Turismo

Visita inesquecível ao umbigo do mundo

Annalice Del Vecchio
06/08/2009 03:06
Comece a visita a Cusco de cima. A vista privilegiada da Plaza de San Cristobal permite aos recém-chegados compreender porque esta cidade de 400 mil habitantes, com 3.400 metros de altitude, foi transformada no principal centro administrativo e cultural do Império Inca.
Há duas estações bem definidas: no verão chove, e tudo fica verde e florido; no inverno, o tempo é seco e predomina o amarelo.
Do mirante, se avista a Plaza de Armas (do ano de 1.200), Patrimônio Histórico da Humanidade, toda enfeitada por bandeirinhas listradas com as cores do arco-íris. A confusão povoa a mente dos turista, mas segue de antemão o esclarecimento: a diferença entre a bandeira de Cusco e a do movimento gay é a ordem das listras.
Ali, na Plaza de Armas, se realiza a Festa de Corpus Christi, no dia 18 de junho, que mobiliza devotos das 14 igrejas de Cusco e congrega visitantes e moradores. Os alunos das escolas competem com danças típicas e encenações e, depois, se misturam aos jovens turistas que entram e saem de pubs e restaurantes.
Santa Ceia peruana
De dia, os points da praça são outros. A Catedral de 4 mil metros quadrados foi construída sobre as bases do Palácio do Inca Wiracocha, com pedras extraídas dos muros da Fortaleza de Saqsayhuaman. A obra levou 100 anos para ser concluída, de 1579 a 1679, devido ao terremoto de 1650, que destruiu o telhado e diversas colunas.
Perceba a mistura de estilos que vão do Renascentista ao Barroco e o Rococó. Na sacristia há um quadro do Cristo Crucificado, de pintor flamengo Van Dyck, e as paredes estão cobertas de Pinturas da Escola Cusquenha, entre elas, a Santa Ceia, de Marcos Zapata, retratada à moda local: no lugar do cordeiro, ao centro da mesa, há um porquinho da índia, carne muito apreciada na região; os apóstolos bebem chicha morada; na cabeça de cristo, há um raio de sol; e Judas é Francisco Pizarro, conquistador do Peru.
Em Korikancha, onde se ensinavam as mais diversas profissões aos jovens incas, estão as ruínas dos templos mais importantes construídos pelo Inca Pachacutec em 1438, como o Templo do Sol, da Lua e das Estrelas. As pedras usadas nas paredes e muros eram dispostas com menos de 90º, para resistir aos abalos sísmicos. O local, decorado com outro e prata por dentro e por fora, foi saqueado pelos espanhóis.
Templos de adoração
A fortaleza de Sacsayhuaman foi construída em apenas 50 anos por 20 mil homens, que extraíram dos arredores pedras enormes, algumas com mais de cem toneladas, transportadas até o alto da montanha sobre troncos de árvores e planos inclinados.
Articuladas, as rochas edificaram a impressionante fortaleza com formato de uma cabeça de puma, animal sagrado para os Incas. As pedras foram desenhadas de tal modo que, juntas, tornam possível a visualização de animais considerados espíritos das natureza como a serpente, um peixe ou uma ave.
O local começou a ser destruído a partir de 1537, e a parte superior da muralha foi desmontada em 1559, para construir com seus blocos de pedra a catedral de Cusco. É ali, em Sacsayhuaman, que se realiza em junho a principal festa da cidade, a Festa do Sol (Inti Raymi).
A minutos de Sacsayhuman, podem ser visitados outros centros de adoração que circundavam Cusco. Um deles é o santuário de Qenqo (labirinto em quêchua), em homenagem à Pachamama. No local, o guia dará explicações sobre o calendário agrícola, construído ali, e uma gruta com nichos onde se enterravam as múmias e mesas de pedra destinadas ao sacrifício de lhamas.