Caso Pavinatto: os bolsonaristas precisam parar de abraçar qualquer um

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Dada a reação da caixa de comentários do meu penúltimo texto, tenho que voltar ao assunto Pavinatto, abraçado pelos fiéis da Igreja Bolsonarista dos Últimos Dias como um dos maiores e mais bravos comentaristas conservadores, além de gênio do Direito.

Segundo o leitor pode conferir nesta matéria do Guia Gay São Paulo, em 2020, Pavinatto era um candidato do MBL a vereador que pretendia olhar para os LGBTQIA+ mais vulneráveis: as "crianças e adolescentes", que, segundo ele, sofrem violência doméstica por sua condição. (Sim, ele usa essa sigla grande: frase é "Se eu tiver a oportunidade, quero olhar para os mais vulneráveis agora: as crianças e adolescentes LGBTQIA+.") Na mesma matéria, ele explica que saiu do MBL quando este se aproximou da bancada da bala e da Bíblia, mas voltara quando o movimento reconheceu o erro e compunha então o MBLGBT.

Cconforme vemos no Painel da Folha de S. Paulo, no ano de 2021, sua agenda continuava a mesma, e ele acionara o Ministério Público Federal para punir Jair Bolsonaro e a Jovem Pan por homofobia, valendo-se da equiparação entre homofobia e racismo. Motivo: Bolsonaro fez uma piada de duplo sentido, que o leitor pode conferir clicando aqui.

Seu envolvimento com a censura inclui live com o relator do PL das Fake News, como denunciou à época Flávio Morgenstern. Este se refere assim a Pavinatto: “o advogado do MBL com livro prefaciado por Gilmar Mendes e autor do pedido de impeachment mais risível do país”. Isto me motivou a procurar o referido pedido de impeachment. Nisso, descobri que Pavinatto é polivalente em pedidos de impeachment, pois o que eu encontrei foi ele pedindo o impeachment de Bolsonaro por quatro crimes de responsabilidade em artigo para a Folha de S. Paulo. Basicamente a lengalenga de genocídio por causa da covid. Cito-o: “quando Bolsonaro chama o vírus de uma pneumonia letal de “gripezinha”, trata medidas preventivas adotadas mundialmente como histeria e diz que tudo se trata de uma grande enganação dos governadores adversários e da imprensa detratora, convidando o país para o fim do isolamento, além de revelar traços de demência, ele mente… e mente, inclusive, sobre o resultado do próprio exame para coronavírus (o que tenta acobertar através de vergonhosa restrição à Lei de Acesso à Informação); e não é dado ao presidente o direito de mentir (tal direito só existe para o réu no curso de sua defesa em processo penal).”

Então se vocês acham que Pavinatto é um gênio do Direito, o mínimo que podem fazer é parar de enviar pix para Bolsonaro, já que ele matou todo mundo na pandemia e merecia um impeachment. Mas vocês podem também tomar vergonha na cara e parar de idolatrar qualquer um que diga o que vocês querem ouvir.

Bruna Frascolla

Bruna Frascolla é doutora em filosofia pela UFBa e autora de "As ideias e o terror" (República AF, 2020). Colabora com a Gazeta do Povo desde 2020. **Os textos da colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.

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