
Ouça este conteúdo
“Nós todos somos admiradores do regime chinês, do Xi Jinping” disse Gilmar Mendes. Lula viajou à China e agora quer trazer um especialista de lá para regular as redes sociais aqui. Em 2011, Dilma Rousseff assinou um acordo internacional com a China para “instrução e treinamento militar, exercícios militares conjuntos”, intercâmbio de instrutores e de alunos, visitas mútuas de navios e aeronaves militares, e eventos culturais e desportivos.
Em 2021, Lula elogiou o “partido político forte” e disse que os “países deveriam aprender” com o modelo chinês. Para Dilma, a China é “admirável” e “uma luz contra a decadência ocidental”. Em 2023, o atual presidente do IBGE, Márcio Pochmann, teve um “diálogo com a direção do Instituto Nacional de Estatística da China”, pois “hoje, com o deslocamento do centro dinâmico do mundo para o Oriente, já não estão perceptíveis as melhores soluções apenas no Ocidente. O Oriente também traz informações”.
É comum ver elogios à China na televisão, nas rádios e nos jornais, como se fosse um país normal, e não uma ditadura totalitária
O ano de 2024 marcou o cinquentenário das relações diplomáticas entre Brasil e China, estabelecidas em 1974, quando o presidente brasileiro era Ernesto Geisel, e Mao Tsé-tung ainda estava vivo. Naquela ocasião, houve sessão solene no Congresso. Brasil e China reconheceram que a relação não é uma simples relação bilateral, mas uma parceria que tem um impacto global. O Brasil aderiu à política de “uma só China” (ponto central para o Partido Comunista Chinês), reconhecendo assim o direito da China sobre Taiwan. O dia 15 de agosto se tornou o Dia Nacional da Imigração Chinesa, e em setembro de 2024 houve um “Dia da China” na Escola Superior de Defesa, com exposição de fotografias, apresentação conjunta de bandas militares dos dois países, demonstrações de caligrafia, um seminário sobre políticas militares entre especialistas e doação de livros. A “Operação Formosa” acontece desde 1988 com outros oito países (EUA, África do Sul, Argentina, França, Itália, México, Nigéria, Paquistão e Congo), mas essa foi a primeira vez que o evento teve exercícios militares de tropas chinesas em solo brasileiro. Também no ano passado, Brasil e China organizaram juntos uma proposta de paz para a guerra na Ucrânia sem reconhecer a culpa da Rússia.
A BYD empresta – sem custo – carros para a Presidência da República e para o Superior Tribunal de Justiça. E nem se contam as empresas, usinas e mineradoras que empresas chinesas compraram no Brasil. Lembrem-se: não existem empresas privadas de verdade em um país totalitário; tudo é controlado pelo Estado.
Há seis anos o Grupo Bandeirantes tem uma parceria com um grupo de mídia chinês. Em 2023, a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) fez um acordo com agência de notícias chinesa Xinhua. No ano passado, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) firmou um acordo com a Organização de Comunicação Internacional da China Ocidental (WCICO). Como se houvesse mídia livre em um pais totalitário...
VEJA TAMBÉM:
É comum ver elogios à China na televisão, nas rádios e nos jornais, como se fosse um país normal. Alguns analistas e jornalistas defendem o modelo chinês abertamente, diante de todos, sem nenhuma vergonha – já testemunhei isso milhares de vezes. Durante a pandemia do coronavírus, muitos elogiaram os tais hospitais construídos em uma semana.
O que ninguém lembra é a repressão no Tibete, as ameaças contra Taiwan, a repressão à Falun Gong, as práticas de extração e comércio de órgãos, a perseguição aos cristãos, o financiamento do regime da Coreia do Norte, as incursões marítimas contra as Filipinas e outros países, a maquiagem de dados oficiais, a censura da internet, o fentanil, a armadilha da dívida usada contra vários países africanos (e não só eles), os bilionários desaparecidos e a total privação de liberdade do povo.
Nos últimos anos, a opinião pública mundial sobre a China piorou muito. O mesmo ocorreu no Brasil, mas aqui a China ainda é vista de maneira mais positiva (32% da população) que negativa (30%); a avaliação positiva ainda está acima da média mundial, que é de 29%. A maioria dos brasileiros até entende que o regime chinês não respeita os direitos humanos, mas que em outros países é pior.
A elite política tenta normalizar a China, mas está difícil.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos




