Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Causas que Transformam

Causas que Transformam

Uma reflexão sobre como a energia coletiva se torna a ponte entre a consciência e a prática no desenvolvimento sustentável.

Mobilização é suficiente para transformar o mundo?

Ouça este conteúdo

Mobilização carrega, em si, movimento. Vem do latim mobilis (aquilo que pode ser movido) somado a -tion (ação). Mobilizar é mais que reunir: é gerar energia coletiva capaz de sair da inércia e dar novos rumos a uma realidade. No desenvolvimento sustentável, mobilizar pessoas é a base para transformar consciência em prática e consolidar mudanças estruturais. 

Durante décadas, a sustentabilidade foi tema restrito a especialistas, governos e grandes corporações. Mas mudanças profundas só acontecem quando construímos uma consciência coletiva. E quando a coletividade se apropria das ideias e as converte em ação. A mobilização de pessoas é justamente essa ponte entre reflexão e prática, entre diagnósticos técnicos e soluções concretas. 

Muito mais que informar, mobilizar pessoas cria vínculos 

Mobilizar não é apenas informar. É despertar pertencimento, senso de responsabilidade e possibilidade. As pessoas não se movem apenas por consciência racional, mas também por vínculos emocionais, histórias que inspiram e causas que fazem sentido no cotidiano. A consciência é o primeiro passo, mas só se sustenta quando associada a experiências práticas que mostram que cada pessoa pode ser parte da mudança. 

Projetos alinhados ao desenvolvimento sustentável cumprem esse duplo papel: educar e engajar. Quando bem estruturados, transformam informações em vivências. Um mutirão de plantio em uma praça, por exemplo, parece simples, mas tem efeito multiplicador: mobiliza a comunidade, fortalece vínculos, conecta o indivíduo à natureza e traduz, em ato, os princípios dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). 

Os desafios da mobilização na prática 

O grande desafio mora em como usar a mobilização para gerar, de fato, essa consciência e capacitar as pessoas para que o sentimento vire ação? E mais do que isso, se transforme em práticas locais que dialogam com desafios globais. A mobilização comunitária é estratégica: na vizinhança, na escola, na empresa ou na cidade que a agenda global se materializa. É nesse espaço que a pessoa entende que desenvolvimento sustentável não é abstração, mas escolhas cotidianas. 

Importante lembrar que mobilizar é apenas um dos desafios. Depois dele, é preciso gerar conhecimento sobre a realidade local, criar um ambiente propício para práticas mais sustentáveis, conquistar os recursos materiais e pessoais para a ação e, claro, mensurar os resultados. 

Instituto Selo Social e a conexão das agendas para o impacto social 

Um exemplo, é o que vem sendo feito pelo Selo Social, uma iniciativa nacional que conecta empresas, governos e organizações da sociedade civil em torno dos ODS. (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU). Mais do que reconhecer boas práticas, o Selo atua como catalisador de mobilização local: articula atores, cria espaços de diálogo, promove trocas de experiências e reforça que cada projeto, por menor que pareça, contribui para metas globais de justiça social, prosperidade econômica e equilíbrio ambiental.  

O ciclo de trabalho do programa, mobiliza, mas também entrega dados e ferramentas para que os atores locais sejam protagonistas da transformação das suas realidades. 

Esse tipo de trabalho mostra que não há dicotomia entre o local e o global. Pelo contrário: são os esforços locais, quando mobilizados e interligados, que dão corpo às agendas globais.  

A Agenda 2030, com seus 17 Objetivos (e no Brasil também existe o 18º, sobre Igualdade Étnico-racial), só será alcançada se cada comunidade se sentir parte da transformação. O global inspira e orienta, mas o local executa e concretiza. 

No fim, o desenvolvimento sustentável depende menos de boas intenções e mais da capacidade do coletivo executar ações alinhadas às demandas da sociedade, que unam sonho com dados reais.  

Cada vez que uma comunidade se organiza, que um projeto engaja voluntários, que uma rede de atores se articula, damos um passo para transformar agendas em realidades. E é nessa soma de movimentos que o mundo se transforma. 

A coluna Causas que Transformam é mantido pelo Programa Impulso, uma iniciativa do Instituto GRPCOM que oferece apoio às Organizações da Sociedade Civil (OSC) do Terceiro Setor, com foco no aprimoramento da gestão e da comunicação – áreas fundamentais para que essas organizações alcancem seus objetivos e ampliem seu impacto social. Para saber mais e fazer parte, acesse: https://programaimpulso.org.br/.   

Colunista voluntário: 

Fernando Assanti é jornalista, especialista em Economia e Meio Ambiente, e em Gestão de Negócios de Impacto Social e Mestre em Administração. Atualmente é presidente do Instituto Selo Social, organização da sociedade civil com atuação nacional, que trabalha para a territorialização e o avanço da Agenda 2030 no país. 

VEJA TAMBÉM:

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.