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Funcionários da Aerolineas Argentinas não querem assumir o controle da empresa.
Funcionários da Aerolineas Argentinas não querem assumir o controle da empresa.| Foto: Juan Ignacio Roncoroni/EFE

O presidente Lula está na Arábia Saudita. Os sauditas se admiram com o tamanho da comitiva brasileira, mas também se admiram com a falta de fluência em inglês da comitiva brasileira. Eu acho estranho, por exemplo, que o presidente da Apex – o órgão de promoção de exportações do Brasil – não fale inglês. Essa era uma exigência para se ocupar o cargo, mas deram um jeitinho e a exigência foi suprimida. Como o papa não vai à COP, não haverá o encontro de Lula com o papa. E, no fim, muita gente estranha que uma reunião sobre meio ambiente ocorra em uma região produtora de combustíveis fósseis.

Depois, o presidente Lula vai à Alemanha; na volta, não sei se já teremos a confirmação da sua presença na posse do presidente do país vizinho e sócio no Mercosul. Jair Bolsonaro foi convidado, aceitou, e caso Lula também vá haverá uma grande expectativa sobre como o cerimonial da República Argentina vai organizar tudo. Bolsonaro fica representando metade do país e Lula, outra metade, tal como foi no segundo turno da eleição.

Os empregados da Aerolineas Argentinas não querem virar donos da empresa. Por quê?

Falando em Javier Milei, uma jogada sua sobre as Aerolineas Argentinas me chamou a atenção. A empresa foi fundada em 1949, era privada; em 1979, foi estatizada e ficou assim até 1990, quando foi privatizada e adquirida pela espanhola Iberia. Em 2008, voltou a ser estatal. O governo Macri quis privatizar de novo, mas antes que isso acontecesse veio Alberto Fernández e, além de acabar com o plano de privatização, ainda incorporou a Austral, em 2020. A Aerolineas tem 84 aviões e 12 mil empregados. Quando souberam que Milei pretendia privatizar a empresa, o presidente do Sindicato dos Pilotos, Pablo Biró, disse que antes teriam de matá-lo. Os sindicatos botaram cartazes dizendo “a Aerolineas é nossa”.

Foi então que Milei teve a ideia de entregar a empresa para os empregados. A Varig, aqui no Brasil, era dos empregados da Fundação Rubem Berta, que controlava a empresa. Milei disse “são 84 aviões bons, estão querendo comprar outros 12 da Embraer, o EMB 195, é uma frota boa. Os empregados são trabalhadores, são capazes, eles vão acabar expulsando aqueles que estão só fazendo política e não contribuem em nada. Vamos entregar a empresa para os empregados”.

A reação foi “não, não, não, não queremos!” Os empregados não querem, porque aí vão ter de trabalhar e assumir as responsabilidades. É muito mais fácil que o Estado tape todos os buracos e déficits, deixe as pessoas sem produtividade. Esse é o problema da empresa estatal. A Aerolíneas Argentinas é um exemplo, mas temos aí a nossa Petrobras, que já está acabando com a privatização de refinarias.

Mais um ministro resolve fugir dos congressistas

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara e foi questionada sobre os casos de miocardite, pericardite, embolias, morte súbita de jovens, quase um surto. Ela disse que não sabia disso, e depois se levantou e foi embora, alegando que tinha de embarcar no voo de Lula. A presidente da comissão, a deputada Bia Kicis, protestou porque o combinado havia sido quatro horas. Houve um rebuliço e a ministra saiu com os assessores. Eu não sei como avaliar a gravidade de um empregado do poder público, como é um ministro, dando as costas para os representantes diretos do povo, que é a origem do poder. Não sei se ainda não estamos acostumados com a democracia, em que o povo é o mandante, mas não sabe disso, enquanto os mandatários que representam o povo tampouco fiscalizam os servidores do povo, que estão recebendo para prestar serviços ao cidadão, que paga impostos exatamente para isso.

Nunes Marques interrompe a tragédia da retirada forçada de brasileiros em Apyterewa

Uma decisão de Kassio Nunes Marques suspendeu uma ação policial que estava cometendo grande injustiça em Apyterewa. Brasileiros foram para lá, assentados pelo Incra em 1994, mas depois criaram uma reserva indígena em 2007. A tal Extensão Apyterewa é uma reserva de quase 800 mil hectares com 300 índios, 2,5 mil hectares por índio – e nem é mais índio, eu vou chamar simplesmente de “brasileiro” porque não temos de separar, todos são brasileiros. Houve suicídio, houve morte – um sujeito enlouqueceu, quis tirar uma arma de um oficial da Força Nacional, levou dois tiros e morreu –, houve depressão, escola fechando, criança morrendo de medo da barulheira dos helicópteros, dos veículos da polícia, das bombas de efeito moral, gado morrendo de fome, de sede, porque foi obrigado a sair de lá e não tinha mais onde beber, onde comer. Essa tragédia foi suspensa agora.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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