
A apreensão de uma cópia em 35 mm do longa sérvio de Srdjan Todorovic, e a demora por uma determinação de classificação para o filme por parte do Ministério da Justiça, criaram um mal estar no meio cinematográfico nas últimas semanas, a ponto de gerar uma nota de repúdio por parte Associação Brasileira dos Críticos de Cinema (Abracine).
Na tarde de hoje, o festival de gramado reuniu a Luiz Zanin, crítico e diretor da Abracine, Frederico Machado, diretor da Lume Filmes, João Pedro Fleck, diretor do Fantaspoa (Festival de Cinema Fantástico de Poto Alegre) e Roger Lerina, crítico de cinema e diretor da ACCIRS no debate: “A censura voltou? Veto ao longa Serbiam Film”.
Outra participação foi do diretor- adjunto do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação do Ministério da Justiça, Davi Pires, que explicou sobre os critérios de classificação indicativa e o porquê da demora: havia pedido do Ministério Público para que o Ministério da Justiça proibisse a obra, o que não foi acatado, além de não ser possível, já que a censura é proibida desde a instituição da Constituição de 1988.
Ontem, o MJ finalmente classificou o filme como impróprio para menores de 18 anos, decisão que será publicada na segunda-feira no Diário Oficial da União.
No entanto, não há garantias que não ocorram novas censuras – assim como ocorreu no Rio de Janeiro, que proibiu a exibição do filme no final de julho e apreendeu a cópia em 35 mm.
Para os críticos presentes, o filme tem uma qualidade bastante questionável e não merecia todo o destaque a a polêmica que recebeu. “É um filme de terror que toca em pontos cruéis. Mas é a mesma coisa questionar filmes que mostram assassinatos. Se todos eles incetassem as pessoas cometerem crimes, muitos seriam censurados”, disse João Fleck, do Fantaspoa, onde o filme foi exibido.
Zanin disse que não gastaria “nem cinco minutos” escrevendo sobre Serbiam, e que o fundamental é discutir a probição. “Existe a concepção de que a sociedade brasileira tem de ser tutelada. Um estado laico não pode abrigar esse tipo de pensamento”.

Mesa-redonda debateu veto do filme sérvio no Rio de Janeiro



