Rebecca Hall e Ben Affleck têm uma relação bem complicada em Atração Perigosa.
Há algum tempo rolava uma piada em Hollywood: Matt Damon teria ditado e Ben Affleck digitado o roteiro de Gênio Indomável, que deu aos dois o Oscar de melhor script original. Isso tudo porque Affleck, por anos, só fez porcarias no cinema (Pearl Harbor, O Demolidor) e tinha fama de ser a metade menos talentosa da dupla. Mas isso está mudando.
Atração Perigosa, ridículo título brasileiro do policial The Town, em cartaz desde sexta-feira nos cinemas brasileiros, é um bom filme policial. Segundo longa de Affleck como diretor, tem uma trama envolvente e dá sinais de que o astro hollywoodiano tem futuro como realizador. Tem estilo, dirige bem seus atores e sabe contar uma história.
O filme gira em torno de uma gangue de ladrões mascarados de bancos e carros-fortes, formada por moradores de um bairro da classe trabalhadora de origem irlandesa em Boston. Affleck vive o chefe do grupo, que no início do filme rende os funcionários de uma agência bancária próxima à Universidade de Harvard. Os assaltantes acabam levando como refém a gerente, vivida por Rebecca Hall, de Vicky Cristina Barcelona.
Desse encontro entre os personagens de Affleck e Rebecca, surge a tal atração perigosa que dá título ao filme no Brasil.
Mais do que uma trama bem armada, o filme acerta, assim como Sobre Meninos e Lobos, filme de Clint Eastwood também rodado em Boston, ao mostrar as entranhas do crime organizado em um bairro com fortes cores étnicas e códigos de honra muito perculiares, onde a contravenção é atividade exercida por sucessivas gerações.
Affleck, nascido na cidade, mostra conhecer bem essa geografia, que vai além de mero cenário e ganha vida e complexidade na tela. Prestem atenção em Jeremy Renner, indicado ao Oscar deste ano por seu desempenho em Guerra ao Terror. é dele a melhor atuação, como o mais violento e destemperado da gangue, em um filme envolvente, que não chega a ser espetacular, mas está acima da média.
