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Adolfo Sachsida

Adolfo Sachsida

Anistia

Um conto de duas cidades: o Brasil em 2030

Manifestantes pedem anistia para os réus de 8 de Janeiro no dia 7 de setembro de 2025 (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)

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Enxergo dois futuros possíveis para o Brasil em 2030. De um lado, um país próspero e livre, prestes a eleger uma nova geração de líderes políticos – tanto à direita quanto à esquerda. Do outro, uma nação mergulhada na pobreza e na repressão, onde as eleições se limitam a candidatos previamente escolhidos, sem ligação com a verdadeira vontade popular.

Em setembro de 2030, poderemos estar vivendo a melhor de nossas eras: uma economia sólida, instituições respeitando a divergência e a liberdade em pleno vigor. Mas também poderemos estar imersos em crise econômica e social, marcada por perseguições políticas, censura e restrições crescentes aos direitos individuais.

Esse desfecho depende essencialmente dos próximos seis meses. Uma anistia ampla, geral e irrestrita abriria caminho para a pacificação nacional. Mas, se em vez disso tivermos apenas uma redução de penas, a mensagem será clara: a vontade popular deixou de importar. Nesse cenário, milhões de vozes serão silenciadas ou rotuladas de “radicais”, “fascistas” e outros termos repetidos diariamente em telejornais, onde jornalistas já cederam lugar a militantes partidários.

A possibilidade de anistia poderia pavimentar o caminho para a participação política de um líder com grande capital eleitoral, visto por muitos como o principal adversário do atual governo. Uma eventual vitória sua em 2026, com o firme propósito de guiar um governo de transição, poderia iniciar um período de pacificação nacional por quatro anos. Na esfera econômica, a implementação de um teto para a dívida pública, juntamente com reformas microeconômicas focadas em impulsionar a produtividade, a segurança jurídica e a eficiência na alocação de recursos, seria o alicerce para atrair um forte fluxo de investimentos privados. Nesse cenário, o Brasil poderia alcançar, até setembro de 2030, um estado de contas públicas equilibradas, uma economia robusta e uma sociedade preparada para dar as boas-vindas a uma nova geração de lideranças.

... se em vez disso tivermos apenas uma redução de penas, a mensagem será clara: a vontade popular deixou de importar

Se a anistia fracassar, o caminho será outro. Lula ou um outsider vencerá em 2026. A vitória de Lula significaria mais quatro anos de instabilidade política, uma política econômica errática – baseada no aumento de gastos e impostos – e um governo dependente de narrativas de divisão para se sustentar. Em 2030, a nação estaria radicalizada, com parte da população sem representação e uma economia em colapso, exaurido o impulso reformista de 2016 a 2022. O noticiário seria dominado por uma linguagem que polariza a sociedade, resgatando termos como “inimigos da pátria” e “traidores”. Essa estratégia busca silenciar as vozes dissonantes e deslegitimar a oposição, criando um cenário de conflito permanente que, em última análise, enfraquece a sociedade e compromete o futuro do país, em vez de buscar soluções consensuais.

Se o vencedor em 2026 for um outsider, o futuro será incerto. Há a possibilidade de surgir um estadista capaz de conduzir o Brasil à paz e prosperidade. Contudo, a experiência histórica mostra que outsiders costumam trazer riscos elevados e, muitas vezes, agravam crises já existentes. É importante compreender: nenhum candidato terá apoio da direita se for visto como “candidato do sistema” ou como expressão da chamada “direita permitida”.

Assim, setembro de 2030 poderá marcar tanto o auge de nossa prosperidade quanto o fundo de nossa decadência. Tudo dependerá das escolhas que fizermos nos próximos seis meses.

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