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Marcos Valério
Marcos Valério foi condenado a 37 anos de prisão no esquema do mensalão do PT.| Foto: Marcelo Andrade/Arquivo Gazeta do Povo

Quando eu era menino e via uma pessoa tatuada, em geral era marinheiro, trabalhava no cais do porto; hoje é moda, tatuagem, piercing, etc. e tal, e há muita gente ganhando muito dinheiro com isso. Por que estou contando essa história? Porque ontem a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou um projeto de lei – que já veio da Câmara dos Deputados, onde é mais difícil de passar – de autoria do deputado Fred Costa (Patriota-MG), que considera crime tatuar ou colocar piercing em gato e cachorro. Dá de 2 a 5 anos de prisão. É uma alteração na lei ambiental. Fazer isso equivaleria a maus tratos aos animais, pois, segundo a justificativa, provoca infecções, reações alérgicas, cicatrizes, queimaduras e irritações permanentes. São coisas que ficam por toda a vida do animal. Agora, vai para outras comissões e certamente será aprovado no Senado.

Câmara vai ouvir Marcos Valério

Enquanto isso, na Câmara, ontem também, a Comissão de Segurança Pública aprovou requerimento do deputado mais votado do Brasil, Eduardo Bolsonaro, para convidar e ouvir Marcos Valério, o homem que teve a maior condenação no mensalão, por ser operador do PT. A Veja divulgou o depoimento dele, homologado pelo Supremo, em que ele disse administrar um caixa ilegal, clandestino, do PT, de R$ 100 milhões. Valério chega a afirmar que Lula seria o mandante da morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel. E que havia ligações com perueiros, ônibus, bingo lavando dinheiro do PCC. Eduardo Bolsonaro, no discurso, lembrou do PCC declarando que tinha uma “relação cabulosa” com o PT. Apareceu também, recentemente, o caso do tal contador que lavava dinheiro para o PCC, no mesmo endereço do Lulinha, e fazia o imposto de renda do Lula. O objetivo, então, é ouvir Marcos Valério, que foi o meio de campo, durante um certo tempo, naquele mensalão criado no primeiro e segundo governo Lula para comprar voto no Congresso Nacional, para saber mais a respeito de todas essas ilegalidades.

Aí eu fico pensando, até conversei com um jurista: mas tudo isso não está prescrito, não é de 20 anos a prescrição? Prescreveu esse ano, Celso Daniel foi morto em 2002. Ele me explicou que o prazo da prescrição só começa a contar a partir do momento em que é apontada a autoria. O indiciado, conhecido como “Sombra”, que levou Celso Daniel para o seu último jantar, já morreu em 2016, de câncer. E houve sete assassinatos de gente envolvida no caso. Investigadores, peritos, chegou a morrer até a promotora; ela estava num carro blindado que foi atingido por outro veículo, saiu capotando e o outro carro fugiu. São esses mistérios que é preciso esclarecer, não podem ficar no ar. E isso não prescreve enquanto não se apontar o autor.

“Sombra” foi indiciado, mas não foi considerado o autor; precisa haver autoria. Assim como precisa de autoria a história do deputado que deu o álibi para Adélio Bispo, que estava em Juiz de Fora e, no mesmo dia, na mesma hora da facada, “estava” na Câmara dos Deputados visitando algum deputado que autorizou a sua entrada dele. Como é que não se apurou isso até hoje? Como é que não se apurou a causa? Os autores da morte da Marielle Franco estão presos, é preciso apurar também. Já estão presos os autores, é preciso apurar se há mandante e qual foi o motivo da morte, no Vale do Javari, do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Philips. São coisas que precisam ser lembradas e apuradas, não podem ficar no ar, porque deixam uma espécie de fantasma assombrando o país. Nós já temos um Código Penal que, segundo os advogados criminalistas, é uma mãe para o culpado. É terrível isso.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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