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O ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas foi um dos vários aliados de Bolsonaro a ter votação expressiva no primeiro turno.| Foto: Douglas Gomes/divulgação

Vamos para o segundo turno em 30 de outubro – para presidente e governador em alguns estados. Andei fazendo as contas e cheguei a 30 milhões de eleitores que não foram votar, que deixaram que os outros decidissem por eles. Achei estranho o resultado, porque esperava uma decisão em primeiro turno a favor de Bolsonaro, pelo amarelo que vi nas filas de votação no Brasil inteiro, não apenas em Brasília. E pelas manifestações de um lado e de outro: a tradicional militância do PT estava silenciosa, discreta, enquanto os “amarelos” estavam todos exibindo a bandeira nacional, festejando.

Mas a votação acabou com esse resultado em que Lula termina com 5 milhões de votos à frente de Bolsonaro, e ficamos nos perguntando de onde saíram esses votos. Porque, se olharmos as eleições estaduais, Bolsonaro elegeu quase todos os seus candidatos a governador e senador, com exceção de alguns – a mais marcante delas, a do meu amigo Gilson Machado, em Pernambuco, que fez uma excelente campanha para o Senado, mas não conseguiu a vaga.

Em toda parte, auxiliares do presidente venceram: a ex-ministra Damares Alves foi um trator em Brasília, fez quase o dobro dos votos da Flávia Arruda. Bia Kicis, uma das maiores apoiadoras de Bolsonaro, foi a mais votada no Distrito Federal para deputada federal, e o mesmo quase aconteceu com a Carla Zambelli, em São Paulo, a maior apoiadora do presidente na Câmara, que ficou em segundo. Magno Malta, ligadíssimo a Bolsonaro, volta ao Senado. Gustavo Gayer, que é conhecido apoiador do presidente nas redes sociais, foi o segundo mais votado em Goiás. Tereza Cristina, no Mato Grosso do Sul, teve quatro vezes mais votos que o ex-ministro Mandetta para o Senado. O Capitão Contar, que teve o apoio de Bolsonaro “renovado” no último debate, vai para o segundo turno.

No Rio, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi o deputado federal mais votado, e Romário foi reeleito senador; Cláudio Castro foi reeleito governador com o dobro de votos de Marcelo Freixo. No Rio Grande do Norte, Rogerio Marinho, também ex-ministro de Bolsonaro, foi eleito senador; no Rio Grande do Sul, e o atual vice de Bolsonaro, general Mourão, ganhou para o Senado e o ex-ministro Onyx Lorenzoni vai para o segundo turno contra o ex-governador Eduardo Leite. O deputado Hiran Gonçalves, grande apoiador de Bolsonaro na Câmara, derrotou Romero Jucá e será senador por Roraima. O ex-secretário da Pesca Jorge Seif se elegeu senador por Santa Catarina, derrotando veteranos como Raimundo Colombo e Dario Berger. Jorginho Mello, outro aliado de Bolsonaro no Senado, vai para o segundo turno contra o PT para o governo catarinense.

Em São Paulo, nem se fala. As pesquisas diziam que Tarcísio de Freitas e o astronauta estavam lá atrás; pois Marcos Pontes foi eleito senador com 50% dos votos e Tarcísio vai para o segundo turno já com uma diferença grande sobre Haddad. Lembro, ainda, das pessoas que ficaram contra Bolsonaro: Katia Abreu teve três vezes menos votos que a professora Dorinha em Tocantins. E a Lava Jato foi vitoriosa no Paraná, onde Ratinho Junior fez mais que o dobro dos votos de Roberto Requião. Sergio Moro deixou Alvaro Dias em terceiro lugar para o Senado, e Deltan Dallagnol foi o mais votado para deputado federal. São resultados cheios de significado.

Em Minas, o segundo maior colégio eleitoral, Zema passeou, reeleito em primeiro turno. O pessoal todo votou pra senador no Cleitinho Azevedo. Para deputado, no Nikolas Ferreira; como é que toda essa gente vai votar no Lula? Mas Lula venceu em Minas, e foi fundamental esse resultado dele no primeiro turno. Então, fica essa dúvida sobre de onde vieram tantos votos para o PT.

E as pesquisas erraram. Nove pesquisas davam entre 31% e 39% para Bolsonaro – no Datafolha, 33%; no Ipec 31% – e ele teve mais de 43%. É tudo difícil de digerir por enquanto.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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