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Com os dados que temos à mão, sabemos que a energia nuclear é a fonte de energia mais eficiente, mas também a mais limpa (para o meio ambiente) e a mais segura (para o ser humano). Em proporção à quantidade de energia produzida, a energia nuclear polui menos, mata menos, gera menos feridos e menos doenças. Isso já está empiricamente demonstrado há décadas e é amplamente reconhecido pela comunidade científica mundial, a ponto de muitos ambientalistas radicais o admitirem. Isso porque a energia nuclear é densa.
As pessoas se deixam levar pelo medo irracional e no imaginário coletivo ficam 1. os desastres de Chernobyl e de Fukushima – no entanto, a energia nuclear gera poucos grandes episódios desastrosos, enquanto as outras fontes energéticas poluem e matam mais, mas de forma mais gradual, que as pessoas não notam; e 2. o medo do uso militar da energia nuclear, que é diferente do uso civil (embora um nada tenha a ver com o outro).
Cidades mais densas em termos de população são melhores sob vários pontos de vista
Cidades mais densas em termos de população são melhores sob vários pontos de vista. Elas têm uma pegada de carbono per capita (ou seja, poluição) menor; o custo de fazer instalações hidráulicas, elétricas, telefônicas e de gás é menor; o custo unitário do transporte coletivo também é menor. Sobra, ainda, mais espaço para parques (veja-se o Central Park de Nova York). São cidades mais inclusivas, onde todos, inclusive os mais pobres, podem morar perto do trabalho e usar o transporte coletivo. O melhor exemplo é Nova York, e especialmente Manhattan.
A imagem idealizada de cidades com casinhas, cada uma com seu jardim, esconde o fato de que todos precisam ter um carro e dirigir por muitos quilômetros diariamente; o custo das instalações é maior. O clássico exemplo é Las Vegas.
Cidades mais densas são também cidades mais seguras, com menos violência. Mais policiamento, mais “olhos na rua”, como dizia Jane Jacobs. Até a saúde se beneficia: cidades mais densas são mais “caminháveis”, e nelas a obesidade é menor. A taxa de obesidade em Nova York é metade da média nacional; a de Manhattan, um quarto dessa média. De 1960 até hoje, a taxa de obesidade americana aumentou exponencialmente enquanto a do Japão ficou praticamente inalterada. A regulamentação japonesa do uso do solo é menos restritiva, permitindo edifícios que ocupem a totalidade do terreno. O ambiente urbano produzido por essas regras é semelhante ao urbanismo tradicional das cidades pré-carro: ruas estreitas que priorizam os pedestres, facilmente transitáveis, e estacionamento caro. Nas antigas cidades europeias a obesidade também é menor. Nos casos de Europa e Ásia, chega a haver até uma correlação positiva entre densidade populacional e renda per capita: mais densidade, mais renda.
Cidades densas são mais verdes, mais seguras, mais fit! Mas densidade não significa verticalização. São Paulo, por exemplo, é menos densa que metrópoles como Nova York e Londres; também é menos densa que cidades do interior paulista.
No fenômeno da migração acontece algo similar, com os clusters. Muitos imigrantes inicialmente vão para a mesma cidade, para o mesmo bairro, para a mesma casa onde já estão familiares e amigos; depois de achar emprego e casa, eles se mudam, mas ficam nas redondezas. É assim que se criaram as várias Little Italy e Chinatown ao redor do mundo.
Na saúde, diz-se que a densidade muscular parece importar para um bom envelhecimento, com menos quedas e fraturas e melhor recuperação pós-cirurgia. A qualidade do petróleo também tem correlação com sua densidade. Afinal, densidade é uma forma de eficiência, de economia de escala. Além dos clássicos princípios e finalidades que tentamos alcançar com nosso sistema político, como justiça, eficiência e liberdade, talvez se possa adicionar a densidade.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos




