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Manifestantes durante protesto em Caracas/AFP PHOTO / FEDERICO PARRA
Manifestantes durante protesto em Caracas/AFP PHOTO / FEDERICO PARRA| Foto:

Nossa pobre Latino-América, desde os anos Sessenta do século passado, parece mortalmente entretida em uma competição de nonsense criminoso no governo. Primeiro tentativas de tomada do poder, país por país, por grupelhos comunistas a soldo de Moscou e Pequim. Depois as reações militares, e violentos governos anticomunistas. Depois a redemocratização, que no mais das vezes foi uma virada anti-anticomunista em que o que antes era obrigatório passou a ser proibido e vice-versa. E agora, finalmente, o desmanche das “novas” instituições.

O Brasil e a Venezuela são os exemplos dos caminhos possíveis; estávamos na mesma rota, mas quis a Divina Providência que nos livrássemos dos aventureiros de extrema esquerda que ainda assolam nosso vizinho ao Norte. E eis que de lá nos vêm notícias de mortes, de atentados, de loucos armados jogando granadas no STF do alto de um helicóptero roubado da Polícia Técnica, enquanto aqui a questão premente é como lidar com as miríades de acusações e deduragens contra todos os que estão no poder, do Presidento para baixo.

Cá entre nós, prefiro os tribunais e as acusações às granadas e mortes pelas ruas. Creio que saímos de uma rota que a nada de bom poderia conduzir. Mas será que a América Latina sempre precisará de seus ridículos tiranos, de esquerda ou de direita? O que nos leva a não funcionar de maneira tão flagrante?

Diria eu que o problema maior que temos é a inadequação completa das instituições à cultura. Temos uma cultura tremendamente personalista, e instituições que pressupõem uma impersonalidade de níveis suíços. Temos sociedades que se organizam em torno de fenômenos próximos ao indivíduo – das lealdades de regimento e paróquia às familiares – e instituições hipercentralizantes, em que tudo, absolutamente tudo, parece ter que passar por Brasília ou pelo seu equivalente alhures na nossa América; é apenas a sorte que quis que estivéssemos assim, separados em tantos paisecos, em vez de unidos em um ou dois grandalhões.

A sorte grande quem tirou foram os habitantes de paizinhos pequerruchos: aquelas iscas de terra na América Central, bem como o Uruguai, são bem mais tranquilas que os países maiorezinhos, mormente quando amaldiçoados com o dinheiro farto do petróleo, como é o caso da Venezuela ou, pior ainda, da cocaína, como é o caso de alguns outros. Isto é assim porque a distância entre o pago mais distante de Montevidéu e a capital não chega aos pés das distâncias dentro de uma só unidade da federação brasileira, que dirá das que separam as vastidões do Norte e do Sul do Brasil.

Solução para tão complexo problema existe, mas me parece que não virá por bem. Aos poucos, sempre aos poucos, o sistema atual continuará a soçobrar, e aos poucos, sempre aos poucos, algo novo e mais adequado há de se levantar em seu lugar, por toda a vasta terra latino-americana. Enquanto isso continuaremos a ver caudilhos tentando se disfarçar de presidentes e baronetes se fazendo passar por pilotos da Polícia Técnica venezuelana. Que Deus nos dê paciência, muita paciência!

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