As revelações da corrupção impregnada na administração pública brasileira, tristemente generalizada, desafiam a sociedade a calcular o preço da democracia. E a primeira ressalva que se deve fazer é de que a corrupção não é algo inerente à democracia, já que o vício também ocorre nas ditaduras.
O desafio, entretanto, surge quando vemos que as eleições são um dos momentos preferidos para as práticas corruptas. Compra de apoio e votos a partir de articulações com os interesses empresariais. Ou agora, quando vemos que, mesmo fora de um contexto eleitoral, o presidente da República se empenha em “adquirir” o apoio de parlamentares para se preservar no cargo. O preço dos deputados é pago com emendas ao orçamento, ou seja, com dinheiro público.
Essas situações motivam algumas propostas de reforma política que, entretanto, não atuam para de fato solucionar o problema, mas apenas disfarçá-lo. A maior parte dos projetos em discussão no Congresso a esse respeito são retrocessos no sistema político atual. Dentre esses retrocessos, já há quem discuta adiar as eleições de 2018, por falta de entendimento sobre os mecanismos de definição de alianças e financiamento de campanha. Ora, essa solução aposta no pior sentimento da descrença da sociedade nas instituições, que é o desejo de suspender a democracia.
E não poderia haver pior motivo para os políticos discutirem essa possibilidade: o maior entrave, segundo alguns deputados, é a proibição de doações empresariais à campanha. Em princípio, esperamos que essa proibição não seja derrubada pela “reforma” política.
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