

Anne Hathaway em cena do filme “O Casamento de Rachel”
O ótimo O Casamento de Rachel,
exibido com grande repercussão nos festivais de Veneza e de Toronto e na Mostra Internacional de São Paulo, está sendo citado pelas primeiras listas da crítica norte-americana como um dos melhores filmes de 2008. O longa-metragem, uma produção independente e digital, traz de volta o cineasta Jonathan Demme,diretor de O Silêncio dos Inocentes. Entra em cartaz no Brasil no dia 30 de janeiro.
A história gira em torno de Kimmy (Anne Hathaway, em um excelente desempenho, cotado para o Oscar de melhor atriz), jovem dependente de drogas que passa meses em uma clínica de reabilitação, da qual sai para comparecer ao casamento da irmã mais velha, personagem que dá título ao filme.
O retorno de Kimmy à família não é, de forma alguma, um mar de rosas. A jovem carrega a culpa de ter causado a morte do irmão mais novo, Ethan, em um acidente de carro. A tragédia teria sido o estopim do divórcio dos pais. Por conta de tudo isso, culpa e ressentimentos são alguns dos ingredientes do bolo de casamento de Rachel (Rosemarie DeWitt).
Escrito por Jenny Lumet, filha do cineasta Sidney Lumet (de Um Dia de Cão e Rede de Intrigas) e neta da lendária cantora negra Lena Horne, o roteiro traz um pouco da experiência multirracial de sua criadora. Rachel vai se casar com Sidney (seria uma homenagem ao pai da roteirista, que é branco?), um homem negro e que traz sua família e seus amigos, de várias etnias, para a grande festa, que já começa com os ensaios da véspera da cerimônia.
Talvez o aspecto mais interessante do filme, além do solidamente construído dilema existencial da protagonista e de sua família, seja apresentar ao mundo uma outra realidade norte-americana que não seja a da divisão racial, da separação entre republicanos conservadores e democratas liberais.
A obra de Demme sempre contemplou esse mundo mais urbano e com menos cercas divisórias tanto no âmbito social quanto cultural. E O Casamento de Rachel faz desse elemento uma mensagem política importante em um momento-chave na história dos EUA: a eleição do democrata Barack Obama.
O filme, além de confirmar o talento dramático de Anne Hathaway, já mostrado no excelente O Segredo de Brokeback Mountain, também traz de volta Debra Winger, atriz de Laços de Ternura e A Força do Destino, que está brilhante como a mãe de Kim, uma mulher marcada pela tragédia, que se defende da dor, mantendo-se afastada física e emocionalmente das filhas e do ex-marido.



