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Kevin Espada, morto na Bolívia.

Pense bem: quantas vezes você ouviu alguma notícia positiva associada à expressão “torcida organizada” na sua vida. Quase sempre, o que se sabe delas é que são associadas à violência, à hostilidade, quando não a crimes. Na semana que passou, estiveram associadas também à homofobia.

O fato de estarem usualmente ligadas a esse tipo de atitude, por si só, não justifica que sejam extintas. Poderia ser que esse fosse um estado momentâneo de coisas e que, se houvesse fiscalização nos estádios, ou se houvesse um trabalho de conscientização, sabe-se lá, as coisas melhorassem. Pode ser? Tudo nessa vida pode ser.

Mas o pedido de extinção da Gaviões da Fiel deve ser levado a sério. Deve ser um momento para reflexão sobre o próprio instituto das torcidas. Afinal, para que serve esse tipo de agremiação? Qual o sentido delas? Qual o benefício que elas podem trazer para o esporte? Em décadas, não se ouviu falar que algum time tenha ido para frente em função de suas organizadas.

O que as organizadas conseguiram foi aumentar imensamente o clima de rivalidade, de agressividade dos torcedores. Andando em bando, os integrantes se sentem mais protegidos. Se reúnem não só para torcer, mas para se impor, inclusive fisicamente, aos rivais. Que, de adversários, passam a ser vistos como inimigos.

Não se trata de imaginar que sem as organizadas o futebol seria um esporte totalmente tranquilo, que os estádios virariam salões de beleza. Mas, com elas, o clima é de guerra. O torcedor adversário, quando entra, sabe que está correndo riscos. Ouve gritos de “vai morrer”. Ouve ofensas cantadas em coro que, obviamente, só fazem aumentar o risco de confronto.

O esporte deveria ser (e é) instrumento de desenvolvimento pessoal, de união social, de diversão. Com as organizadas, cada clássico se transforma em uma guerra. Gente apanha nas ruas por usar uma camiseta. Gente como o boliviano Kevin Espada perde a vida. Inocentes são feridos, baleados, e o esporte se transforma em pretexto para crimes e violência.

Num estado democrático, a proibição deve ser exceção. Em teoria, quanto mais liberdade melhor. Mas os agressores da Gaviões da Fiel, que causaram um incidente diplomático, custaram esforços ao governo só para dias depois estar repetindo a dose de violência aqui devem servir de motivo para reflexão. Talvez a proibição desse tipo de instituição faça sentido, afinal de contas.

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