Com o segundo turno entrando na reta final, já é possível dizer que o tema do aborto nesta eleição presidencial não chegou nem perto de ter o destaque que teve nas eleições de 2010. Naquele ano, a essa altura, José Serra, o então candidato do PSDB, exibia grávidas vestidas de branco em sua propaganda eleitoral para se mostrar como antagonista do aborto livre defendido escancaradamente pelo PT, mas negado por Dilma, que não teve vergonha de cair em contradições constrangedoras para evitar a imagem da feminista radical que era até poucos meses antes de se lançar como candidata.
A mudança repentina de opinião era tão frágil que rendeu dúzias de vídeos no YouTube, a maiora satirizando as duas versões de Dilma, além de uma reportagem histórica da revista Veja, que destacou a defesa convicta da legalização do aborto feita pela militante e depois ministra Dilma, contrapondo com o discurso inventado e mais palatável aos eleitores da candidata Dilma. A capa foi essa:
Aquelas eleições também tiveram um protagonista paranaense na batalha travada nas redes sociais. Uma palestra do Pastor Paschoal Piragine Júnior, da Primeira Igreja Batista, em Curitiba, foi publicada no YouTube e se tornou viral em poucas horas. No vídeo o religioso denuncia a oficialização do apoio à legalização do aborto feita pelo PT, chama a decisão de “institucionalização da iniquidade” e insiste para que os fiéis não votem no partido. Nada do que o pastor disse era novidade para quem estava acostumado a acompanhar o tema – o apoio do PT ao aborto livre é mais antiga – mas o sucesso do vídeo, que em poucos dias alcançou 1,1 milhão de pessoas, mostrou que o público acolheu a denúncia como se fosse um furo de reportagem. Clique aqui parra assistir uma versão do vídeo.
Outros vídeos que viralizaram foram as antigas gravações de entrevistas concedidas por Dilma, quando ainda não se preocupava em dizer o que lhe viesse à mente. Um deles é o que segue abaixo, de uma sabatina promovida pela Folha de S. Paulo com a então ministra Dilma Rousseff:
Nas eleições deste ano ao que tudo indica, o tema ficou mesmo restrito aos candidatos nanicos no primeiro turno. Aécio já declarou em mais de uma ocasião que é contra a prática e considera a atual legislação satisfatória, mas prefere não explorar o tema nos programas de rádio e TV. Dilma, é evidente, não vai nem citar aborto. Seria um baita tiro no pé, já que ao longo desses quatro anos de governo foram inúmeras as tentativas de legalização, seja por parlamentares do PT, juristas militantes ou via medidas sorrateiras do Ministério da Saúde.
Se as insistentes tentativas de legalização do aborto vão continuar, ainda é impossível dizer, conforme mostram as pesquisas eleitorais. Na pior das hipóteses, o cidadão que defende a vida de inocentes no ventre materno, desde a concepção, pode ficar feliz ao menos com a decepção demonstrada pelos entusiastas do aborto no PT . Em seu site oficial o partido admite que, com o congresso eleito neste ano, vai ser bem mais difícil aprovar a legalidade do assassinato de nascituros na próxima legislatura.
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