Turismo

Viaje (quase) de graça: saiba como ganhar hospedagem e comida ao redor do mundo

Marina Mori, especial para a Gazeta do Povo
02/07/2017 12:00
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Foto: Bigstock

Sim, é possível viajar quase de graça. Se você estiver disposto a trabalhar algumas horas por dia, pode ganhar hospedagem e até alimentação em vários países do mundo, além da oportunidade de poder conhecer novas culturas. O trabalho? Ensinar o seu idioma a estudantes no Havaí, ajudar na manutenção de um castelo centenário no interior da França ou colaborar em fazendas orgânicas na Nova Zelândia, você escolhe.
Existem diversos sites que disponibilizam esse tipo de oferta para os viajantes que querem encher o passaporte de carimbos sem gastar muito. Entre eles, estão as organizações Workaway, Worldpackers e Helpx, que funcionam como uma ponte entre o intercambista e o anfitrião.
Muita história para contar
Desde que saiu de Florianópolis, o catarinense Vinícius Heidemann, de 23 anos, conheceu quatro países através da organização Workaway. Em cada local por onde passou – Portugal, Itália, Coreia do Sul e Irlanda –, o jovem fez um tipo de trabalho diferente durante duas semanas em troca de hospedagem e, às vezes, alimentação. “Em Roma, eu ajudava a limpar a casa e fazia o jardim de uma família. O trabalho durava quatro horas, então dava bastante tempo para passear”, conta.
Para ele, a experiência cultural vale muito a pena, mas é preciso estar preparado para enfrentar situações difíceis. “Cada lugar foi completamente diferente um do outro, não dá para saber o que esperar. Por isso, é sempre bom entrar em contato com pessoas que já foram para onde você pretende ir”, alerta.  Sua viagem a Seoul, na Coreia do Sul, é um exemplo disso. Quando Vinícius chegou, viu que ninguém da casa falava inglês, embora os anfitriões tivessem garantido o contrário durante as conversas antes do intercâmbio.
“A pior parte foi chegar a um lugar onde não falam a sua língua. Apesar dos problemas de comunicação, no fim todo mundo se entende. Aprendi a contar até 10, pedir por água e banheiro”, relembra.
Embora a comunicação entre Vinícius e a família anfitriã tenha sido difícil, o intercambista teve a chance de viver uma experiência única na Coreia do Sul. Foto: Arquivo Pessoal
Embora a comunicação entre Vinícius e a família anfitriã tenha sido difícil, o intercambista teve a chance de viver uma experiência única na Coreia do Sul. Foto: Arquivo Pessoal
Além das trocas culturais através do Workaway, Vinícius viveu durante dois anos como voluntário em Camphill Communities of Ireland, na Irlanda, uma comunidade presente em países ao redor do mundo que atende pessoas com necessidades especiais em fazendas orgânicas. Para ele, a experiência foi inesquecível. “Foi uma das melhores coisas que eu já fiz na vida. É bem cansativo, mas a gente ganha muito em troca”, diz.
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Conheça algumas organizações em que é possível viajar sem pagar hospedagem e até economizar na alimentação. Além de oferecer auxílio para os viajantes, os sites contam com inúmeros depoimentos de quem já se aventurou nesse estilo de viagem. Passagens aéreas, vistos e seguro viagem ficam por conta do viajante.

Workaway

Ajudar em plantações de hidropônicos no Havaí, ensinar inglês para estudantes vietnamitas ou colaborar com a restauração de um pequeno castelo no interior da França. Todos esses trabalhos e muitos outros estão disponíveis no Workaway. Segundo a organização, atualmente há quase 30 mil pessoas cadastradas como anfitriãs em 155 países e os mais de 190 mil depoimentos podem ser conferidos no site.
A plataforma oferece conteúdos úteis tanto para quem quer se tornar um anfitrião quanto para quem quer ser um “workawayer” e viajar pelo mundo, com dicas de interação e alertas com relação à segurança. O site é todo em inglês.
Taxas
Para se tornar um membro, é preciso pagar US$ 29 por ano, mas caso você queira se registrar com outra pessoa, o valor fica bem mais em conta: US$ 38 por dupla. O casal não precisa necessariamente viajar junto. Existe também a opção de presentear alguém com uma assinatura.
Foco: Trabalhos voluntários com projetos sociais.

Worldpackers

Você quer viajar por dias, semanas ou mais de um mês? Ao responder a pergunta e selecionar áreas de interesse (de “cuidados com a natureza” a “receber e ajudar hóspedes”) e também o destino da próxima aventura (Europa, América do Sul ou Oceania, por exemplo), o site indica uma série de oportunidades disponíveis. Todas as viagens incluem suporte 24h e seguro, caso algo não saia como planejado.
É possível indicar os tipos de recompensas que você quer ter em troca do trabalho no local, como descontos em festas, restaurantes e aulas de idiomas.
O site também oferece créditos de viagem. Funciona assim: quando você convida alguém para fazer parte da Worldpackers e essa pessoa usar seu link para se tornar membro da comunidade, ela ganha 10 dólares; assim que seus amigos se aplicarem para uma vaga, você recebe a mesma quantia.
Taxas
Existem dois planos: o anual custa US$ 49 e, durante esse período, é possível viajar pelo mundo todo e trocar trabalho por hospedagem à vontade; já para a viagem única, o preço estabelecido é de US$ 50 por viagem.
Foco: Intercâmbio de trabalho, voluntariado e projetos ecológicos.

HelpX

O Help Exchange (Helpx) foi criado em 2001 pelo inglês Rob Prince. Depois de ter viajado inúmeras vezes para a Austrália e Nova Zelândia ao longo dos anos, ele percebeu que sua forma de conhecer novos lugares a partir da troca de trabalho por acomodação e às vezes por refeições era muito eficaz. A partir daí, Robert criou o site como um canal de comunicação entre fazendeiros e viajantes. Todo o conteúdo é em inglês.
O viajante pode escolher para onde ir através dos mapas de países como Austrália, Nova Zelândia, Canada e Estados Unidos. Há diversas opções na Europa e também em países da América do Sul (inclusive o Brasil), Ásia e África.
Ao se registrar no Helpx, o viajante recebe o alerta: “prepare-se para trabalhar duro”. O “contrato” cobre que o voluntário tenha um comprometimento de três a seis horas por dia.
Taxas
A inscrição é gratuita, mas nesse caso os viajantes não conseguem contatar os anfitriões. São estes é que têm acesso aos perfis e podem entrar em contato caso se interessem. Porém, ao pagar 20 euros o “ajudante” passa a ser “premier” e então consegue acessar detalhes dos anfitriões.
Foco: Trabalho em fazendas, barcos e hostels.

Camphill Communities

Presente em diversos países, a organização Camphill funciona como uma grande comunidade voltada a atender pessoas de todas as idades com necessidades especiais. Nas mais de 100 fazendas orgânicas, tudo o que é consumido é cultivado ali, da agricultura à pecuária, incentivando o trabalho em equipe e o respeito ao próximo. As comunidades sempre aceitam voluntários, que costumam ficar por um ano (ou dois) ou durante o verão. Dependendo da cidade, é oferecida uma ajuda de custo para quem participa do programa.
Taxas
Não é preciso pagar nada para se tornar um voluntário.
Foco: Trabalho voluntário em fazendas que abrigam pessoas com necessidades especiais.
Site: www.camphill.net – a partir dele, é possível localizar todas as comunidades ao redor do mundo. O conteúdo é todo em inglês.
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