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Nísia Trindade está descobrindo que o ministério é mais complicado do que a Fiocruz
| Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, está descobrindo que o ministério não é a Fiocruz. Na Fiocruz, ela administrou durante muito tempo como administradora absoluta, só que agora no ministério é preciso conversar e receber deputados e senadores, resolver o problema da dengue, da morte dos yanomamis, dos hospitais do Rio de Janeiro, de notas sobre aborto que saem sem o conhecimento dela. Não está fácil. O presidente Lula chamou a atenção dela durante a primeira reunião ministerial deste ano e, por sorte, lá estava participando da reunião ministerial a primeira-dama Janja, que a consolou quando ela achou que ia se desatar num choro.

Mas não é a Fiocruz. É mais acima. Ela disse, por exemplo, que a morte de yanomamis, no primeiro ano Lula, que foi 20 mortes a mais que no último ano do governo Bolsonaro, foi porque no último ano do governo Bolsonaro não registraram todas as mortes. Eu não sei de onde é que ela tirou isso. Também disse que dengue é por causa das mudanças climáticas. Todo mundo sabe que dengue é por causa do lixo que não é recolhido, da água parada, que fica virando criatório de mosquito. E aí ela tem nas mãos dela um recorde de casos de dengue no Brasil. Um milhão e 800 mil casos, com 560... acho que é 561 mortes. Problema sério.

Gilmar Mendes

Gilmar Mendes tem estado em Portugal com frequência e dá entrevistas para a televisão portuguesa. Eu vi hoje uma entrevista de meses atrás em que ele disse que o 8 de janeiro não tem característica de golpe. O que foi, foi uma baderna, um quebra-quebra, como tantos que já aconteceram em Brasília. No entanto, agora ele está dizendo diferente, disse que os depoimentos que apareceram, foram divulgados, que são um sinal de que nós nos livramos da máquina da ditadura. Eu acho que não.

Totalitarismo, ditadura, tirania ocorre sempre que não se respeita a Constituição, principalmente nos direitos e garantias dos deputados e senadores, que são invioláveis por quaisquer palavras, e das pessoas que podem se expressar livremente, sem qualquer censura, é o que diz a Constituição. Então, são questões aí... Aliás, é estranho, né? Cada vez que o ministro do Supremo dá entrevista - o que não devia fazer, pois juiz não fica dando entrevista, o juiz fala nos autos - acaba havendo contradição ou até antecipação de voto de sentença, o que é proibido para a magistratura. Fica estranho isso. Mas enfim, esse é um novo país que a gente está vendo aí de politização do judiciário.

Essa é a reclamação da Faria Lima, dizendo que estão trancando investimentos, que estão com medo de investir. Investidores estrangeiros idem, por causa da insegurança jurídica.

Segundo eles, para a Faria Lima - está publicado na Oeste, na Gazeta do Povo - o problema é a politização do judiciário, politização de juízes, expressando suas opiniões. Todo mundo tem direito de expressar a opinião, menos o juiz, que tem que ter isenção. A justiça é cega, não está vendo, está apenas pesando os dois lados, o lado da lei e o outro lado, ou os dois lados que vieram pedir justiça em casos cíveis. Enfim, esse é o Brasil de hoje.

Imprensa x redes sociais

E só para lembrar, na minha profissão, a gente dizia, lá atrás - eu tenho 52, 53 anos de jornalismo - que a imprensa, o jornalismo, era o quarto poder. E agora a gente está vendo muito claramente que o quarto poder, que eram os meios de comunicação institucionais, cederam esse poder para as redes sociais, para o povo diretamente. O povo fala através das redes sociais.

Eu tenho dito que as redes sociais são o antídoto para a mentira. Há mentira dentro da rede social, só que a mentira é desmentida cinco minutos depois. Ela não fica como nos meios tradicionais que simplesmente se pereniza porque o desmentido não aparece. Então é isso.

Conteúdo editado por:Jônatas Dias Lima
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