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Em ano de gravações reais bombásticas, houve ainda espaço para fake news no áudio do Whatsapp

Apesar de 2017 ter sido caprichado em gravações devastadoras para diversas reputações da política brasileira, houve gente que botou o espírito de porco pra funcionar e criou um monte de áudios de mentira que pipocaram ao longo do ano e fizeram o whatsapp pegar fogo. Vamos lembrar de três casos que ficaram célebres.

O primeiro, que apareceu lá por maio, envolveu o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Na gravação, o falso Randolfe falava que, dada a gravidade da crise política do Brasil, ele temia que a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, chamasse as Forças Armadas para fechar o Congresso e depois convocasse eleições gerais. O senador se apressou em desmentir a gravação, dizendo até que o “Randolfe de mentirinha” tinha um timbre de voz diferente do dele.

Outro, que estourou em agosto, tinha como protagonista um diretor da TV Globo que estaria fazendo um alerta sobre o alinhamento da emissora com o PT. O tal diretor fala que a programação da rede, nos próximos meses, seria toda favorável ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e atacaria o presidente Michel Temer (MDB) e o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB) – lembrando que, à época, Doria estava cotadíssimo para ser candidato a presidente no ano que vem.

Esse falso diretor da Globo também dizia que a emissora seria contra a Lava Jato e que o Judiciário e o Ministério Público também seriam muito criticados pelo canal. Além do áudio, a corrente no Whatsapp trazia uma mensagem com o nome do suposto diretor: Luiz Nascimento, e dizia que ele tinha pedido demissão por causa desse alinhamento da Globo com o PT.

Depois da repercussão, o Luiz Nascimento de verdade divulgou uma nota dizendo que não tinha sido o autor da gravação e que continuava trabalhando com a Globo.

Entre as vítimas do boato esteve o próprio presidente Michel Temer: segundo reportagens divulgadas na época, ele teria compartilhado o áudio com amigos, mas fazendo a ressalva de que não sabia se a gravação era real.

Por fim, o terceiro boato também envolve o ex-presidente Lula, mas dessa vez dando ao petista o cargo de protagonista do episódio. Dias depois do depoimento do ex-ministro Antonio Palocci – que trouxe informações pra lá de comprometedoras contra Lula – um áudio de uma falsa conversa entre Lula e o ex-presidente do PT, Rui Falcão, se destacava principalmente pelo trecho em que o imitador de Lula dizia que “alguém deveria ter dado um jeito” em Palocci.

O PT reagiu com força ao episódio. A senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente do partido, chamou o áudio de falsificação grosseira e disse que o PT ia processar os autores da gravação.

O caso acabou tendo uma continuidade peculiar, ao gerar o “boato do boato”: depois de se evidenciar que se tratava de uma imitação, os novos rumores eram de que o responsável pela gravação teria sido o humorista Carioca, do programa Pânico. Crítico do PT e exímio imitador de Lula, Carioca aparecia como o “acusado perfeito” para o episódio. Ele negou a autoria, o que nem precisou ser feito com muito esforço – as imitações de Carioca são de muito maior qualidade do que a do áudio em questão.

A Protagonista encerra esse texto com aquele alerta de sempre: antes de se empolgar (a favor ou contra!) com uma gravação bombástica, cabe sempre checar se o conteúdo tem sentido.

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