![Pequenas histórias sobre judeus em Curitiba Pequenas histórias sobre judeus em Curitiba](https://media.gazetadopovo.com.br/vozes/2010/07/riachuelo_180710-eeb119ac.jpg)
![Hedeson Alves/Gazeta do Povo](https://media.gazetadopovo.com.br/vozes/2010/07/riachuelo_180710-624x414-eeb119ac.jpg)
Geni Wilner, “viúva do Isaac Wilner”, como gosta de ser chamada, na frente da residência em que foi criada: esperança de que a casa não caia
No último mês, duas matérias me apresentaram a uma história pouco comentada nos círculos da memória curitibana: a da presença dos judeus na cidade, a partir do final do século 19, com acento maior a partir da Segunda Guerra.
Aconteceu por acaso. O primeiro texto foi um perfil com
A segunda reportagem – publicada neste domingo com o título “
Não é todo dia que se encontra uma personagem com a força e a personalidade de Sabine. A gente se sente, de fato, dentro de um filme. Igualmente raro é ter a oportunidade de fazer uma matéria sobre a “memória da casa”. O assunto interessa – foi a segunda matéria da Gazeta do Povo mais lida no domingo, 18 de julho – mas em geral sucumbe diante de temas do noticiário.
O que uma reportagem sobre a história de uma casa e de uma família pode mudar na vida dos leitores? Ora, muda a relação com a rua, com o espaço, quiçá com a própria memória. A moradia da Riachuelo, 407 – uma Unidade de Interesse de Preservação em vias de desabar – é o endereço do que os especialistas chamam de “pequena história”. A expressão se refere àqueles fatos modestos, cotidianos, mas que são representativos da mentalidade de uma época.
Dora e Jaime – à revelia da rotina de trabalho na Casa Paris – eram dois sobreviventes. Talvez por isso tenham feito de seu endereço o entreposto para jovens judeus, que ali encontravam a mesa farta, mas também a alegria a irreverência do dono da casa. Jaime é descrito pelos sobrinhos Geni Wilner e Bernardo Rzeznik, herdeiros do 407, como um homem alegre, dado ao carteado, irreverente. Em miúdos, traduziu em sua vida o encontro com o Novo Mundo, longe das agruras do nazismo.
Na esteira do encontro com Sabine, Geni – a sobrinha que Dora e Jaime queriam como filha – e Bernardo acabou levando a um quarto personagem: o ex-secretário da prefeitura e de governo, hoje comerciante, Gerson Guelmann. Ele reúne material para escrever a história de Salomão Guelmann, o homem que recebeu dezenas de judeus foragidos do Terceiro Reich. Sua ação em prol dos foragidos merecia ser contada nas escolas. Talvez não o façamos por timidez ou por ignorância.
Terminada a reportagem, o desejo é que Gerson termine logo seu livro e nos dê a oportunidade de conhecer em profundidade a luta desse Oscar Schindler à curitibana.
Em tempo. Personagens não faltam na comunidade judaica. Gerson, por exemplo, é dono de uma pequena rede de lanchonetes especializada em esfihas, uma iguaria árabe. Margarita Wasserman – que ajudou a reconstruir a memória dos Lerner – se tornou escritora já na terceira idade. É dela o conto a viva-voz que acompanha a reportagem. Geni Wilner, a sobrevivente, ainda observa a casa da Riachuelo, 407 pela janela. Tem saudade do marido Izaac Wilner, morto há dez anos, a quem cita a cada minuto. Mas avisa que pede a ele que não a chame para estar com ela. Gosta muito de estar por aqui – precisamente na Riachuelo, à revelia de todos os problemas que têm. Essa é a marca dos sobreviventes.
-
Calamidade no RS acirra guerra eleitoral entre governo e oposição
-
Congresso impõe derrotas ao governo, dá recado ao STF e reafirma sua autonomia
-
Os recados do Congresso ao governo Lula e ao Judiciário; ouça o podcast
-
Ministro acusou Guiana de “chupar” petróleo do Brasil. Saiba por que isso não faz sentido
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião