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Adriano Gianturco

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Favoritismo

Lula 2026

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O presidente Lula durante evento na Ilha de Marajó, em 2 de outubro. (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República)

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Tudo está encaminhando para um histórico quarto mandato de Lula: a campanha eleitoral já começou (na verdade, nunca parou), e o governo está aprovando uma série de medidas estratégicas e populistas para ganhar votos. As chances da direita são poucas.

Acabou de passar na Câmara a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais. Sabemos que, na verdade, melhor seria uma simples atualização obrigatória e automática da tabela, mas nos governos precedentes isso não aconteceu. Eles erraram, perderam uma oportunidade e entregaram uma bala na agulha para Lula.

A redução do IR é boa e justa; o problema é como está sendo feita. Em lugar de cortar gastos, aumentam os impostos sobre os mais ricos para compensar, usando o velho discurso contra a elite econômica. A inveja social fica satisfeita; ninguém vai entender que isso espanta capitais, diminui os investimentos, encarece a produção e vai ser descarregado nos preços finais, gerando inflação – que pode até cancelar o efeito positivo da redução de impostos. Mas ainda assim Lula vai conseguir cumprir uma promessa de campanha e aumentar sua popularidade. E quem não votaria em alguém que lhe reduziu os impostos?

Lula navega tranquilamente para a reeleição em 2026, à base de populismo e subsídios

Recentemente, Lula lançou o programa Gás do Povo: gás gratuito para famílias com renda per capita de até meio salário mínimo (R$ 759). O programa chegará a 15,5 milhões de residências, ou cerca de 50 milhões de pessoas. Imaginem o efeito disso para pessoas com essa renda. Se não fosse um programa oficial, seria compra de voto.

Está entrando na pauta a simplificação do processo para tirar a carteira de habilitação. Hoje é obrigatório fazer 45 horas de aulas teóricas presenciais e um mínimo de 20 aulas práticas para a obtenção da primeira CNH. As aulas teóricas não seriam mais obrigatórias, e as aulas práticas não terão limite mínimo. O exame continua, mas a pessoa pode estudar por conta e aprender na prática com menos aulas (dependendo da sua habilidade). Para obter as carteiras profissionais, é preciso ter três anos de experiência; os interessados vão poder consegui-la antes disso. Hoje, o custo médio para tirar a CNH é de R$ 3 mil, um absurdo quando comparado com outros países e um valor proibitivo para muitos. Com a reforma, ele pode cair para R$ 600. Uma diferença incrível. Uma medida justíssima. Hoje, o Brasil tem cerca de 20 milhões de pessoas que dirigem algum veículo motorizado sem habilitação. Elas não vão votar em Lula em 2026?

A popularidade de Lula estava em baixa. O tarifaço de Trump o ajudou (até agora): ele surfou muito bem a onda da soberania e do antiamericanismo, e a popularidade aumentou.

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O Bolsa Família atende 19 milhões de famílias, ou quase 50 milhões de pessoas. O governo ampliou, ainda, o subsídio do programa “Pé de Meia” para 3,9 milhões de alunos, e aumentou em 72,7% o Benefício de Prestação Continuada para 5,8 milhões de idosos e deficientes. Para pegar o voto da periferia urbana, o governo está também estudando a tarifa zero para ônibus. O custo vai ser enorme, e alguém haverá de arcar com ele, mas Lula vai tentar. No total, já temos 94 milhões de pessoas que vivem de algum subsídio.

Hoje, apenas cinco fatores podem quebrar essa trajetória para 2026. Primeiro, a fraude do INSS está se aproximando sempre mais do irmão de Lula, do próprio presidente e do PT. Se algo ficar comprovado, pode haver um efeito, embora seja improvável que a mídia dê o merecido respaldo a tudo isso. Segundo, se a Lei Magnitsky e as tarifas americanas endurecerem, e se isso levar o STF a rachar e abandonar o barco, levando os empresários a pressionar a elite política por alguma mudança, as coisas poderiam mudar. Terceiro, se por acaso, em uma incrível reviravolta, Jair Bolsonaro voltasse a ser elegível, o cenário mudaria radicalmente. Quarto, se Tarcísio de Freitas costurar um grande acordo com o Centrão, com Gilberto Kassab e até com o STF, poderá se tornar um candidato perigoso. E quinto, nunca se descarta algum “cisne preto” (evento imprevisível) durante a campanha eleitoral.

Enquanto nada disso acontece, Lula navega tranquilamente para a reeleição em 2026, à base de populismo e subsídios.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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