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A lei do teto de gastos está entre as melhores decisões do Congresso que saíram das amargas lições do período da Lava Jato. Junto com ela, a Lei das Estatais. O atual governo repete a toda hora que o governo anterior desmontou a maioria das políticas sociais e, sob essa cortina de fumaça, tenta desmontar a legislação feita para que não se repetisse a corrupção à custa das empresas do povo brasileiro, como a Petrobras; o mesmo acontece com a lei que segura os freios de governo gastador, que usa o dinheiro do povo para fazer benesses e manter apoios, inchando os gastos, sem melhorar os serviços públicos que são a razão de sua existência e a justificativa dos tributos.
Como o governo quer gastar mais – e para isso inchou-se em 37 ministérios – e não quer que o rotulem de “fura-teto”, inventou um eufemismo para isso: “arcabouço fiscal”. Imediatamente os áulicos aderiram à invencionice e passaram a chamar o fura-teto de arcabouço. Anunciaram a receita daquela marca de fantasia no dia da volta do ex-presidente a Brasília. Afinal, não poderiam deixar o noticiário do dia ser preenchido só por Bolsonaro.
Só que o arcabouço não se sustenta sem alicerces; é uma licença de gastos que tem como consequência a necessidade de arrecadar mais. O ministro da Fazenda acaba de admitir que precisa arrecadar mais R$ 150 bilhões. Ou seja, cobrar mais R$ 150 bilhões dos brasileiros, ainda neste ano. Nada mais simples e fácil que mandarem cobradores de impostos aumentarem a arrecadação, como faziam os senhores feudais da Idade Média.
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Nos tempos antigos de informação de mão única, isso funcionava. Os cidadãos tinham poucas fontes de informação. Mas em tempos de agora, com a comunicação fervilhando nas redes sociais a cada segundo, cada vez menos as pessoas permitirão que as iludam. O governo vai repetindo suas verdades, mas só os que têm preguiça de pensar ou os distraídos vão cair nesse primeiro de abril repetido mil vezes, como ensinaram Goebbels e Stalin. Aí, sai um Datafolha e mostra o pessimismo subindo e o otimismo caindo em relação ao governo. O presidente faz reunião com ministros e os convoca para uma cruzada de otimismo, que venda melhor a imagem do governo, e exorta seus auxiliares a não caírem em lamentações.
Um sabonete pode necessitar de propaganda; um governo que faça propaganda está jogando fora o suado imposto pago pelos pobres. É usar o imposto sobre os alimentos dos mais pobres para fazer propaganda. Governo que governa bem já faz sua propaganda. Governo que governa mal é que precisa de propaganda. Daí a conclusão de que, quando precisa de propaganda, é porque é um mau governo. Vai gastar dinheiro suado do contribuinte e ficar pior ainda. Porque teria de aplicar o dinheiro dos impostos em bons serviços públicos, e não inventar ministérios e dar poder a gente que foi mandada para ser deputado ou senador e abandona seus mandantes eleitores para ser empregada de um chefe só.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos




