e fins de semana das 9h às 15h.
(41) 3425-1156
Aquário Marinho Municipal de Paranaguá
Rua João Régis, s/n (Rua da Praia), Centro Histórico
Aberto de terça a domingo, das 10h às 17h30.
(41) 3425-8063
Hotel Camboa Paranaguá
Rua João Estevão, s/n, Centro Histórico
(41) 3420-5200
*o jornalista viajou a convite do Hotel Camboa Paranaguá.
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