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João Doria e Simone Tebet: tucano desistiu da disputa, abrindo espaço para o PSDB apoiar a senadora.
João Doria e Simone Tebet: tucano desistiu da disputa, abrindo espaço para o PSDB apoiar a senadora.| Foto: Reprodução/Redes sociais.

Doria desistiu mas não resolveu o enigma tucano. O PSDB continua em cima do muro, agora balançando entre Simone Tebet e Eduardo Leite. Ficar com Eduardo Leite escancara um golpe contra Doria, o vencedor da prévia do partido; ir para Tebet mostra a carência de nomes tucanos, ao adotar a candidata do MDB.

Nesta segunda (23) ele chegou ao encontro com seus correligionários já decidido, de discurso pronto e acompanhado da mulher, dona Bia, e do irmão Raul. Lançou uma frase destinada a se lapidar “Me retiro da disputa com o coração ferido mas com a alma leve.” Afinal, fora rezar em Goiânia na véspera. O choro, depois, nos braços de Bia, fez lembrar a Pietà - e pareceu tão sincero quanto o recolhimento com as mãos postas, em oração. E ainda fez uma frase de marketing, projetando seus 2%: "Agradeço aos seis milhões de brasileiros que manifestaram a intenção de votar em meu nome para presidente.” Doria sendo Doria. PSDB sendo PSDB.

O episódio faz parte de um problema mais amplo: a ausência de nomes conhecidos e populares em grandes partidos. O MDB, o PSDB e o Cidadania (novo nome do PCB) se reúnem nesta terça-feira (24) para continuar a busca de candidato e, ao que tudo indica, vão convergir para Simone Tebet, a senadora ex-prefeita de Três Lagoas-MS. Ela se tornou conhecida na patética CPI da Covid, mas não muito. Além do seu estado, vai ser difícil conquistar eleitores.

No próprio MDB há divergências. Como já se viu num jantar em Brasília entre senadores do MDB e Lula, a preferência do partido no Nordeste é pelo ex-presidente. De Minas para o Sul, as preferências são aderir a Bolsonaro. O Cidadania vai a reboque e o União Brasil já caiu fora, com o candidato auto-escolhido, o presidente do partido Luciano Bivar, outro quase desconhecido, a não ser pelos iniciados em política. Imagino o quanto o DEM esteja se lamentando de ter se juntado ao PSL para formar o União Brasil.

Nem mesmo o PT está seguro de sua escolha. As trocas de comunicadores e marqueteiros mostram isso. E até há petista sonhando com Ciro Gomes, que teria menos rejeição que Lula, cujo passado o condena. Também há petistas tentando atrair Ciro, mas Ciro está firme na regra três de Lula. Tanto que faz críticas a Lula e parece estar esquecendo de Bolsonaro. O presidente que busca a reeleição, por sua vez, está aceitando todos os convites para eventos e levando seus ministros para apresentar resultados de obras todas as semanas. As multidões que atrai servem como água fria sobre as pesquisas que põem Lula na frente, embora evitando o front.

E a torcida do Supremo e do Tribunal Eleitoral mostrou movimentos nesses dias, maiores que o senta-levanta que o presidente deu no ministro Alexandre de Moraes, na posse do TST. A corte foi unânime em recusar ação do ex-presidente do PT, deputado Rui Falcão e de Fernando Haddad, para obrigar o presidente da Câmara a despachar pedidos de impeachment do partido.

E agora Alexandre de Moraes volta atrás e revoga sua liminar que proibia o presidente da Câmara de convocar eleição para substituir os membros da Mesa Diretora que foram eleitos por seus partidos mas trocaram de legenda. Foi a pedido de um interessado, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, opositor de Bolsonaro, que saiu do PL e foi para o PSD. Lira já convocou eleição para esta quarta. Será que Moraes, enfim, leu o segundo artigo da Constituição, sobre poderes independentes e harmônicos?

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