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Dilema do pé esquerdo: Só Marta salva o Brasil na véspera da abertura

Stringer / AFP

O romantismo ainda tem espaço no futebol atual. Duvida? Então assista qualquer apresentação da seleção brasileira feminina. Aos amantes do futebol arte, bem jogado, sem deixar de ser objetivo, é só acompanhar o ritmo de Marta, a melhor jogadora do mundo e camisa 10 da equipe tupiniquim. A canhota da jogadora certamente ainda fará muitos estragos nestes Jogos Olímpicos de Pequim, entortando adversárias e balançando muitas redes. Mas não foi só ela quem apareceu com o pé esquerdo pelos lados da delegação brasileira. A postura do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) nos casos do jogador Jackson, cortado por uso de maconha da seleção masculina de handebol, na desistência de Juliana do vôlei de praia e no corte de Érika Miranda no judô, foi lamentável. Os incidentes fizeram o Brasil começar com o pé esquerdo, literalmente, a sua participação em Pequim.

Explica-se: no caso do handebol masculino, o paulista Alê, que atua no Unopar/Londrina, já sabia no fim de julho que participaria das Olimpíadas. O próprio concedeu entrevista ao Globo Esporte falando a respeito no dia 29 do mês passado. Mas nem ele soube explicar a demora para o seu embarque, o que só ocorreu na última segunda-feira, após o corte (já conhecido há vários dias por COB e pela Confederação Brasileira de Handebol) de Jackson. As assessorias das duas entidades colocam a “culpa” uma na outra, em clara demonstração de péssima organização (e comunicação).

A falha de comunicação também fica clara nos casos de Juliana e Érika Miranda. Era notório no caso da jogadora de vôlei de praia que o seu caso inspirava cuidados, mas a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) não acompanhou a situação de perto, muito menos questionou de forma clara e precisa a desistência da dupla da etapa da Áustria do Circuito Mundial. Certamente as dores que fizeram a jogadora desistir e abrir espaço para Ana Paula jogar ao lado de Larissa já existiam, mas os médicos procuraram deixar nas mãos de uma atleta envolta na emoção e na difícil escolha que teria de fazer a sua participação ou não. É um drama individual, mas que poderia ter sido contornado de forma mais clara e rápida.

Uma aberração maior se viu no judô, uma vez que os médicos da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) sabiam que a judoca Érika Miranda não se recuperaria a tempo. Então, nada mais lógico do que levar a reserva imediata, Andressa Fernandes, certo? Errado. Segundo o coordenador técnico da CBJ, Ney Wilson, “só tomamos ciência da extensão da lesão aqui em Pequim”. Não se é para rir ou se é para chorar. Aliás, é má vontade ou incompetência. Assim, a categoria meio-leve (-52kg) não terá nenhuma brasileira, por “falta de tempo hábil” para o deslocamento de Andressa e para sua inscrição.

Apesar de ver que não é só no belo futebol no qual craques como Marta os dirigentes brasileiros deixam a desejar, ainda torço muito para que a campanha de cinco ouros, duas pratas e três bronzes de Atenas, há quatro anos, seja superada até o próximo dia 24 de agosto. Talento aos nossos atletas não falta. Resta saber se novas lambanças de quem deve tomar as decisões mais sensatas permitirão.

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