Cena da animação Coraline.
Todo mundo mais ou menos sabe o que são as lendas urbanas: histórias que ficam conhecidas em determinados lugares da cidade, que marcam esses locais e muitas vezes perduram por décadas sendo contadas de geração para geração.
Levei um susto ontem quando fui pegar minha filha de 7 anos ontem na escola e percebi que ela estava muitíssimo impressionada com uma tal de “Maria Sangrenta”. Como era dia de reunião, permaneci por lá tempo suficiente para descobrir que a história da personagem surge de tempos em tempos na escola. Todas as crianças que cruzei da mesma turma não falavam em outra coisa: Maria Sangrenta.
Professora e coordenadora já estavam cientes do boato e nos falaram que “o caso” seria tratado de acordo com a “gravidade”, como se fosse um conteúdo extracurricular que surge inesperadamente.
O problema foi na hora de dormir quando o barulho do cachorro do vizinho e os passos dos moradores do apartamento de cima ao nosso expulsaram minha filha, ainda em vigília, para minha cama aos prantos.
Coisa parecida aconteceu quando ela assistiu ao filme Coraline, uma fábula assustadora sobre troca de mães, que tirou o sono tranqüilo da menina por umas boas semanas. Na época achei que ela nunca mais voltaria para a cama dela…
Mas o tempo passa e podemos tirar algumas lições desses episódios: primeiro, é saber que as crianças, cedo ou tarde, têm contato com coisas assustadoras, que precedem fatos reais ruins que elas irão presenciar um dia. O mundo do faz-de-conta é um ótimo e saudável ensaio para a vida adulta. E quando a gente vai vivendo esses dilemas junto com as crianças, vamos aprendendo a confortá-las, sem deixar de passar mensagens de autocuidado e precaução.
