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Raro é o dia em que não me chegue notícia de alguma palestra ou exibição de filme, em algum canto do Brasil, que não tenha sido interrompida por corjas ululantes de neofascistas (que, ironicamente, se dizem antifascistas!) tentando impedir o direito de expressão de quem quer que ouse pensar diferentemente deles. É, para variar, mais uma importação do pior que há nos EUA. A esquerda americana pegou já faz um tempinho essa mania que agora contamina a esquerda brasileira, que segue tão de perto as besteiras da americana que poderia se considerar uma filial dela. Não é difícil, quando as imensas verbas que vêm alimentar a difusão das maluquices do momento das esquerdas de qualquer parte do mundo vêm todas das mesmas corporações multinacionais gigantescas.

Mas o fato é que calar os outros passou a ser considerado coisa boa na esquerda. Isso foi feito com o simples truque de definir como “discurso de ódio” qualquer coisa que difira da sempre cambiante “lacração” do momento da esquerda, exatamente como os soviéticos chamavam de “fascista” quem quer que não fosse comunista e alinhado com eles. Até trotskistas podiam ser chamados fascistas pelos stalinistas soviéticos.

O tal “discurso de ódio”, por definição, seria intolerável e, por isso, deveria suscitar imediatamente o ódio pleno e total do esquerdista. Em outras palavras, uma vez que se determine que, por exemplo, ler alto as palavras de Madre Teresa de Calcutá seria “discurso de ódio”, não só se pode como se deve derramar contra quem as enuncia todo o ódio do mundo. O resultado é o que se vê: caras transformadas pelo ódio, urrando, quebrando coisas, agindo como uma turba selvagem, com o propósito assumido de não deixar falar alguém que pense diferente. Isso é exatamente, precisamente, o que faziam os fascistas na década de 30. Foi assim, aliás, que eles tomaram o poder então: batendo em quem discordava e calando todas as vozes contrárias.

Calar a boca do oponente a pauladas ou gritando mais alto é algo que faria perder a razão até mesmo quem a tivesse. Aliás, é exatamente a isso que se refere a expressão: “tem razão” quem tem raciocínio, quem pensa e argumenta. “Não tem razão” quem substitui a argumentação pela violência, pelos gritos, pela quebração de coisas.

Essa violência estúpida é na verdade o outro lado da moeda da falsa fragilidade que a esquerda tenta pregar como se fosse uma qualidade. Para o esquerdista atual, qualquer “oprimido” – e como gostam de inventar que eles são oprimidos, os esquerdistas! – seria uma florzinha frágil, que sofreria terrivelmente ao ouvir palavras com que não concorda, ou mesmo ao saber que alguém as pronunciou em algum lugar. Assim, a mera existência de um filme sobre um filósofo com que a esquerda não concorde já faz sofrer o esquerdista, já lhe provoca dores atrozes na alma. Se o filme, horror dos horrores, for exibido em um cinema ou – horresco referens – na faculdade em que estuda, é como se uma lança flamejante lhe rasgasse as entranhas. Então, para se livrar desse sofrimento tão inimaginável, o sujeito vai lá quebrar tudo e urrar palavras de ódio, deixando em casa a própria humanidade e a razão. O fato de que nem o filósofo, nem o filme, nem nada daquilo tudo afeta no que quer que seja a vida do esquerdista não interessa: o que lhe provoca horror é a simples existência de algo que esteja fora do seu mundinho particular, do seu pequeno paraíso de lacração.

O mundo, para essas florzinhas frágeis que se transformam no Incrível Hulk como forma de defesa, deve ser transformado pelo murro e pelo berro em um ambiente “tranquilo”, isolado totalmente de opiniões diferentes, em que ele possa viver cercado apenas de pessoas que fumam a mesma quantidade de maconha, que também acham ótimo que rapazes andem de vestidinho, que aprovem o aborto e que detestem a polícia. Essa fantasia totalitária é tremendamente ajudada pelas redes sociais, que, para garantir que a pessoa volte e goste da experiência, fazem o que podem para evitar que se veja nelas o que quer que seja diferente daquilo de que se gosta e em que se acredita. Assim, um estudante universitário de uma faculdade federal de humanas vai viver em uma bolha quase inexpugnável. Com as pessoas normais, do mundo lá fora, ele não se relaciona. A não ser, claro, que passar as compras no caixa do mercado sem dar nem sequer um “bom dia” à moça que o atende seja se relacionar. Na faculdade, ele só vai encontrar aquele mesmo pessoal muito mais familiar com maconha que com a oração do terço, aquela sua galerinha que tem certeza de que, assim como a Dilma ainda é “presidenta” de direito, há mais gêneros nos banheiros que estrelas no céu. Nas redes sociais e nos barzinhos com que gaste o muito tempo livre, a mesma coisa. Daí a facilidade extrema de pintar como monstros todos os diferentes: o sujeito não tem mais noção de que pertence a uma minoria ínfima, e percebe qualquer violação daquela fantasia totalitária em que vive como um ataque vindo de inimigos que ele já julgava vencidos. Um ataque que deve ser debelado a berros e a murros, já que inexplicavelmente as forças policiais não estão cumprindo o papel de KGB que, na sua fantasia, elas deveriam ter. Daí, aliás, o ódio deles à polícia.

Por um lado, para a sociedade isso é bom. O delírio autístico em que se trancam os esquerdistas acaba fazendo com que eles tenham dificuldades extremas em conseguir votos de pessoas normais, por exemplo. O “Lulinha paz e amor” com que o PT conseguiu fazer a população engolir o Sapo Barbudo não engana mais nem a Velhinha de Taubaté, ainda que engane o Luís Fernando Verissimo. Os partidecos de extrema-esquerda, PT inclusive, hoje aparentemente voltaram àquele teto de votos que sempre fez com que eles nunca conseguissem cargos majoritários. O discurso deles é cada vez mais voltado para eles mesmos, ainda que amplificado pela mídia – predominantemente de extrema-esquerda, por beber nas mesmas fontes financeiras internacionais – e refletido infinitamente no mar de espelhos que são as redes sociais. Mas a recusa da esquerda de dialogar, a reação violenta e agressiva com que agora ela responde a qualquer diferença, só faz com que ela se tranque mais e mais no seu canto.

E a cada dia mais e mais gente percebe o absurdo e o horror dos discursos da esquerda. A simples menção a “gêneros” em qualquer projeto de lei em cidades menores, onde há ainda uma participação popular maior na política, faz com que as câmaras de vereadores sejam invadidas pela população querendo acabar com aquela pouca-vergonha e proteger as crianças. Se por um milagre houver esquerdistas suficientes para responder, o que é improvável, eles o farão mandando drag queens para a Câmara, ou alguma outra forma de protesto tão ridiculamente afastada da mentalidade da população que acaba sendo contraproducente, como são contraproducentes as gritarias e quebradeiras que agora eles vêm se especializando em fazer. Do mesmo modo, cada menção da mídia ao Bolsonaro acompanhada dos epítetos com que a esquerda acha que o demoniza – homofóbico etc. – faz com que ele ganhe votos e mais votos de quem toma contato com ele pela primeira vez através de uma reportagem assim. Ainda na mesma nota, protestos a favor do aborto com mulheres feias com os seios de fora borrocados de tinta gritando agressivamente, como selvagens caçadores de cabeça de Bornéu, firma mais ainda a maioria em sua posição contrária a essa forma de assassinato de inocentes.

Não tem jeito: quem perde a razão e se isola não pode estranhar quando se torna impopular e isolado. Azar o deles; quem procura acha.

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